segunda-feira, setembro 05, 2016

Objeto do desejo...

Imagem: Laszlo Balogh/Reuters

Você faria?

De olho na bola defendida...

Imagem: Patrick Hertzog/AFP/Getty Images

Da guerra contra as FARC para a paraolimpíada...

Do UOL, em São Paulo

No dia 12 de março de 2012, o capitão Diego Cuesta comandava um pelotão de 17 pessoas em uma investida contra a coluna Teófilo Ferreira, uma tropa de elite das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), quando chegou em um campo minado no meio da selva.

Seus soldados não estavam preocupados: sua unidade era a única da Brigada Móvel, responsável por aquela ofensiva, que não tinha perdido nenhum homem em combate por causa de bombas terrestres.

O problema é que sempre existe uma primeira vez.

Capitão Diego, do Corpo de Engenheiros do Exército Colombiano e especialista em explosivos, iniciou o procedimento padrão.

Isolou a área, conseguiu dar três passos.

Mas no quarto, moveu a estrutura que mantinha a bomba armada.

O explosivo foi acionado.

“Naquele momento, você tem a sensação que está deixando o seu corpo. Você morre, volta, morre novamente. A única explicação para que eu continue aqui é que Deus definiu que não era a minha hora”, contou Cuesta para a revista militar Diálogos América.

O acidente pode ter poupado sua vida. Mas o corpo sofreu os efeitos da explosão.
Seu rosto foi desfigurado e ele precisou de uma operação de sete horas, com uma cirurgiã ucraniana especialista em lesões oculares, para não perder os olhos.

Hoje, tem apenas 40% da visão.

Foi justamente a explosão que colocou o militar na rota dos Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro, que começam na próxima quarta-feira (7). Não porque ele se feriu.

Mas porque o esporte foi o caminho que encontrou para sua reinserção à sociedade.

Diego Cuesta sempre foi nadador e resolveu apostar no esporte.

Três meses depois de sua primeira competição paraolímpica, foi convocado para defender a Colômbia em um evento internacional.

Em 2015, pouco mais de três anos depois, ele foi aos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, no Canadá, levou três medalhas, duas delas de ouro, e se tornou o primeiro militar vítima da Guerra contra a Farc na Colômbia a se classificar para uma Paraolimpíada.

Dois soldados nos Jogos do Rio Fabio Torres, cabo do exército, foi o segundo.

Há 15 anos, estava fazendo reconhecimento em uma área de selva quando pisou no artefato explosivo – este da ELN (Exército de Liberação Nacional), outro grupo guerrilheiro do país.

Sofreu uma amputação na perna esquerda, abaixo do joelho.

Na Rio-2016, vai participar das provas de halterofilismo.

A Colômbia vem ao Rio de Janeiro com 39 atletas.

Os dois são os únicos militares.

Pode parecer pouco.

Mas na delegação do Brasil, com 287 atletas, nenhum é militar de carreira.

A chave para isso é a guerra de mais de 50 anos contra os grupos paramilitares na Colômbia.

O conflito começou nos anos 60, quando surgiram as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o ELN (Exército de Libertação Nacional).

Aos poucos, a guerrilha passou a sequestrar personalidades políticas e cometer atentados.

Nos últimos anos, usou o tráfico de drogas para financiar suas ações.

Estima-se que o conflito tenha matado cerca de 250 mil pessoas.

Além disso, mais de 8 milhões tiveram de sair de áreas de conflito, por causa da violência.

O número de feridos, porém, nunca foi contado.

Fontes oficiais, por exemplo, falam em 6921 militares mortos ou mutilados somente em acidentes com minas terrestres.

Cuesta e Torres são dois dos mais de 5000 membros das Forças Armadas que participam de programas de reintegração.

Desses, 300 fazem parte de projetos esportivos.

67% dos deficientes colombianos são militares.

Algumas das estatísticas mais tristes do conflito envolvem justamente os mutilados.

Segundo a Coporación Matamorros, uma entidade privada que trabalha em reinserção social com as Forças Armadas colombianas, 67% das pessoas com deficiência física causadas por acidente do país fizeram parte de forças de segurança.

Atualmente, o programa esportivo do Exército tem investimento cada vez mais alto nos centros de reabilitação com foco esportivo.

Além disso, desde 2014 existe uma política oficial do governo colombiano para isso – desde então, cerca de 41 milhões de dólares já foram investidos no setor.

O objetivo é que, nos próximos Jogos Paraolímpicos, até 50% da delegação colombiana venha desses investimentos.

No último dia 24, o atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou um acordo de paz com as Farc que pode levar ao fim do conflito armado – para isso, será preciso que a população diga sim ao texto do pacto em um plebiscito marcado para o dia 2 de outubro.

Entre os termos aceitos pelas Farc para depor as armas estão a realização de reforma agrária e dois temas polêmicos, a criação de um tribunal especial para julgar os guerrilheiros e vagas garantidas no parlamento para membros do grupo.

domingo, setembro 04, 2016

Ok... aí vem elas.

Imagem: Hussien Malla/AP

América joga contra o Cuiabá e define se vai ou não continuar a lutar pela classificação...

Às 4 horas da tarde o América vai para mais um tudo ou nada...

Tem sido assim o tempo todo nesses dias de 2016.

A partida contra o Cuiabá define...

