Por OLIVER SEITZ
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A tradição do futebol brasileiro superada pela estratégia da MLS
Nessa semana, o Brasil jogou contra os Estados Unidos e todo mundo tratou o evento como se fosse o país que mais sabe de futebol no mundo contra o país que menos sabe o que é futebol no mundo.
Justo, diga-se, dado o estereótipo cultivado da aversão natural existente entre americanos e futebol jogado com os pés.
Comentários sugeriam o desconhecimento generalizado das regras pelo público e o ar de excentricidade que o esporte trazia para a terra do tio Sam.
Mas ninguém parou pra analisar de fato o crescente mercado de futebol nos Estados Unidos.
Mais importante, ninguém parou pra pensar que o futebol nos Estados Unidos pode ser considerado maior que o futebol no Brasil.
Pensamento excêntrico, não?
Normalmente, sim.
Mas analisando dados, não.
E memorize bem os números que você vai ver a seguir porque eles podem mudar pra sempre o jeito que você vê o futebol nos Estados Unidos e, possivelmente, no Brasil.
Em 2010, a média de público do Campeonato Brasileiro, de acordo com a CBF, é de 13.351 pessoas por jogo.
Na MLS, também em 2010, a média de público por jogo é de 16.143 torcedores por jogo, 2.792 (21%) torcedores a mais por jogo do que no Brasil.
A média de público do Seattle Sounder, clube recém-criado, é de 36.154 torcedores por jogo, 11.247 (45%) a mais do que a média de público do Corinthians e mais do que o dobro da média do Internacional no Brasileirão desse ano.
O Seattle Sounders leva por jogo praticamente a mesma coisa que o público somado de Atlético Mineiro, Palmeiras e São Paulo e apenas 569 torcedores a menos do que Santos, Atlético Goianiense, Avaí, Guarani e Grêmio Prudente juntos.
E isso é assustador.
Alguém pode dizer que isso é decorrente da boa campanha dos EUA na Copa de 2010.
Justo, mas superficial.
Nos últimos cinco anos, a média de público do Brasileirão foi de 15.739 torcedores por jogo.
Da MLS foi 15.996 torcedores por jogo, 227 torcedores por jogo a mais do que no Brasil.
A MLS vem se desenvolvendo aos poucos e de maneira bastante planejada.
Atualmente, conta com 16 times.
Até 2012, terá 19.
Tudo programado, tudo bem estudado e tudo com muita, muita calma.
Sem passos maiores do que a perna.
Tirando um ou outro jogador, os salários e os valores de transferências são bastante inferiores, mantendo a operação financeira viável e, principalmente, estável.
Devagar e sempre.
Na última terça, ficou claro que a seleção americana tem muito que aprender com a seleção brasileira.
Mas o campeonato brasileiro tem muito mais a aprender com o campeonato americano.
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