quinta-feira, maio 28, 2020

A saga “6”: 40 anos de história do River Plate em decisões da América...

Imagem: Autor Desconhecido

A saga “6”: 40 anos de história do River Plate em decisões da América

Durante quatro décadas, os Millonarios viveram uma coincidência curiosa: disputavam finais de Libertadores da América a cada 10 anos e sempre em anos terminados em seis

Pedro Henrique Brandão/Universidade do Esporte

Fundado em 25 de maio de 1901, o River Plate completou 119 anos de existência na última segunda-feira.

O clube, que hoje é tido como o time da elite argentina, surgiu com objetivo de ser uma potência futebolística e alcançou o desejo de seus fundadores com as negociações milionárias da década de 1930, a construção do Monumental de Núñez e os times fabulosos que montou nos anos 1940 e 1950.

Porém, foi somente na década de 1960 que disputou sua primeira decisão continental, iniciou uma saga que duraria 40 anos e gerou uma estranha coincidência que levou o River a todas as finais de Libertadores da América em anos terminados em seis entre 1966 e 1996.

A reviravolta de 1966

No dia 20 de maio de 1966, o River Plate foi ao Estádio Nacional do Chile para disputar sua primeira decisão de Libertadores de América contra o Peñarol.

Campeão da América em 1960 e 1961, além dos vice-campeonatos em 1962, frente ao Santos de Pelé, e 1965 contra o poderoso Independiente, o Peñarol contava com jogadores do calibre de Mazurkiewicz, Pedro Rocha, Pablo Forlán junto a Alberto Spencer, elenco muito respeitado na Libertadores e o time a ser batido na América do Sul.

Por outro lado, o River tinha um time aguerrido numa década em que não conquistou títulos e conviveu com o incômodo jejum desde 1957.

O destaque técnico era Daniel Onega que naquela competição se tornou o maior artilheiro histórico em uma única edição de Libertadores com 17 gols.

O River também tinha Amadeo Carrizo, goleiro lendário da Argentina, Ermindo Onega, Luis Cubilla, Roberto Matosas e Solari, que completavam a espinha dorsal do time dirigido por Renato Cesarini.

Sob o comando de Onega, os Milionários conseguiram oito vitórias e apenas uma derrota na primeira fase e avançaram em primeiro lugar no grupo.

Na segunda fase, os adversários foram Independiente, Boca e Guarani/Paraguai.

Assim, trilharam o caminho até o encontro com o Peñarol.

Em sua quinta final em sete edições, o Peñarol era considerado um time envelhecido, mas nem por isso menos perigoso.

Na partida de ida, em Montevidéu, vitória dos uruguaios por 2 a 0.

Na volta, em Buenos Aires, o caos que só os argentinos sabem provocar no pré-jogo.

Misteriosamente, o ônibus que levaria os uruguaios ao estádio simplesmente não apareceu.

Contra todas as adversidades, o Peñarol conseguiu chegar ao Monumental, mas com o clima adverso no estádio — não havia sequer banco de reservas e a comissão técnica e reservas ficaram em cadeiras próximas aos torcedores argentinos —, perdeu por 3 a 2.

Não havia saldo de gols como critério de desempate e um terceiro jogo foi marcado em campo neutro.

Tudo levava a crer que sem as dificuldades de Buenos Aires, os uruguaios venceriam de maneira tranquila. Porém, o River surpreendeu, conseguiu sair na frente e ainda no primeiro tempo abriu um 2 a 0 no placar.

Um detalhe na etapa final é apontado como a causa para a esplêndida virada aurinegra.

Aos 15 minutos, Spencer cabeceou fraco e Carizzo matou a bola no peito antes de fazer a defesa.

O orgulho ferido dos uruguaios teria sido o combustível para que o Peñarol buscasse o empate e na prorrogação tirasse o título que esteve muito perto de ser do River Plate em sua primeira participação na Libertadores.

A decepção de 1976

O Cruzeiro de 1976 era uma seleção.

Raul Plassmaann, Nelinho, Piazza, Zé Carlos, Jairzinho, Palhinha e Joãozinho formavam a base do time dirigido por Zezé Moreira.

No River Plate, figuras como Fillol, Perfumo, Passarela, Sabella e Luque não deixavam para trás o forte time argentino dirigido por Ángel Labruna.

River Plate e Cruzeiro decidiram o campeão da América naquele ano.