Vencer significa manter a esperança de ir mais longe na Série C, o empate ou a derrota, selam o fim de 2016 ainda em setembro.

Infelizmente, há ainda outros fatores...

O Remo, em Belém, não pode vencer...

ASA e Fortaleza, só deixam uma opção, o empate e Botafogo e Confiança, a saída é esperar que o alvinegro pessoense, perca dos sergipanos.

Portanto, nenhum americano poderá dizer que seu domingo será monótono e desinteressante...

Muito pelo contrário, o domingo rubro, será nervoso, angustiante e emocionante.

A luta pelo vento...

Imagem: Gregorio Borgia

Treinadores discutem o fim da prorrogação na Europa...

Em encontro de técnicos, Uefa discute o fim da prorrogação nas competições continentais

Por Leandro Stein

Enquanto as seleções europeias dão o pontapé inicial nas Eliminatórias da Copa de 2018, os técnicos dos principais clubes do continente se reúnem na Suíça.

A Uefa organiza em Nyon o seu fórum anual de treinadores, incluindo as presenças de profissionais como Carlo Ancelotti, José Mourinho, Zinedine Zidane e Massimiliano Allegri.

E, entre as discussões do evento, está a abolição das prorrogações nas copas europeias.

Assim como acontece na Libertadores, os jogos iriam diretamente aos pênaltis, em caso de dois resultados iguais.

Uma ideia que ganha força na voz de gente importante, como Sir Alex Ferguson.

“Eu não penso que nós gostamos de ver os jogadores exaustos em uma prorrogação. Quando os 90 minutos acabam, sempre tenho a sensação de que o jogo vai para os pênaltis. Vocês viram a última final da Champions, os jogadores andando em campo… assim é inevitável que o jogo siga para os pênaltis, então a questão é: como podemos melhorar isso?”, declarou o antigo técnico do Manchester United, que também é presidente do fórum.

A Uefa não descarta que o debate possa ir para frente e resultar em uma mudança na regulamentação dos torneios.

“Alguns treinadores disseram que os jogos podem ir diretamente aos pênaltis. Outros acham que isso pode ser uma vantagem às equipes menores, que se defendem mais. Algo muito claro é que, hoje em dia, os jogadores fazem muitas partidas e levantamos a questão para saber se ainda vale a pena ter prorrogações”, apontou Ioan Lupescu, diretor técnico da Uefa.

Uma alternativa para a questão é aumentar o número de substituições no tempo extra, na tentativa de diminuir os efeitos da fadiga no ritmo da partida.

Outro tema em pauta nesta sexta durante o encontro foi a regra dos gols fora de casa.

Na Uefa, ainda causa controvérsia o fato de que o gol qualificado se mantenha no tempo extra.

Caso cada time marque um gol na prorrogação, a classificação fica com o visitante.

Regra que merece ao menos uma revisão dos dirigentes europeus.

Força...

Imagem: Franck Fife/AFP/Getty Images

O Futebol alemão e a obsessão pelas categorias de base...

Especial Futebol Alemão: base vira obsessão antes do tetra

Nos últimos 15 anos, clubes investiram € 1 bilhão para formar novos jogadores

Por Duda Lopes para o site Máquina do Esporte, de Dortmund, na Alemanha

“O sucesso é resultado da performance. E performance pode ser planejada”.

A frase está escrita em uma publicação feita em conjunto entre a federação e a liga alemã, e ela resume bem os esforços feitos pelo país para renovar seu futebol neste século.

Hoje, a Alemanha está estruturada para gerar grandes jogadores e fazer com que o bom momento do país em campo seja perene.

A reformulação do país aconteceu após resultados negativos da seleção alemã em campo.

Mesmo com o sucesso na década de 1980, os anos de 1990 não foram os mais felizes.

Em 1998, o time parou na Copa do Mundo nas quartas de final, diante da Croácia.

Mas o verdadeiro choque foi na Euro de 2000, quanto a equipe foi eliminada na primeira fase do torneio, com apenas um ponto na fase de grupos.

A mudança só foi possível graças ao trabalho realizado entre a federação, a Bundesliga e os clubes.

Em 2001, logo após o surgimento da liga, foi estabelecido que uma das licenças necessárias para participar da Série A do Campeonato Alemão era o investimento em um centro de treinamento para a base.

No ano seguinte, a medida foi estendida para a segunda divisão, a Bundesliga 2.

Os centros de treinamento tinham condições mínimas para serem aceitos.

Departamento médico, quatro campos, área de educação, diversos times entre sub-11 e sub-23 e treinadores com a licença da UEFA. A federação alemã, por sinal, oferece preparo para os técnicos interessados.

Desde então, os clubes da Alemanha já investiram mais de € 1 bilhão em estrutura para jovens jogadores.

Hoje, há 54 centros de desenvolvimento para atletas espalhados pelo país.

Eles recebem 8 mil jovens no momento.

Além das conquistas em campo, o futebol alemão celebra o fato de a média de idade dos jogadores do Campeonato Alemão ter caído em dois anos desde a implementação da medida, mesmo com os times financeiramente mais fortes.

O poder das equipes para segurar seus craques pôde ser visto no título mundial de 2014, já que 15 dos 23 jogadores atuavam na Bundesliga.

A Máquina do Esporte visitou um dos centros de treinamento para jovens mais bem-sucedidos do país, o do Borussia Dortmund.

