Pouca receita para muita dívida –
o Botafogo tem a pior situação financeira do futebol
Para simplificar a relação entre
faturamento e endividamento, ÉPOCA calculou quantos anos os clubes levariam
para zerar suas pendências.
O alvinegro precisaria de 36
Rodrigo Capelo
O Botafogo tem a pior condição
financeira entre os principais times de futebol do Brasil.
Tem, por um lado, menos receita
do que vários adversários na primeira divisão, o que tira dele a capacidade de
contratar os mesmos atletas.
Por outro, acumulou ao longo de
sua história a maior dívida do país.
A relação entre os dois dados,
faturamento e endividamento, torna o futuro botafoguense sombrio.
ÉPOCA levantou as receitas dos
clubes que disputaram a primeira divisão em 2015 e do Botafogo, que jogou a
Série B e chama a atenção pelo caos financeiro.
Do faturamento bruto,
desconsideramos receitas com transferências de atletas por serem valores que
variam muito de uma temporada para outra.
O mesmo time pode conseguir R$
100 milhões com jogadores vendidos num ano e zero, nada, noutro.
É assim que se analisam as
finanças de clubes na Europa.
Os números e os critérios
relacionados a endividamento são do Itaú BBA, cuja equipe, liderada por Cesar
Grafietti, analisa o futebol.
Se na reportagem publicada por
ÉPOCA na quinta-feira (2) o intuito era detalhar as dívidas de cada clube da
elite, entre valores devidos a bancos, governo e operacionais (de curto prazo),
o intuito aqui é relacionar o endividamento com a receita.
Nem toda dívida é ruim.
Toda empresa tem.
Basta que o credor tenha dinheiro
para pagá-la.
Para que fique claro para o
torcedor a gravidade da dívida de cada clube, ÉPOCA bolou o seguinte parâmetro.
Se seu time de futebol reservasse
20% do faturamento – sem considerar valores de transferências de atletas –
apenas para pagar o endividamento, em quanto tempo ele conseguiria zerá-lo?
As respostas para a pergunta
deixam clara a diferença entre um Botafogo, que precisaria de 36 anos, e um
Palmeiras, que em três anos zeraria seu endividamento.
O Atlético-PR é o único que
merece um asterisco: entra no balanço financeiro do clube a dívida feita para a
reforma da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014.
Corinthians e Internacional
adotaram outros modelos para Arena Corinthians e Beira-Rio, respectivamente, e
essas dívidas são computadas nos balanços dos estádios.
Não leve o resultado ao pé da
letra.
Não quer dizer que o Botafogo vá
levar literalmente 36 anos para pagar suas dívidas nem que o Palmeiras vá fazer
o mesmo em três.
Até porque as dívidas continuam a
subir no caso de clubes que convivem com déficits e também porque nada garante
que um time vá mesmo poupar 20% em vez de mais ou menos para pagar dívidas.
Esse é apenas um parâmetro
simples para determinar o tamanho do problema.
Um problema que, para o Botafogo,
é praticamente impagável.