No jogo de ida, no Mineirão, vitória fácil do Cruzeiro com gols de Nelinho, Palhinha duas vezes e Valdo; pelo River, Más descontou.

No Monumental, na volta, o River conseguiu a vitória por 2 a 1, muito mais por impor ao adversário o habitual caos do que pelo futebol.

Em 30 de julho de 1976, novamente no Estádio Nacional do Chile e mais uma vez no jogo de desempate, o River estava pronto para comemorar o título da Libertadores pela primeira vez em sua história.

O segundo jogo foi uma batalha e tirou da terceira partida Jairzinho da Raposa e quase toda a defesa titular dos Millonarios, que atuou sem Fillol e Passarela.

Apesar disso, o Cruzeiro foi ao ataque e abriu 2 a 0.

O River reagiu e empatou antes do apito final, o que indicava mais uma prorrogação, como há 10 anos.

Porém, aos 42 minutos, uma falta na entrada da área argentina.

Confusão para a cobrança e Joãozinho fez isso que você pode ver no vídeo abaixo.

Uma década depois, o River Plate disputara uma final de Libertadores, mais uma vez em ano seis e novamente saía com o vice.

Ao apito final, os argentinos quiseram briga, mas a taça iria para BH mesmo com a pancadaria.

Adeus fantasma: a conquista de 1986

Mais 10 anos se passaram e o River manteve a escrita ao chegar novamente à decisão da Libertadores da América num ano terminado em seis.

Dessa vez, o adversário seria um emergente continental: o América de Cali.

Àquela altura, os torcedores já esperavam que o River Plate fosse finalista em 1986, afinal, era essa a tradição estabelecida: a cada 10 anos, no ano terminado em seis, o River estava na decisão.

A torcida era apenas para que o desfecho fosse diferente e os Millonarios pudessem, enfim, comemorar a conquista da América.

Mais uma vez, o River tinha um time equilibrado com nomes que são idolatrados na história do clube como Nery Pumpido, Oscar Ruggeri, Américo Gallego e Antonio Alzamendi.

Na decisão, Los Diablos Rojos, turbinados pelo dinheiro do narcotráfico colombiano, viviam um momento de predominância no futebol doméstico que rendeu um pentacampeonato colombiano e a disputa de três finais consecutivas de Libertadores, mas sem conquistar o título.

Com um brutal investimento financeiro do Cartel de Cali, o time dirigido por Ochoa Uribe tinha Ricardo Gareca como a grande estrela, mas jogadores como Cabañas, Ortiz e Batagllia também se destacavam.

Em 22 de outubro, no Estádio Olímpico de Cali, mesmo em casa, o América não conseguiu segurar o River e os argentinos levaram a vitória por 2 a 1 como vantagem para a finalíssima em Buenos Aires.

No Monumental abarrotado, em 29 de outubro de 1986, enfim, o River Plate comemorou sua primeira Libertadores, após Funes anotar o gol solitário que garantiu a conquista e acabou com o azar da maldição em decisões, mas não com a saga dos anos “6".

A consagração de uma geração regida por um ídolo

O calendário não deixava dúvidas: ano terminado em seis, dez anos após a última decisão, era hora de o River Plate disputar mais uma final de Libertadores. E com direito a um plus no pacote de coincidências.

A decisão da Libertadores da América de 1996 colocou frente a frente velhos conhecidos: River Plate e América de Cali.

Além de manter a tradição de La Banda em disputar a final continental em anos terminados em seis, exatamente uma década depois do triunfo Millonario, os colombianos teriam a chance da revanche.

O dinheiro dos cartéis de narcotráfico havia diminuído consideravelmente e o América não dispunha do grande investimento de anos atrás, ainda assim, havia feito sua última grande campanha antes da derrocada que afundou o clube em anos de ostracismo.

O goleiro Córdoba, o zagueiro Bermúdez e o atacante Asprilla eram os destaques.

Pelo lado do River Plate, uma constelação que mesclava novos talentos como Sorín, Gallardo, Crespo e Ortega com o crepúsculo de Francescoli.

O genial uruguaio se aposentaria um ano depois, mas ainda regia um dos melhores River de todos os tempos e que dirigido por Ramón Díaz, inquestionavelmente jogava o melhor futebol do continente.

Assim como em 1986, o River teve a vantagem de levar a segunda e decisiva partida para o Monumental de Núñez.