Nos últimos anos, passaram pela estrutura nomes como Mario Götze e Marco Reus.

Na estrutura em si, não há nada muito além do que se vê nos melhores centros construídos no Brasil.

Talvez a única grande diferença seja o Footbonaut, uma máquina construída para melhorar o domínio e o passe de jovens jogadores.

A tecnologia implantada foi apontada como uma das principais responsáveis pelo sucesso de atletas da equipe.

Mas, essencialmente, é o senso de profissionalismo que é destacado no local.

“Qualquer técnico aqui tem que fazer um curso de cinco anos para poder atuar. E assim funciona com outros profissionais, como fisioterapeutas”, resumiu o diretor de base do Borussia Dortmund, Lars Ricken.

E não é só na base que a Alemanha faz substanciosos investimentos.

Nesse momento, a federação de futebol do país constrói um novo centro de treinamento da seleção adulta, com 50 mil metros quadrados, em Frankfurt.

O local, chamado de DFB Academy, deverá ficar pronto em 2019.

O país, então, estará ainda mais bem preparado para o futebol.

Ermerson Leão...

Imagem: Autor Desconhecido

Do poder só se afastam retirados pela morte...

O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, sufocou a oposição com uma estratégia que incluiu lista de apoios ampla, uso de regras de estatuto e guerra nos tribunais.
Assim, logo após os Jogos do Rio-2016, conseguiu se firmar como chapa única para o pleito no final deste ano, garantindo sua permanência por mais quatro anos.
Completará 25 anos à frente da entidade.

Rodrigo Mattos

Do blog:

No Brasil, a união entre o cartola e o esporte só é desfeita pela morte.

sábado, setembro 03, 2016

All Blacks, haka...

Imagem: Getty Images

O Vasco da Gama vai participar da Florida Cup de 2017...

O Vasco da Gama vai participar da Florida Cup do ano que vem...

A copa acontece em janeiro.

A estreia será contra o Barcelona de Guayaquil (Equador), em uma reedição da final da Copa Libertadores de 1998, vencida pelos brasileiros.

A equipe cruzmaltina volta jogar nos Estados Unidos após 18 anos...

A última vez em que o Vasco jogou em território americano foi justamente em 1998, quando enfrentou duas vezes o DC United pela Copa Interamericana.

Ao longo da história, o time carioca já disputou 14 jogos em solo norte-americano...

Foram 9 vitórias, 3 empates e 2 derrotas.

Mireia Belmonte, a nadadora espanhola deu início à Liga da Espanha...

 Imagem: Jesus Álvarez Orihuela/Diário AS


Imagem: Jesus Álvarez Orihuela/Diário AS

A demência do Estado Islâmico chega ao futebol...

Vai começar em Al-Mayadin, na Síria, um torneio com clubes dos bairros da cidade e arredores...

A cidade está ocupada por forças do ISIS.

O torneio obteve autorização do comando das forças jihadistas, sob a condição de que não exista o trabalho de árbitros nos jogos.

A liderança do ISIS já comunicou a todos os donos de campos de futebol da região de que estão vetadas as arbitragens em partidas...

O motivo é porque estas são regidas pela Fifa e não pela lei islâmica.

Para o ISIS, as decisões dos árbitros "não são regidas pelo que Alá ordenou", como, por exemplo, que um jogador que sofra lesão, tenha que punir quem a provocou...

As leis que regem o futebol, no entanto, utilizam é o mecanismo de advertência por cartões.

Apesar da bizarra ordem, os jogadores de Al-Mayadin se consideram privilegiados...

Em Mosul, considerada capital do ISIS, o futebol foi totalmente proibido.

As pessoas que são flagradas jogando futebol, na região, são castigadas com 80 chibatadas...

Os reincidentes, ou terminam em prisões ou são executados.

Uma imagem do Maracanã para ser eternamente lembrada..

Imagem: Pawel Kopczynski/Reuter 

O Barcelona montou o elenco mais valioso de sua história...

A chegada de reforços, transformou o atual elenco do Barcelona o mais valioso de sua história...

De acordo com o site "Transfermarkt", especializado em transferências, os 22 jogadores que formam o time principal valem 756,5 milhões de euros (R$ 2,73 bilhões).

Os seis jogadores contratos para esta temporada elevaram o valor do elenco em 123 milhões de euros (R$ 445,5 milhões) ...

O goleiro Cillessen, o zagueiro Umtiti, o lateral-esquerdo, Digne e os meias André Gomes e Deniz Suárez, além do atacante Paco Alcácer, os novos contratados, sequer serão, a princípio, titulares.

O elenco de maior valor da equipe catalã, até então, foi formado na temporada 2011/12...

Valia 621,5 milhões de euros (R$ 2,25 bilhões).

No atual elenco, Messi, Neymar e Suárez são os jogadores de maior valor...

Segundo o "Transfermarkt", o mais valioso é o argentino...

Seus direitos federativos chegam aos 120 milhões de euros (R$ 434,7 milhões).

Neymar tem 'preço' estimado em 100 milhões de euros (R$ 362,2 milhões) e Suárez, em 90 milhões de euros (R$ 326 milhões).

Em busca da bolinha...

Imagem: Tom Szczerbowski/Getty Images

Thiago Braz rendeu a maior audiência do Globo Esporte na Olimpíada...

