quarta-feira, março 04, 2015

Afinal, o que o futebol brasileiro quer



Os urubus no nosso quintal

Por Paulo Calçade

Para o jornal o Estado de São Paulo

No tempo em que as novidades demoravam a chegar por aqui, ninguém precisava se preocupar com o que Real Madrid ou Milan faziam na Europa. 

As potências do futebol não competiam com os times brasileiros. 

Estavam tão longe que a distância bastava para proteger os gigantes erguidos em nosso quintal de qualquer tipo de ataque.

Nosso esporte sempre funcionou na banguela, movido pela força da gravidade e pela administração amadora dos cartolas. 

Era o suficiente para competir e sobreviver. 

Pouco importava se havia algum ponto de intersecção com o resto do planeta. 

Primeiro exportou-se o estilo, depois o artista, hoje é normal encontrar jogadores da seleção brasileira jogando no robusto mercado chinês. 

Vale apenas pelo dinheiro, tecnicamente a troca é insignificante. 

Agora nossos “craques” abastecem a periferia do futebol mundial. 

Será que ninguém se pergunta o que isso significa? 

Seria um movimento natural?

O que se vê, incluindo o 7 a 1 da Copa do Mundo, é um pedido de socorro já com o naufrágio em curso. 

É impossível entender porque os dirigentes não se mexem para importar boas ideias. 

A maioria frequenta regularmente as ligas organizadas, sabe muito bem como as coisas funcionam. 

Então não custa fazer aquela perguntinha clássica da coluna: a quem interessa o caos nosso de cada dia?

A semana começa com dois vetores de mudança. 

Um está na Câmara dos Deputados, propensa a aprovar uma versão da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte sem as devidas e necessárias contrapartidas dos clubes, o outro virá do forno da Casa Civil, que costura Medida Provisória mais abrangente, favorável ao País e ao futebol.

A tarefa do governo é tentar convencer os parlamentares a emplacar um projeto mais duradouro e moderno, que faça realmente valer a pena renegociar uma dívida próxima dos R$ 4 bilhões. 

O cenário político e as características desse Congresso não animam, mas quem garante que a lógica não possa ser contrariada.

Do jeito que está, A LRFE vai ser apenas um remendo. 

Nossas raízes nos levam a crer que o futebol jogado por aqui é indestrutível. 

Se vaidades forem deixadas de lado para a construção de um compromisso de regulação do setor, uma nova e surpreendente perspectiva será aberta para esta importante atividade econômica e cultural do Brasil.

Mercados frágeis e desregulados como o nosso estão sob intenso ataque. 

É fato que clubes como o Barcelona, por exemplo, não contentes em apenas levar nossos jogadores, inclusive os meninos, agora fisgam também verbas do mercado publicitário nacional, que poderiam muito bem ficar por aqui. 

É o que ensina quem já aprendeu a disputar o jogo globalizado. 

Sem a expansão como negócio, para que seja possível diminuir a desigualdade e ampliar a responsabilidade, vai ficar tudo como está. 

Não é apenas uma lei que vai tornar um clube brasileiro capaz de competir mundialmente. 

Mas é o ponto de partida. 

Provavelmente o embate político não tenha sensibilidade para perceber a delicadeza da situação. 

A realidade pede esforço e coragem para solucionar a crise administrativa e sua consequência técnica, que nós tão bem conhecemos. 

Na dúvida, assista aos moribundos campeonatos estaduais, incapazes de preencher as necessidades de clubes grandes e de pequenos. 

Ricardo Goulart foi negociado com o Guangzhou Evergrande e Diego Tardelli, também da seleção de Dunga, foi parar no Shandong Luneng. 

Jadson só não virou chinês porque não aceitou o Jiangsu Sainty, oitavo colocado do campeonato do ano passado.

Choramos nossa insignificância ou trabalhamos por uma nova regulamentação, para crescer e expulsar os urubus do quintal? 

