Especial Futebol Alemão:
Bundesliga dobra faturamento em uma década
Processo de profissionalização
foi acentuado a partir de 2000, com o surgimento da liga
Por Duda Lopes – de Düsseldorf
(Alemanha), para o site Máquina do Esporte.
O Campeonato Alemão de hoje não
pode ser comparado ao torneio do início deste século.
Muito mais do que a Copa do Mundo
de 2016, o que mudou o futebol interno do país foi um processo de modernização
e profissionalização da liga local, a Bundesliga.
Foi em dezembro de 2000 que a
DFL, a Liga de Futebol Alemão, surgiu.
De forma independente, passou a
gerir as duas principais divisões do país, com um total de 36 times.
Para quem duvida da capacidade de
transformação que uma gestão profissionalizada pode alcançar, os números
esclarecem.
Na temporada 2002/2003, o
faturamento da Bundesliga foi de € 1,150 bilhão.
A organização chegou a ter onze
recordes de alta seguidos e, na temporada 2014/2015, a conta fechou em € 2,620
bilhões.
O equilíbrio também é celebrado
pela organização, já que a soma se divide em partes iguais entre direitos de
televisão, patrocinadores e arrecadação das arenas em dias de jogos.
Para chegar a esse aumento, uma
das primeiras medidas da Bundesliga foi impor uma série de regras para que as
equipes conseguissem a licença para participar do torneio.
As condições abrangem desde
infraestrutura básica necessária a regras para mídia, além de um plano
financeiro salutar para cada equipe.
Esse último quesito, por sinal, também
foi celebrado na última temporada: 27 dos 36 clubes apresentaram lucro.
“A regulamentação garante que haja um senso de confiabilidade e
credibilidade à medida que os clubes e os jogadores estão focados nessa
questão, e ela também beneficia parceiros e mídia”, resumiu o presidente da
DFL, Reinhard Rauball, em comunicado oficial.
Ao longo das últimas décadas, a
DFL foi criando braços independentes para questões que envolvem a
comercialização da Bundesliga.
Hoje, há três grupos distintos
dentro da liga, cada um focado em televisão, em marketing global e em produção
de conteúdo.
O plano é chegar ao fim da
temporada 2019/2020 com um crescimento de 35% do faturamento.
Considerando a Bundesliga como um
produto, houve apenas um grande engasgo nos últimos anos: o domínio do Bayern
de Munique.
O time é o mais rico e conhecido
do país, e fica também na região mais desenvolvida da Alemanha.
Sua grandeza no Campeonato Alemão
sempre esteve em evidência, mas, nas últimas temporadas, ela foi excessiva:
foram quatro títulos em sequência.
A capacidade financeira do time é
tamanha que uma velha piada foi ressuscitada no país, mas com o time da Baviera
no lugar da seleção alemã dos anos 1980.
“O futebol é um jogo simples: são 22 homens correndo atrás da bola
durante 90 minutos. No final, ganha o Bayern”.
Para evitar a disparidade entre
equipes, a Alemanha mantém duas regras básicas.
A primeira é que nenhuma equipe
pode ser empresa; o limite de ações na bolsa é de 49%.
Assim, evita-se que donos façam
investimentos fora do comum, como acontece na Inglaterra.
A segunda é a divisão
da televisão.
Metade da verba paga é dividida
igualmente.
O restante é espalhado conforme a
torcida e o desempenho esportivos nos torneios anteriores.
A Máquina do Esporte questionou o
embaixador da Bundesliga, Lothar Matthaüs sobre o problema, mas o porta-voz não
demonstrou preocupação.
“O Bayern é um time gerido por pessoas muito profissionais, todas as
decisões tomadas são técnicas. Os outros times têm esse potencial; eles
precisam é achar os parceiros certos para isso. Isso aqui é um negócio”,
ratificou.
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