O ouro do desconhecido Thiago Braz rendeu a maior audiência do Globo Esporte

A medalha do saltador e a derrota da seleção feminina no futebol renderam o pico de visitas no mês em que o portal bateu recorde

Por Rodrigo Capelo para a revista Época

Thiago Braz, desconhecido para a maioria dos brasileiros até conquistar a medalha de ouro na Olimpíada do Rio de Janeiro, e a seleção brasileira de futebol feminino renderam ao Globo Esporte a maior audiência no mês em que o portal de esportes bateu recorde.

O ouro do saltador com vara e a derrota das mulheres para as suecas nos pênaltis em 16 de agosto desbancaram, inclusive, os ouros das seleções masculinas de vôlei e futebol e da judoca Rafaela Silva.

O Globo Esporte registrou 410 milhões de visitas em agosto, 10% a mais do que o recorde anterior em junho. 

Os Jogos Olímpicos alavancaram a audiência, mas o futebol e o fantasy game Cartola FC contribuíram com 42% das páginas visualizadas no mês.

As maiores audiências do Globo Esporte na Olimpíada

16/8 (ouro de Thiago Braz e futebol feminino) – 20 milhões de visitas
21/8 (ouro do vôlei masculino) – 18,4 milhões de visitas
17/8 (semifinal do futebol masculino) – 18,1 milhões de visitas
8/8 (ouro de Rafaela Silva) – 18 milhões de visitas

sexta-feira, setembro 02, 2016

Uma espetacular sequência...

Imagem: Charlie Riedel/AP

O Brasil com cara de Brasil derrota o Equador em Quito...

Foi bom voltar a ver a seleção brasileira com cara de Brasil...

Tite conseguiu unir transpiração e inspiração, conseguiu nos devolver a esperança de dias melhores.

A vitória em Quito sobre o Equador por 3 a 0 reascendeu as esperanças...

Deu alento.

Meu estilo não é ufanista, nem tão pouco tenho pendão para ser o patriota idiota...

Afinal o adversário foi o Equador.

Entretanto, uma coisa pode ser notada...

O time de Tite agora, sabe o que fazer com a bola quando está com ele e já sabe como se postar quando não a tem.

Não existe a menor possibilidade de eu achar normal, ver o futebol brasileiro ser relegado a condição de coadjuvante num continente onde somente a Argentina pode nos confrontar de igual para igual e o Uruguai nos causar incômodos...

Sei que ainda há um longo caminho a percorrer e muito ainda dever ser mudado, principalmente no comando da CBF e das suas vassalas, as federações, mas quem sabe, seja Tite o timoneiro que precisávamos para dar rumo ao barco que estava à deriva.

No mais, que fique bem claro o seguinte:

Num grupo onde quatro garantem vaga automática e quinto, disputa com o Caribe ou a Oceania uma vaga para qualquer Copa do Mundo, desconfiar que o Brasil possa ficar fora de um mundial é descabido.

Arqueira...

Imagem: Jewel Samad/AFP/Getty Images

Borussia Dortmund... do topo do mundo à quase falência e a volta por cima.

Especial Futebol Alemão: Borussia Dortmund vira case na Europa

Time passou da falência a uma das maiores forças na Liga dos Campeões

Por Duda Lopes de Dortmund, na Alemanha para o Site Máquina do Esporte

O ano era 1997. O Borussia Dortmund conseguia seu ápice dentro de campo: consagrou-se campeão da Liga dos Campeões da Europa.

No fim daquele ano, o time ainda derrotou o Cruzeiro na final da Copa Intercontinental.

Parecia a consagração de um grande clube, mas na década seguinte pouco se ouviu falar da equipe alemã. Para voltar ao protagonismo, ela precisou se reinventar.

O problema é que, em 2005, com dívidas que passavam dos € 180 milhões, o Borussia Dortmund esteve próximo de abrir falência.

Na época, Reinhard Rauball havia assumido a presidência da equipe.

E a recuperação do time foi tão notável que hoje o dirigente comanda a Liga de Futebol Alemão e a Federação de Futebol do país.

Hoje, a situação é diferente.

Na temporada 2014/2015, o time bateu seu recorde de faturamento: foram € 276 milhões, com lucro de € 5,5 milhões.

Com grandes revelações em campo, o time voltou a ser campeão alemão em 2011 e em 2012.

Em 2013, a equipe disputou novamente a decisão da Liga dos Campeões; o título foi perdido para o Bayern de Munique.

Reinhard Rauball foi responsável por uma profunda reestruturação financeira do clube, mas foi um trabalho de marca de longo prazo que mais ajuda a entender a recuperação do Borussia Dortmund.

A equipe se voltou ao seu público, seu torcedor, e passou a se posicionar como resistência local frente a gigantes da Europa. 

“Nós somos de Dortmund, não de Munique, de Berlim ou uma grande capital europeia. Nós somos um clube menor, mais familiar. Definitivamente, nós vamos desafiar os outros, mas temos que saber que jamais competiremos com Real Madrid ou Barcelona. Se nós nos compararmos aos outros, sempre perderemos. Nós temos que seguir nosso próprio caminho”, explicou o diretor de marketing do clube, Carsten Cramer.

Esse olhar para o próprio público atingiu números impressionantes.