Porém, se na decisão de 10 anos antes os argentinos garantiram a vitória fora de casa e precisavam apenas do empate para levantar a taça, dessa vez, o América fez valer o mando de campo e no Estádio Pascual Guerrero, venceu pelo placar mínimo com gol de Anthony de Ávila — artilheiro da competição com 11 gols —, no dia 19 de junho.

Uma semana depois, em 26 de junho, o Monumental de Núñez se vestiu de caldeirão para empurrar o River em direção ao título.

Desde o apito inicial, os Millonarios asfixiaram os colombianos e Crespo abriu o placar logo aos seis minutos de jogo.

Era preciso que a rede balançasse duas vezes para que a vantagem desse ao River a chance de erguer a taça que Francescoli deixou de conquistar em 1986, quando foi negociado meses antes daquela final.

O meia uruguaio sabia que a história o havia dado uma segunda chance e queria a redenção, por isso, deu de presente ao torcedor millonario uma exibição de gala.

Na etapa final, novamente com o centroavante Hernán Crespo, o River Plate chegou ao 2 a 0 e garantiu sua segunda Libertadores da América.

Depois de 40 anos de disputas continentais nos anos “6”, terminava com glória a saga Millonaria.

Quando a tradição completaria 50 anos, em 2006 a escrita não se repetiu.

Até às oitavas de final, tudo correu bem e o River conseguiu eliminar o Corinthians em um Pacaembu lotado, num dolorido episódio da história corintiana.

Porém, nas quartas, o confronto contra o Libertad do Paraguai deixou os Millonarios pelo caminho.

Ainda assim, havia quem esperasse por um novo ciclo e conforme se aproximava o ano de 2016, animavam-se os torcedores mais supersticiosos.

No entanto, em 2015, o time de Marcelo Gallardo se antecipou e chegou à decisão e foi tricampeão continental contra o Tigres do México, depois de deixar o arquirrival nas oitavas de final no polêmico jogo do gás de pimenta na Bombonera.

Com o comando de Muñeco, a espera de uma década para alcançar a final continental acabou.

Os Millonarios se tornaram uma potência sul-americana e dominaram a competição nos anos seguintes.

Apenas três anos depois do primeiro título da “era Gallardo”, em 2018, lá estava o River Plate mais uma vez para disputar decisão da Taça Libertadores.

O adversário foi o Boca Juniors, era a última vez em que a competição seria decidida em partidas de ida e volta e a imprensa apelidou de “Jogo do fim do mundo”, mas depois de uma monumental confusão na partida da volta, a decisão foi parar no Santiago Bernabéu, em Madrid e a conquista foi Millonaria.

Nova dose no ano seguinte. Em 2019, o River chegou à decisão novamente e durante 83 minutos foi campeão da América, mas viu Gabigol de maneira épica virar o placar para o Flamengo em apenas três minutos e naquela oportunidade ficou com o vice.

Mesmo com o insucesso do último ano, o torcedor millonario dever estar satisfeito com a nova frequência de seu time em decisões continentais.

Porém, se calhar de em 2026, o River Plate disputar mais uma final de Libertadores, ninguém vai se queixar.

Ainda mais se for sob comando de Marcelo Gallardo, um remanescente do time de 1996 e que faz reverberar nos dias de hoje os inesquecíveis 40 anos da saga “6”.

O toque que "matou" o goleiro...

Imagem: Stuart Franklin/EPA

A CBF em 2019 obteve o maior lucro de sua história e o maior do futebol em todo o Brasil...


957 milhões de reais foi o faturamento da CBF em 2019, o maior da história da entidade e o maior também do futebol em todo o Brasil...

Fonte: Máquina do Esporte

quarta-feira, maio 27, 2020

O "invasor de câmeras"...

Imagem: Catherine Ivill/AMA/Getty Images

O dia em que Ronaldinho Gaúcho pediu para parar de apanhar...

Imagem: Autor Desconhecido

Pablo Álvarez, zagueiro argentino de 36 anos, jogou três anos no Catania, de Itália, entre 2008 e 2011, conta uma história que mostra bem o pesadelo que era Ronaldinho Gaúcho para os defensores e, também, como ele apanhava...

Álvarez recorda-se de uma partida entre o Milan e o Catania, em San Siro, onde teve a missão de marcar o atacante.

"Tenho uma história com Ronaldinho. No fim do primeiro tempo de Milan versus Catania, em San Siro, estamos a caminho do vestiário, ele se aproxima de mim no túnel, tira a camisa e diz: ‘Toma, Álvarez. Por favor, não me batas mais", conta o argentino, ao ‘Crack Deportivo’, garantindo que "Ronaldinho era impossível de parar de outra forma"...

