Antes uma pequena explicação:
A IFAB ou International Football Association Board, não é um órgão da FIFA, muito pelo contrario, a FIFA adotou as regras estabelecidas pela IFAB e, posteriormente foi convidada a fazer parte da entidade.
A International Board foi fundada em 6 de dezembro de 1882, portanto, existe há 128 anos e sua existência se deve a necessidade que os britânicos tinham de regulamentar o novo esporte criado por eles...
Vale lembrar, que em 1882, ninguém jogava futebol em lugar nenhum do planeta, não havia nenhuma federação ou confederação e times, só existiam nas ilhas britânicas...
Então, não valem argumentos do tipo: “esses malditos ingleses imperialistas, criaram essas regras só para prejudicar as nações mais pobres e impedir o seu desenvolvimento”.
O primeiro encontro ocorreu em Manchester e dele, participaram a The Football Association, representando a Inglaterra, a The Scottish Football Association, representando a Escócia, a Footbal Association of Wales, representando o País de Gales e a Irish Football Association, que a época, representava a Irlanda como um todo, mas, mais tarde, após a separação da Irlanda do Sul ou Eire, passou a representar a Irlanda do Norte ou o Ulster.
Nesse encontro os países participantes definiram as regras que seriam adotadas nos confrontos entre os times dos quatro países, que a IFAB fosse o fórum permanente de regulamentação do futebol na Grã Bretanha e na Irlanda e também, formalizaram a Home Championship (Copa da Britânica), torneio que reúne as quatro seleções do reino unido.
A FIFA nasceu em 1904 e adotou as regras estabelecidas pela IFAB, mas somente em 1913 foi admitida como membro da IFAB.
No ano de 1958, o conselho de administração da IFAB definiu o sistema de votação entre as associações britânicas e a FIFA.
A FIFA passou a contar com 4 representantes, enquanto os britânicos mantiveram o mesmo numero de representantes.
Sendo assim, ficou decidido também, que uma proposta para ser aprovada precisa contar com no mínimo seis votos favoráveis.
Essa explicação serve para acabar com essa bobagem dita por muitos que a International Board é o local onde “os velinhos da FIFA” tomam as decisões.
A IFAB, não é um local onde um grupo de veneráveis senhores idosos se reúnem e depois de muito pigarrear, tossir, ajustar aparelhos auditivos, verificar marca passo, solicitar oxigênio extra para suas enfermeiras, ingerir um monte pílulas e ficar sob constante monitoramento cardíaco, iniciam longos e tediosos debates sobre as regras que regem o futebol no mundo.
Ao contrário, são executivos das quatro federações britânicas e quatro membros da FIFA – tudo bem que não tenham 25 ou 30 anos como muitos gostariam, mas também não são octogenários ou nonagenários às portas da morte, como apregoam alguns.
Mas vamos ao que interessa:
Hoje, a IFAB se reuniu pela centésima vigésima quarta vez em sua história e botou uma pá de cal nas experiências tecnológicas feitas para auxiliar a arbitragem.
Não serão utilizadas as “bolas inteligentes” – bolas com microchips que serviriam para decidir se uma bola ultrapassou ou não a linha do gol – e, também não serão usados nenhum recurso de vídeo para sanar dúvidas.
Ao término da reunião, Jérôme Valcke declarou: “É o fim do potencial uso de tecnologia dentro do futebol. A tecnologia não deve entrar no jogo como ficou bem claro. O elemento humano do futebol é o componente crítico dele. Esta é a beleza do jogo e o que mantém as conversas das pessoas nos bares”.
Perguntado sobre as “bolas inteligentes”, Valcke disse: “Se começar usar tecnologia na linha do gol, então qualquer espaço no gramado será um lugar em potencial para se usar o vídeo. Também estamos tentando evitar muitas maneiras de se interromper uma partida”.
Mas em minha opinião a melhor justificativa partiu de Patrick Nelson, representante da Irlanda do Norte que disse: “o futebol é o único esporte que pode ser recriado, pois quando as dúvidas surgem, as pessoas passam dias, meses e até anos, discutido o assunto, recriado aquele jogo em seu imaginário. Essa é a beleza do futebol”.
Do blog:
Sempre fui contra ao uso de tecnologia, pois também, sempre concordei que os erros, as dúvidas e as falhas humanas é que impulsionam o futebol e sua paixão.
A idéia de se usar tecnologia no futebol ganhou força, depois que os Estados Unidos passaram a ser um membro importante da comunidade futebolística...
Foram eles que na tentativa de “americanizar o futebol” e torná-lo mais palatável a cultura americana, lançaram os primeiros “balões de ensaio” sobre o uso de tecnologia, infelizmente engolidos por muita gente boa.
Nunca morei nos Estados Unidos, mas sou capaz de apostar que ninguém, discute o Futebol Americano, o Basquetebol, o Basebol ou qualquer outro esporte lá praticado, com tanta paixão e às vezes com tanto besteirol como nós, os europeus e etc.