Dortmund é uma das maiores cidades do Vale do Ruhr, com população próxima dos 600 mil.

A região é a maior área metropolitana da Alemanha, mas, focada na atividade industrial, já não vive seu ápice financeiro.

Isso não impede, no entanto, que o Borussia tenha a maior média de público entre os grandes clubes europeus: são 81,1 mil pessoas, contra 78,8 mil do Barcelona, o segundo colocado.

Com o trabalho realizado, o clube conseguiu ser uma paixão ainda maior em sua cidade.

Em sócios, por exemplo, o número saltou de 31 mil em 2009 para 138,5 mil em 2016.

Hoje, a temporada do time já começa com 55 mil carnês vendidos.

O Paredão Amarelo, área mais popular do estádio Signal Iduna Park, ganhou a atenção do mundo com suas festas e mosaicos.

Hoje, assim como a Bundesliga, o Borussia quer ganhar mercado internacional para continuar crescendo.

Mas, para conquistar esse novo objetivo, quer manter seu DNA focado no campo e nas arquibancadas, longe das mesmices associadas ao “futebol moderno”.

“O mais importante ativo do Borussia Dortmund é ser bem-sucedido no esporte. Enquanto nós disputarmos a Liga dos Campeões, enquanto nós permanecermos competitivos na Bundesliga, pessoas de outros países estarão interessados no Borussia Dortmund. O esporte é nosso principal ativo porque nós somos um clube de futebol. Nós não somos uma empresa de negócios”, resumiu Carsten Cramer. 

O bloqueio com mãos femininas...

Imagem: Jeff Robertson/AP

Totti e a declaração de amor à Roma...

Totti renovou seu contrato para uma temporada de despedida com a camisa da Roma...

Mas a primeira coisa que fez depois foi escrever sobre os anos que passou no clube.

Quando entrei no gramado para a primeira partida, fiquei emocionado com o orgulho de jogar por minha casa. 

Pelo meu avô. 

Pela minha família. Em 25 anos, a pressão – o privilégio – nunca mudou...

Talvez se um dia eu voltar como diretor, esses momentos continuem por aqui.

Por 39 anos, Roma (a cidade) foi minha casa...

Por 25 anos como jogador de futebol, Roma (o clube) foi minha casa.

Seja ganhando o scudetto ou jogando na Champions League, espero que tenha representado as cores da Roma e as erguido o mais alto que pude. Espero ter deixado os torcedores orgulhosos...

Por que passei minha vida inteira na Roma?

A Roma é minha família, meus amigos, as pessoas que amo. Roma é o mar, as montanhas, os monumentos. 

Roma, evidentemente, são os romanos.

Roma é amarelo e vermelho.

Roma, para mim, é o mundo.

Este clube e esta cidade são minha vida.

Sempre.

Confiança, parceria...

Imagem: John McDougall/AFP/Getty Images

Brasileiro compra um clube na Inglaterra...

O empresário brasileiro Diego Lemos é o novo proprietário do clube inglês Morecambe, membro da quarta divisão do futebol inglês, a chamada League Two, desde 2007...

Lemos se tornou o acionista majoritário do Morecambe ao comprar ações do presidente Peter McGuigan, que era o proprietário da equipe há 16 anos.

McGuigan colocou o Morecambe à venda em março deste ano e disse esperar que o novo dono tivesse como objetivo a promoção à terceira divisão, League One, em três anos...

Parece que Lemos foi fazer na Inglaterra o que ainda é impossível ser feito no Brasil – isto é... investir no futebol como um negócio onde o risco existe, mas a possibilidade do lucro honesto também é possível.

quinta-feira, setembro 01, 2016

Confiança, força e equilíbrio...

Imagem: Damir Sagolj/Reuters

A despedida de um gigante... Bastian Schweinsteiger - “Significa muito que vocês estejam aqui hoje. Foi uma honra jogar por vocês”

Imagem: Trivela


A mocinha ficou muito feliz...

Imagem: Marko Djurica/Reuters

União de Extremoz vence em o Caucaia em Fortaleza por 4 a 2, pela Copa do Brasil de Futebol Feminino, mas pode ser eliminado amanhã...

Pela Copa do Brasil de Futebol Feminino, o União de Extremoz venceu o Caucaia por 4×2, em Fortaleza...

Pelo União, Elenilda marcou três gols e Ester um.

Ângela e Jullyana para marcaram para o Caucaia...

Acontece que por uma falha lamentável, a equipe potiguar pode ser eliminada da competição, mesmo depois de vencido as duas partidas – 3 a1 em Natal e 4 a 2 em Fortaleza – por ter escalado de forma irregular a jogadora Sintia que estava sem contrato.

O julgamento pela Comissão Disciplinar do STJD, acontece, amanhã, sexta-feira, no Rio de Janeiro...

Uma pena.

Campeonato uruguaio de 1976: Santelli (E) e Cubilla (D) - Defensor Sporting Club...

Imagem: Autor Desconhecido

Dante versus Pepe Guardiola...

“Ele não fala com você. Então, como jogador você não sabe qual é a sua situação. Existem treinadores que sob o ponto de vista tático são os melhores do mundo, mas humanamente não são tão bons assim, esse é o caso de Guardiola”.

Dante, zagueiro brasileiro que foi comandado de Pepe Guardiola no Bayern de Munique.