"Foi um dos melhores da história do futebol", conclui.

FC Bayern München e.V 1x0 Ballspielverein Borussia 09 e. V. Dortmund... Kimmich encobre Bürki e marca o gol da vitória dos bávaros.

Imagem: Federico Gambarini/AP

Garrincha, um improvável embaixador...

Imagem: Central Press/Getty Images

Garrincha, um improvável embaixador

Por Pedro Henrique Brandão Lopes/Universidade do Esporte


Em decadência após não conseguir novos contratos para jogar futebol e praticamente liquidado pela dependência alcoólica, Garrincha foi Embaixador do Café Brasileiro na Europa.

O dia 24 de maio é considerado o dia do café no Brasil.

O grão, que já foi o principal produto de exportação do país, teve tanta importância na economia brasileira que possuiu um órgão público exclusivo para gerir o produto com escritórios inclusive no exterior.

O Instituto Brasileiro do Café (IBC) foi extinto em 1990, mas, em 1970, o órgão empregou ninguém menos que Mané Garrincha, a Alegria do Povo.

Apesar do apelido, Garrincha andava bem triste naquele período.

Ao lado de Elza Soares, o ex-jogador, que não admitia o fim da carreira, no início de 1970, foi viver em Roma para respirar novos ares, acompanhar Elza numa tentativa de turnê internacional e, por que não, buscar um contrato em algum time europeu.


Aos 37 anos, Garrincha sofria com a decadência física natural da idade, além de uma lesão seríssima, que o atormentava desde 1963, e o principal adversário que o levaria à morte anos depois: o alcoolismo.

A estadia em Roma, porém, começou com Elza como um sucesso de crítica que lotava os teatros que recebiam suas apresentações.

Além disso, Garrincha era popular nas ruas italianas, reconhecido praticamente a cada esquina.

A cantora incentivava o marido a tentar uma aproximação com clubes europeus.

Nessa toada, Garrincha chegou a reunir-se com dirigente do Benfica e clubes menores da Itália, mas seu evidente despreparo físico e o hábito de bebericar além da conta nesses encontros, afastaram qualquer interesse dos cartolas europeus.

O máximo que o Anjo das Pernas Tortas conseguiu em sua temporada europeia foi disputar alguns amistosos amadores em que mais servia como chamariz de alguma festividade do que como jogador.

Durante essa temporada italiana, a Copa do Mundo de 1970 foi disputada no México e, pela primeira vez desde 1958, Garrincha não defenderia o Brasil no Mundial.

Pela TV, Garrincha tomou um choque de realidade com o sucesso retumbante daquele selecionado que não mais precisava de seus dribles e arrancadas.

O fim da linha no futebol parecia inevitável.

Há quase sete anos sem repetir os grandes momentos do início da carreira, Garrincha estava em claro declínio futebolístico e mental por conta do alcoolismo.

Porém, foi na capital italiana que a dependência em álcool virou o jogo sobre Garrincha.

O atacante que atormentou os maiores zagueiros do mundo passou a ser um homem comum perambulando pelas ruas de Roma e chegou a ser visto apanhando bitucas de cigarros do chão.

Tudo isso, claro, cambaleante não pela ginga com a qual encantou o mundo, mas pela embriaguez persistente.

Elza Soares, que já sofria com o alcoolismo de Garrincha há pelo menos uma década, pediu ajuda aos conhecidos e, assim, a situação do craque chegou aos ouvidos de ilustres fãs do Anjo das Pernas Tortas no Brasil.

Jarbas Passarinho, então ministro da Educação, era um dos muitos brasileiros que adoravam a magia do craque das pernas tortas.

O ministro usou sua influência e deu o aval para uma engenharia que já estava sendo montada por figuras importantes no Ministério da Indústria.

Até o então presidente/ditador Ernesto Geisel interveio junto ao IBC para que Garrincha fosse contratado, já que um ídolo brasileiro passando necessidades no exterior não seria uma boa propaganda do regime.

Enfim, o emprego saiu, mas como a sede do IBC ficava em Milão, Elza e Garrincha mudaram-se para a capital da moda.

A mudança calhou bem ao casal, que já devia aluguéis e estava prestes a ser despejado.

O salário proposto era de 1000 dólares mensais.

Para se ter ideia, o chefe do IBC recebia 1200 dólares.

