Os repórteres, Leonardo Erys e
Luan Xavier do Novo Jornal, desmontam o que a direção do ABC tentou montar...
"Era Rubens" gera dívida de R$ 4 milhões ao ABC
Por Leonardo Erys e Luan Xavier
Para o Novo Jornal
Além das parcelas pagas
mensalmente, a gestão Rubens Guilherme Dantas no ABC já conseguiu perder – pelo
menos – R$ 4 milhões para ex-jogadores que acionaram o clube na Justiça do
Trabalho desde que ele se tornou presidente.
O valor é relativo aos processos
que já estão em “transitados em julgado”, ou seja, não cabem mais recursos ou
acordos das partes envolvidas.
O levantamento foi apresentado na
reunião mais recente do Conselho Deliberativo do clube para os dirigentes da
atual gestão do Alvinegro, hoje encabeçada pelo deputado federal Rogério
Marinho.
As ações trabalhistas são
referentes a 15 jogadores que passaram pelo CT Alberi Ferreira de Matos desde
2010.
Com o valor, a partir deste
momento, imutável, a Justiça decidirá no próximo passo do processo as formas –
e o tempo estipulado - de pagamento.
Quando negociou suas dívidas com
os atletas através da Central de Apoio à Execução das Varas de Trabalho da
Capital (Caex), a direção do Alvinegro queria evitar ter suas contas bloqueadas
ou até bens penhorados pela Justiça.
A situação, dessa vez, é mais
delicada, já que não estão descartadas esse tipo de operação.
Em 2014, inclusive, o ex-zagueiro
Ben-Hur, conseguiu uma medida desse tipo, quando bloqueou cerca de 500 mil que
o ABC teria direito a receber por contrato com a Arena das Dunas.
Entre todos os atletas a receber
neste momento, o maior valor devido pelo clube é para o atacante Washington: R$
900 mil.
O caso do atleta, inclusive, é o
mais emblemático da atual gestão do Alvinegro.
Ex-jogador de Palmeiras, Ceará e
Portuguesa, o atacante foi contratado pelo clube em janeiro de 2012 como
principal reforço da temporada.
O contrato dele valeria até o
final de 2014, apesar dos 33 anos de idade.
Sete meses depois, no entanto,
foi dispensado pela diretoria depois de já ter sido afastado do elenco
principal.
Um dia depois de ter sua saída
anunciada, inclusive, ele chegou a ser barrado no CT quando foi buscar o
material de trabalho.
O volante Makelele, que acumula
duas passagens pelo Alvinegro, tem um valor a receber estipulado em R$550 mil,
a segunda maior dívida.
Outro caso emblemático é o do
zagueiro Flávio Boaventura, autor do gol do título Estadual deste ano em cima
do Alvinegro e que atualmente defende as cores do América.
O clube deve ao jogador R$ 300
mil.
As dívidas não são relativas
apenas a jogadores que passaram pelo Alvinegro.
O atacante Romarinho, atualmente
titular da equipe de Sérgio China, está emprestado pelo Globo de Ceará Mirim ao
clube da Rota Sol.
Ele, criado nas categorias de
base do Elefante, tem a receber do clube o montante de R$ 100 mil.
Jogadores vão pedir penhora de bens e bloqueio de renda
O chamado Ato Trabalhista,
acordo que centraliza em uma conta
judicial os pagamentos do clube para diversos credores, ainda gera dúvida e
polêmica entre dirigentes, conselheiros e torcedores abecedistas.
Isso porque o que o clube
conseguiu em junho deste ano foi negociar as dívidas que tinha com um grupo de
atletas.
A esse grupo – formado por Bem
Hur, Murilo, Carlinhos Santos, Basílio e Ricardo Oliveira – o clube paga por
mês um total de aproximadamente R$ 70 mil.
Todavia, outros jogadores que
também têm a receber valores do Alvinegro venceram suas batalhas judiciais
contra o clube e, agora, querem ver a cor do dinheiro que lhe é de direito.
São pelo menos 15, todos
defendidos pelo advogado Felipe Augusto, que também é presidente do Sindicato
dos Atletas de Futebol Profissional do Rio Grande do Norte (Safern).
Ele explica que o Ato Trabalhista
foi uma iniciativa do ABC para honrar seus compromissos, todavia que ele não
abarca novas dívidas decretadas pela Justiça do Trabalho.
“O ABC se propôs a pagar esse valor mensalmente, mas não há decisão
nenhuma que atraia o exequentes para isso. Nós (a defesa) jamais fomos chamados
para dizer se aceitamos ou não esse acordo”, explica Felipe. “A Justiça não fixou
esse valor em R$ 70 mil. O ABC foi que se propôs a pagar isso, mas os
reclamantes jamais foram consultados”, completa.
Ele diz ainda que, ao contrário
do que prega a diretoria do ABC, que nega a existência de uma dívida milionário
em virtude de os processos “ainda estarem sendo julgados”, a dívida dos R$ 4
milhões é algo consolidado – e que vai para execução em breve.
“Esse cálculo o clube não pode mais discutir”, diz Felipe, que diz
ainda que “a conta pode subir”, já
que alguns jogadores continuam a recorrer. “Não
tem como esses valores caírem, mas os jogadores ainda podem recorrer para
buscar seus direitos”, afirma.
Também ao contrário do que
comemora a diretoria, que afirma não ser possível ver o patrimônio do clube
sendo comprometido em virtude das dívidas, Felipe Augusto reitera que,
legalmente, o acordo conseguido em junho desse ano não desobriga o Alvinegro de
ser penalizado pelas novas dívidas que surgem quase que mensalmente na Rota do
Sol.
“A defesa pode pedir – e já está pedindo – a penhora de imóveis do
clube e o bloqueio das rendas dos jogos do ABC”, dispara.
Segundo o advogado, o que o Ato
Trabalhista faz é gerenciar esses mecanismos para que, por exemplo, um mesmo
bem (o estádio, por exemplo) não seja penhorado para dois ou mais fins
diferentes.
Atualização do Portal SAFERN
Da redação SAFERN
O atacante Washington(foto) disse
ao portal sobre a matéria: “uma pena que
o clube esteja nesta situação pois fiz de tudo para resolver mas preferiram me
desvalorizar, me demitiram sem qualquer indenização, apesar de estar com 3
meses de salários atrasados e 2 anos de contrato para cumprir. O ABC é eterno e
certamente irá retomar seu caminho de glórias com dirigentes responsáveis. É o
que espero”, finalizou o famoso atacante.
Especialistas jurídicos
consultados pelo portal garantem que entre dívidas em cumprimento de acordo,
dívidas transitadas em julgado e processos em fase de instrução processual, o
montante é 10 milhões de reais.
Do blog:
Conversando com uma fonte, fui
informado que o valor real é de 12 milhões.