Tereza Almeida, a goleira do handebol de Angola...

Imagem: Marko Djurica/Reuters

Mike Tyson, quem diria, foi acusado de roubar um soverte de 5,50 dólares...

Pode parecer inacreditável, mas Mike Tyson, aprontou mais uma...

Desta vez é acusado de roubar um sorvete no complexo Flushing Meadows, em Nova York, onde está sendo disputado o US Open, o último Grand Slam de tênis do ano.

O fato se deu durante a estreia de Novak Djokovic no torneio contra o polonês Jerzy Janowicz...

Segundo o jornal local New York Post, o campeão peso-pesado do boxe pegou um picolé de 5,50 dólares (cerca de 17 reais) no quiosque da franquia Ben & Jerry e saiu sem pagar, como se nada tivesse acontecido.

Ainda de acordo com a publicação, uma atendente cobrou Tyson, mas o ex-atleta a ignorou e saiu andando...

O gerente do quiosque teria desistido de ir atrás do caloteiro ao ver que era ninguém menos do que Mike Tyson, um dos maiores nomes da história do boxe mundial. 

“Isso mostra o caráter de Tyson, pois ele não parecia incomodado pelo que fez. Isso não me surpreende dado o seu histórico...Tyson não dos mais íntegros cidadãos “, comentou um funcionário ao New York Post.

Com informações da redação de Veja.

Chuva e Barreiras...

Imagem: Lucy Nicholson/Reuters

O Real Madrid tem um elenco espetacular, impossível melhorar...

No último dia do mercado de transferência, o presidente do Real Madrid, Florentino Perez, fez uma afirmação pouco comum...

"Temos uma temporada repleta de desafios, conquistamos a Supercopa da Europa e ganhamos os dois primeiros jogos diante de rivais muito sérios. Temos um elenco espetacular, impossível de melhorar".

A declaração aconteceu durante a assinatura do acordo mundial com a companhia sul-coreana de pneus Hankook.

Ele vai ganhar outra vez...

Imagem: Martin Meissner/AP

Bundesliga: em 10 anos o dobro de faturamento...

Especial Futebol Alemão: Bundesliga dobra faturamento em uma década

Processo de profissionalização foi acentuado a partir de 2000, com o surgimento da liga

Por Duda Lopes – de Düsseldorf (Alemanha), para o site Máquina do Esporte.

O Campeonato Alemão de hoje não pode ser comparado ao torneio do início deste século.

Muito mais do que a Copa do Mundo de 2016, o que mudou o futebol interno do país foi um processo de modernização e profissionalização da liga local, a Bundesliga.

Foi em dezembro de 2000 que a DFL, a Liga de Futebol Alemão, surgiu.

De forma independente, passou a gerir as duas principais divisões do país, com um total de 36 times.

Para quem duvida da capacidade de transformação que uma gestão profissionalizada pode alcançar, os números esclarecem.

Na temporada 2002/2003, o faturamento da Bundesliga foi de € 1,150 bilhão.

A organização chegou a ter onze recordes de alta seguidos e, na temporada 2014/2015, a conta fechou em € 2,620 bilhões.

O equilíbrio também é celebrado pela organização, já que a soma se divide em partes iguais entre direitos de televisão, patrocinadores e arrecadação das arenas em dias de jogos.

Para chegar a esse aumento, uma das primeiras medidas da Bundesliga foi impor uma série de regras para que as equipes conseguissem a licença para participar do torneio.

As condições abrangem desde infraestrutura básica necessária a regras para mídia, além de um plano financeiro salutar para cada equipe.

Esse último quesito, por sinal, também foi celebrado na última temporada: 27 dos 36 clubes apresentaram lucro.

“A regulamentação garante que haja um senso de confiabilidade e credibilidade à medida que os clubes e os jogadores estão focados nessa questão, e ela também beneficia parceiros e mídia”, resumiu o presidente da DFL, Reinhard Rauball, em comunicado oficial.

Ao longo das últimas décadas, a DFL foi criando braços independentes para questões que envolvem a comercialização da Bundesliga.

Hoje, há três grupos distintos dentro da liga, cada um focado em televisão, em marketing global e em produção de conteúdo.

O plano é chegar ao fim da temporada 2019/2020 com um crescimento de 35% do faturamento.

Considerando a Bundesliga como um produto, houve apenas um grande engasgo nos últimos anos: o domínio do Bayern de Munique.

O time é o mais rico e conhecido do país, e fica também na região mais desenvolvida da Alemanha.

Sua grandeza no Campeonato Alemão sempre esteve em evidência, mas, nas últimas temporadas, ela foi excessiva: foram quatro títulos em sequência.

A capacidade financeira do time é tamanha que uma velha piada foi ressuscitada no país, mas com o time da Baviera no lugar da seleção alemã dos anos 1980.

“O futebol é um jogo simples: são 22 homens correndo atrás da bola durante 90 minutos. No final, ganha o Bayern”.

Para evitar a disparidade entre equipes, a Alemanha mantém duas regras básicas.
A primeira é que nenhuma equipe pode ser empresa; o limite de ações na bolsa é de 49%.

Assim, evita-se que donos façam investimentos fora do comum, como acontece na Inglaterra.

A segunda é a divisão da televisão.

Metade da verba paga é dividida igualmente.