O salário, junto à função, que antes não existia, e foi criada sob medida para Garrincha, causou desavenças naturais dentro do órgão e foi motivo para o craque sofrer com os olhares atravessados.

A atividade do recém criado cargo de embaixador do café brasileiro na Europa, na verdade, resumia-se à ida de Garrincha às feiras gastronômicas onde o IBC promovia a venda do produto.

Em resumo, Garrincha seria um garoto propaganda de um dos principais produtos de exportação do Brasil e compareceria apenas às tais feiras sem que houvesse sequer a obrigação de ir a todas.

Porém, o alcoolismo não permitia que Garrincha fosse aos seus compromissos.

Entre as 20 feiras agendadas para 1971, Mané foi apenas a três.

Uma improdutividade colossal e que mesmo para um cargo criado no intuito de ajudá-lo, gerava evidente desconforto no IBC.

Nas poucas oportunidades em que cumpriu com sua nova ocupação, Garrincha cometia gafes por conta de sua famosa ingenuidade.

Na biografia Estrela Solitária, Ruy Castro resgata um diálogo de Garrincha, que não falava e sequer fazia questão de tentar aprender outro idioma, com um italiano que foi ao estande do IBC apenas para conhecê-lo, mas resolveu, talvez até para puxar assunto com ídolo, perguntar sobre o café do Brasil:

“E esse café do Brasil, é bom mesmo?”

Garrincha sucumbiu à sinceridade:

“Não sei, nunca tomo. O que sei que é o fino é a pinga do Brasil”.

O intérprete, claro, não traduziu e inventou outra coisa para não constranger os presentes.

Com episódios como este e diversas ausências nas ocasiões em que deveria promover o produto brasileiro na Europa, o emprego no IBC não duraria muito e tudo indicava uma demissão.

Garrincha antecipou-se.

Aproveitou um convite recebido por Elza Soares para uma turnê brasileira e pediu seu desligamento do Instituto Brasileiro do Café para acompanhar a esposa de volta ao Brasil, em dezembro de 1971.

A passagem pela Itália foi mais um capítulo da hercúlea batalha que Elza Soares travou para salvar o amor de sua vida da autodestruição.

Garrincha foi implacável consigo como fora com os zagueiros que enfrentou.

Elza esforçava-se para conseguir mostrar caminhos e possibilidades de ajuda ao craque, o IBC foi mais uma das tantas oportunidades que Garrincha driblou, talvez inconscientemente, mas que acabaram por levá-lo ao fim inglório que teve.

Outra reflexão que a passagem de Garricha pelo IBC desperta é sobre a relação perniciosa que o Estado mantém ao se aproveitar do capital de imagem de ídolos do esporte.

E para quem pensa que isso seja coisa do passado, basta retomar o recente caso em que Ronaldinho Gaúcho foi nomeado embaixador do turismo brasileiro e passou a figurar no quadro de funcionários da Embratur, mesmo com os passaportes retidos na Justiça da Espanha.

Um contrassenso imensurável.

Se na origem da nomeação constavam motivos diferentes da oportunidade em que Garrincha serviu ao IBC, de maneiras distintas, os fins desejados em ambas as situações eram os mesmos: usar a imensa popularidade dos jogadores para embarcar o governo na onda de aprovação pública dos atletas.

Não por acaso o paralelo acontece com um jogador que guardadas as proporções experimentou uma ascensão e queda tal qual Garrincha e ficou marcado por surgir em ocasiões estranhas ao mundo esportivo como foi a participação dos dois em órgãos públicos.

No retorno ao país, o calvário de Garrincha com o alcoolismo continuaria até 20 de janeiro de 1983, quando aos 49 anos de idade, morreu vitimado sobretudo por uma tristeza que contrastava com a Alegria do Povo, completamente liquidado pela dependência e com passagens folclóricas, como o período em que foi o Embaixador do Café Brasileiro.

O trabalho da imprensa nos estádios em tempo de pandemia...

Imagem: Reuters

O quanto a Globo ainda precisa para aos clubes cariocas pela parte final do campeonato...


25 milhões de reais é o quanto os clubes precisam receber da Globo pela parte final do acordo de cessão dos direitos de mídia do Estadual do Rio de Janeiro...

Fonte: Máquina do Esporte

terça-feira, maio 26, 2020

Estádio Prenton Park, casa do modesto Tranmere Rovers FC - Birkenhead, Merseyside,Inglaterra...

