Charge: Mário Alberto
Dunga é novo treinador da seleção
brasileira...
Novo?
Bem, o mais novo...
Ele chegou menos pesado,
menos ranzinza, menos amargo.
Chegou para mudar?
Não.
Chegou para ser o escudo da
cartolagem...
Para fazer o papel de para-raios.
Hoje, no Brasil...
Nem Dunga e nem ninguém, tem tal
perfil.
As mudanças necessárias e urgentes vão além da
seleção...
Mudar significa demolir a
estrutura de poder que vigora...
Significa romper com o atraso.
Não duvido que Dunga consiga
montar uma boa equipe...
Apesar dos pesares, ainda
produzimos talentos...
Não tantos quanto antes, mas
produzimos.
Dunga não veio, repito, para
mudar nada...
Veio para tentar ganhar a Copa
América, montar um time competitivo para as eliminatórias e nos manter nessa letárgica
discussão, onde as consequências ganham muito mais destaque que as causas.
É nas causas que vamos
encontrar o que nos aflige...
Investir em novos talentos é um caminho.
Se faz urgente rever a
legislação...
Os direitos dos jogadores devem
ser preservados, mas os clubes precisam de garantias mínimas ao investir nas
futuras gerações.
Há que se criar um geração de
atletas mais conscientes em relação ao esporte que praticam...
No futebol não tem mais lugar
para imaturos...
Boleiros infantilizados em busca
dos holofotes...
O futebol de hoje, exige
comprometimento, exige uma postura adulta e não um comportamento de celebridade
de segunda categoria...
É chegada a hora do profissional.
O mesmo serve para os
treinadores...
Chega de prima donas autoritárias
e cheias de esquemas.
Os treinadores precisam entender
o seu papel...
Precisam se transformar em “professores”
de verdade...
O treinador em última instância é
o maestro que conduz a orquestra e que garante o bom espetáculo.
Aos dirigentes, cabe uma gestão
mais realista...
Cabe ter a coragem para dizer com
todas as letras: isso é possível, isso não é possível.
Dirigir é estar pronto para dizer
não, quando o não se fizer necessário...
É defender de forma intransigente
o hoje, para que se possa ter um amanhã.
Enfim, o Dunga não fará nada além
de ser a vidraça que vai suportar as pedras e catar os estilhaços afim de
evitar que quem manda saia ferido.