O restante é espalhado conforme a torcida e o desempenho esportivos nos torneios anteriores.

A Máquina do Esporte questionou o embaixador da Bundesliga, Lothar Matthaüs sobre o problema, mas o porta-voz não demonstrou preocupação.

“O Bayern é um time gerido por pessoas muito profissionais, todas as decisões tomadas são técnicas. Os outros times têm esse potencial; eles precisam é achar os parceiros certos para isso. Isso aqui é um negócio”, ratificou.

quarta-feira, agosto 31, 2016

Rompendo a camada de água...

Imagem: Dominic Ebeenbichler/Reuters

Marieke Vervoort... A medalha antes da eutanásia. Na foto, Marieke e Zen.

Imagem: Autor Desconhecido


Dos Jogos do Rio à eutanásia: a última disputa de Marieke Vervoort

Belga se despedirá nas Paralimpíadas e já assinou a documentação para submeter-se à eutanásia

Álvaro Sánchez de Bruxelas para o El País

Marieke Vervoort completou 37 anos há três meses, mas já sabe onde quer que joguem suas cinzas quando morrer.

Tem um rosto juvenil, o cabelo curto e louro e a risada fácil.

Tem duas medalhas olímpicas, um cachorro chamado Zen do qual quase não se separa e uma figura de um Buda que lhe inspira paz.

Também tem a metade inferior do corpo paralisado, uma visão reduzida a 20%, dores que a impedem de dormir durante longas noites e um documento com sua assinatura que autoriza um médico a aplicá-la uma injeção letal para acabar com sua vida quando desejar.

Mas isso ainda é questão de alguns anos.

Seu corpo dirá quantos.

Antes tem uma missão para a qual se prepara com afinco seis dias por semana: quer voltar a conquistar uma medalha nos Jogos Paralímpicos do Rio representando seu país, a Bélgica.

Marieke chega à pista de atletismo em um carro decorado com uma gigantesca foto sua no momento em que se tornou campeã olímpica dos 100 metros livres nos Jogos de Londres 2012.

A imagem mostra Marieke com a boca aberta em um grito emocionado, o braço esticado vitorioso e o rosto franzido antecipando lágrimas.

Um casal amigo a leva três dias por semana até Lovaina, 30 quilômetros a oeste de onde vive, porque mesmo que em Diest haja também uma estrutura de treino, é lá que seu treinador a espera.

Óculos de sol e cronômetros no pescoço, Rudi Voels, de 52 anos, está acostumado a mandar na pista de atletismo.

É um dos técnicos mais respeitados da Bélgica e sabe o que é ganhar uma medalha olímpica, já que foi responsável pela equipe de revezamento em Pequim 2008.

Marieke é a única atleta paraolímpica sob sua responsabilidade.

“Nunca quer perder um treinamento. Às vezes vem com muita dor e a obrigo a voltar para casa”.

Enquanto sua pupila se prepara para começar, dirige as pausas e arrancadas de vários velocistas em um dos solitários dias de calor do verão belga.

“Na quarta-feira passada treinamos com chuva”, diz Marieke antes de começar.

Eddy Peeters, o amigo que faz as vezes de chofer e que em cada treinamento se transforma também em seu fotógrafo, a levanta de sua cadeira de rodas e a senta na de competição, a máquina de duas rodas traseiras e uma dianteira que deverá girar mais rápido do que o resto para subir no pódio olímpico.

“Believe you can” – “Acredite que você pode” – é possível ler em uma inscrição na parte de trás.

Já decidiu que os Jogos serão seu último desafio esportivo.

A doença degenerativa que sofre dificulta cada vez mais sua recuperação e existem noites após uma disputa em que quase não dorme.

Após mais de uma década competindo prefere aproveitar as pequenas coisas da vida.

As refeições com as amigas.

As conversas no jardim de casa.

Antes de sua retirada estará na linha de partida do Rio nos 100 e nos 400 metros, duas distâncias explosivas, sem trégua, para as quais se prepara com uma série atrás da outra.

Nas duas provas enfrentará sua grande rival, a canadense Michelle Stilwell, com quem disputou o ouro e a prata em Londres em uma corrida tensa.

Primeiro ensaia as saídas com repetições curtas de apenas 30 metros.

Depois amplia a distância até os 200 metros entre os gritos de apoio de seu treinador.

Ao final de cada exercício, os dois comentam brevemente sensações e detalhes a melhorar.

No meio do treino, Peeters se aproxima com algumas frutas secas para repor forças e Zen aproveita a pausa, corre até a pista para brincar.

Ela agradece sua presença acariciando-o por alguns segundos e retoma rapidamente a atividade.

Em um momento uma pontada de dor aparece e pede que a retirem da cadeira para endireitar o tronco.

Ela se recupera e volta à carga.

“Dores estúpidas”, se queixa após a décima série.

“Conhece alguém que precisa de morfina para treinar?”.

Uma hora depois o exercício termina.

Conversa com o técnico em flamenco, o idioma dos dois, e ele se inclina para se despedir com um beijo na bochecha.

Marieke irá passar 12 dias em uma concentração em Lanzarote como preparação para os Jogos e talvez não voltem a se ver até depois do Rio.

Como complemento ao treinamento na pista ela passa três dias por semana na academia.

“Aqui muito e aqui nada!”, brinca entre risadas mostrando os músculos e levando a mão do bíceps ao peito.