A resposta está com nossos parlamentares.

terça-feira, março 03, 2015

Dois times uma torcida... Cada um com a sua preferência. Cada um com a sua camiseta. Todos empunhando a bandeira da paz.


Obrigado Rio Grande do Sul pela ousadia e pelo exemplo...




 Imagem: Autor Desconhecido


É possível um jogo de futebol sem torcidas separadas?

Sim, é.

Para isso, basta que os dirigentes tenham vontade e que a polícia não se exima.

Internacional e Grêmio, rivais aparentemente inconciliáveis, mostraram que quando se quer, se faz e, a Brigada Militar do Rio Grande do Sul, não colocou nenhum empecilho...

Pelo contrário...

Apoiou e disse ser capaz de garantir a tranquilidade.

A Brigada Militar não jogou conversa fora...

Garantiu a paz de quem queria paz.

Aconteceram problemas?

Sim, aconteceram...

Mas aconteceram exatamente onde era de se esperar que acontecesse...

No meio das organizadas ou, como prefiro chamar, das quadrilhas.

O Juizado Especial Criminal registrou 11 ocorrências na partida; 12 pessoas foram presas... 

Fora do estádio, no caminho para o estádio Beira-Rio, as organizadas dos dois times entraram em confronto... 

Parte da torcida do Grêmio atacou policiais com pedras, que também atingiram veículos da imprensa, parados no estacionamento da arena.

No novo estádio Beira-Rio, cadeiras foram destruídas, assim como os banheiros para os visitantes, que tiveram vasos sanitários arrancados... 

Além disso, algumas câmeras de segurança foram danificadas.

A parte ruim, não me assusta...

Procure entre os torcedores organizados, carteiras de trabalho...

Se forem encontradas 5 ou 10...

Aleluia!

Torcedores organizados e traficantes pé de chinelo, não tem um pau para dar num gato e, a maioria, sequer possui o gato...

Mas tem quem os financie...

E quem os financia jamais será investigado...

Por que?

O crime, o caos e a desordem dão lucro.

Max Kruse tinha chance de criar uma boa jogada de contra ataque para o Borussia Möenchengladbach... Parou para que um adversário fosse atendido... a torcida não vaiou, aplaudiu.

Jack Jones: 107 anos de idade... 95 torcendo por seu clube.



Torcer por 95 anos...

Esse é o tempo que Jack Jones, ex-caminhoneiro e metalúrgico está ao lado de seu clube, o West Bromwich Albion FC, da cidade do West Bromwich, localizada na região de West Midlands, Inglaterra.

A paixão começou em 1920, quando Jack Jones, aos 12 anos, viu pela primeira vez uma partida do clube que arrebataria seu coração...

No último fim de semana, O West Bromwich Albion proporcionou a Jack Jones seu dia de sonho...

Numa cadeira de rodas, cercado de toda atenção, o velho torcedor foi recebido como um VIP no Estádio Hawthorns. 

Jack Jones recebeu uma camisa personalizada com o seu nome e número 107 às costas e uma bola autografada por todos os jogadores da equipe...

Mais tarde, recebeu a visita Darren Fletcher, capitão do West Bromwich, e de Tony Brown, um dos maiores nomes da história.

Emocionado, o senhorzinho, chorou diante de Tony Brown, seu grande ídolo e num gesto de grandeza, doou a bola autografada para que ela seja leiloada e o dinheiro se reverta em fundos para casa de repouso onde reside...

Perguntado sobre sua longevidade, Jack Jones respondeu:

“O trabalho duro e o gosto elas minhas paixões explicam minha longevidade. Se você faz o que gosta, por que se aborrecer? Você precisa se manter ativo através do trabalho duro.”

Mais britânico, impossível.

No último ano, o veterano já tinha recebido a visita de alguns jogadores do time, ganhando uma camisa com o número 106 e uma caixa de sua cerveja favorita.

Texto: Fernando Amaral com base na matéria do site Trivela.
 

1,2,3 e, já...

Imagem: GYI/Mike Hewitt