Em sua casa, na qual vive sozinha com seu cachorro Zen, a parede da sala é um mural de fotografias de suas vitórias.

Horas antes de sua partida rumo às ilhas Canárias, seu pai atravessa o gramado do jardim, a mala está desarrumada e sobre a mesa e um papel escrito à mão tem uma lista de quase vinte medicamentos sob a inscrição “para o Rio”.

Ela também se submete ao exame das autoridades antidoping.

Há duas semanas um controle a acordou às seis da manhã, e remédios como a morfina só podem ser tomados sob expressa autorização médica.

Quatro vezes por dia, uma enfermeira a visita, checa sua saúde, a acompanha ao banheiro e a ajuda a trocar de roupa.

Em caso de ataque epilético e dor insuportável só precisa apertar um botão para que alguém venha ajudá-la a qualquer hora.

Sua vida nem sempre foi assim.

Tudo começou com uma dolorosa inflamação em um pé aos 14 anos.

Problemas que passaram aos joelhos.

Aos 20 já dependia de uma cadeira de rodas e decidiu abandonar seus estudos.

Queria ensinar.

Ser professora de creche.

No meio, operações sem resultado e a angústia de quem vê como seu corpo perde as faculdades sem saber o que tem.

O diagnóstico incerto fala de uma doença degenerativa incurável.

Antes disso, era uma garota ativa.

“Sempre queria brincar com os meninos e subir nas árvores”, lembra Joseph, seu pai, que viveu com ela a peregrinação de hospital em hospital em busca de respostas.

O esporte era em seus primeiros anos uma atividade cotidiana na piscina, sobre as duas rodas de uma bicicleta e em lutas de jiu-jitsu, onde chegou à faixa marrom.

A perda de mobilidade na parte inferior do corpo acelerou sua dedicação começando pelo basquete em cadeira de rodas e o triatlo até chegar ao atletismo.

As medalhas de Londres, seu grande momento.

“Foi muito especial assistir e poder dizer: é minha filha!”, afirma Joseph, que esteve entre o público e estará novamente nas arquibancadas no Rio.

Liliane Christiaens, já aposentada, presenteou seu marido – Peeters, o homem que faz as vezes de motorista, ajudante e fotógrafo – o livro que Marieke publicou sobre sua experiência de vida e como esportista.

Ela o leu depois.

Um dia, há três anos, se aproximaram para cumprimentá-la no final de uma competição e pediram para que ela assinasse o livro.

A amizade floresceu com naturalidade.

“Sempre dizemos que existem duas Mariekes”, explica.

“Uma que está feliz fazendo esportes e cercada de gente e outra que sofre em casa”.

Como as formigas que estocam alimentos para o inverno, Christiaens coleciona recordações para quando a voz de sua amiga deixar de estar disponível do outro lado do telefone e já não for necessário levá-la ao treino.

“Compartilhamos muitos momentos. E estamos guardando-os na memória para que nos ajudem quando ela se for”.

Todos aceitam sua decisão.

Ninguém tenta convencê-la a mudar de ideia.

A Bélgica é o país do mundo com as leis mais permissivas sobre eutanásia.

Cinco pessoas decidem morrer lá por dia por esse método e até mesmo os menores de idade podem acabar com sua vida se contarem com o consentimento de seus pais e um relatório psiquiátrico que avalize a decisão.

Isso não significa que seja um trâmite administrativo rápido.

Para poder colocar sua assinatura no documento para proteger seu direto de morrer, Marieke precisou convencer um psiquiatra de que sua decisão não se devia a um estado de espírito momentâneo e provar a três médicos diferentes que as dores são tão intensas que ninguém consegue viver com elas e não existe nenhuma esperança de melhorar.

A certeza de poder escolher o momento do adeus tem sido um estímulo para seguir com sua vida sem a inquietude de pensar no suicídio.

Antes de conseguir a autorização para a eutanásia em sua cabeça só estava o final.

O doloroso processo que precisaria atravessar até a morte.

Agora é diferente.

“Quando quiser posso pegar meus documentos e dizer é o suficiente! Quero morrer. Isso me tranquiliza quando tenho muita dor. Não quero viver como um vegetal”.

O medo não desapareceu totalmente.

Ela se assusta quando o diafragma dói, não consegue respirar e os lábios adquirem uma cor azulada.

Ela então pega um número de telefone e uma amiga a faz companhia.

Se é mais grave, aperta o botão que avisa uma enfermeira.

“As pessoas sempre me veem sorrindo e praticando esportes, mas não o que acontece quando estou em casa”.

Novamente as duas Mariekes.

Para o momento final deve decidir se quer estar sozinha ou acompanhada no instante em que um médico aplicar a injeção.

“Você dorme lentamente e não volta a acordar nunca mais”, descreve.

Não espera por nada do outro lado.

Não é religiosa.

Não depois de tudo pelo que passou.

Tem tudo planejado.

Espera que seus pais e dois amigos tenham forças para estar ao lado da cama.

Deixou uma carta para que leiam quando seu coração parar de bater e quer um ato alegre, com músicos.

Depois deseja ser cremada.

“Quero que lancem minhas cinzas em Lanzarote, onde a lava se une com o mar. Um lugar que me transmite paz e tranquilidade. Quero terminar ali”.