Imagem: Nigel Frenc/PA

Morreu Vadão, o arquiteto do Carrossel Caipira...

Imagem: Autor Desconhecido

Vadão, o arquiteto do Carrossel Caipira

O treinador Oswaldo Alvarez, o Vadão, morreu nesta segunda-feira, aos 63 anos, vítima de um câncer hepático.

No início dos anos 1990, Vadão foi o criador do Carrossel Caipira, um time do Mogi Mirim que revolucionou o futebol brasileiro

Por Pedro Henrique Brandão Lopes

A Copa do Mundo de 1990 trouxe um trauma para o brasileiro que aprendia a gostar de tática.

O 3–5–2 de Sebastião Lazaroni decepcionou e ganhou a pecha de esquema falho, já que não permitia atacar como tradicionalmente o torcedor da Amarelinha gostava e nem fazia da defesa uma fortaleza intransponível - Caniggia e Maradona que digam - como se esperava.

Naquele cenário era improvável que qualquer treinador ariscasse o pescoço contra o estigma do esquema tático.

Apenas alguém que estivesse livre dos preconceitos da área e leve das responsabilidades de treinador poderia experimentar o 3–5–2, àquela altura sinônimo de fracasso.

É preciso coragem ou falta de opção para tentar o diferente e assim era o ambiente do Mogi Mirim em 1992.

Depois de uma péssima campanha no Campeonato Paulista de 1991, último colocado do grupo verde, o presidente Wilson Fernandes de Barros decidiu dar novos ares ao futebol do clube e montou a equipe apenas com jovens jogadores formados na base ou contratações sem renome.

No comando da experiência, Oswaldo Alvarez, um novato.

Vadão era preparador físico do clube e foi convencido pelo presidente a dirigir a equipe.

Aceitou por ter carta branca para tentar algo novo e surpreendeu por apresentar uma revolução no estilo de jogo brasileiro.

Com tempo de sobra para treinar antes da estreia, aquele time serviu como laboratório para inovação tática no Brasil.

Inspirado na Laranja Mecânica de Rinus Michels, em 1974, Vadão montou uma equipe extremamente veloz na saída de bola e com imensa consciência tática que permitia aos jogadores não guardarem posições fixas.

Despretensiosamente, Vadão conseguiu romper com a tradição dos pontas do futebol brasileiro e repaginou um conceito da última grande inovação do futebol mundial: o elemento surpresa vindo de trás.

Foi uma mudança de paradigma na tática do futebol brasileiro, pois até o início dos anos 1990, os times eram montados a partir das ações ofensivas dos pontas.

O ataque era pensado pelos lados do campo e Vadão percebeu que havia um vácuo no meio-campo.

Claro que era preciso talento e qualidade técnica para colocar em prática o ousado esquema.

Rivaldo, Leto e Válber eram os responsáveis pelo gingado brasileiro do Carrossel Caipira.

Com versatilidade para entender o pensamento do treinador, o trio passou a atuar de maneira diferente da que estavam acostumados.

A fórmula deu certo e nas temporadas de 1992 / 93, o time do interior paulista teve um destaque que não se equiparava ao modesto orçamento.

No primeiro ano, o Sapão da Mogiana foi campeão da Copa 90 Anos de Futebol, organizada pela Federação Paulista com os times do interior.

Em 12 confrontos, o Carrossel Caipira perdeu apenas uma partida.

No Paulistão, o Mogi liderou o grupo B e se classificou para o quadrangular semifinal, porém, não conseguiu a classificação às finais pelo saldo de gols.

Em 1993, novamente campanha acima da média do Sapão.

Apesar de não conseguir a classificação para a segunda fase do Paulistão, no Torneio João Havelange - uma espécie de mini Rio/SP -, eliminou o Corinthians nas semifinais e ficou com o dolorido vice-campeonato frente ao Vasco da Gama, nos pênaltis, depois de devolver um 4 a 0 na decisão.

Antes do final do ano, mais um título.

No Torneio Ricardo Teixeira, que classificava à segunda divisão, vitória sobre o Bangu nas semifinais e apenas uma derrota na competição, o Mogi sagrou-se campeão.

O sucesso, porém, custou caro ao Mogi Mirim, pois os grandes clubes da capital avançaram ferozmente sobre os talentos lançados por Vadão.

Corinthians e Palmeiras se reforçaram com jogadores do Sapão, até reservas foram negociados e, em 1994, sem seus principais atletas, o Mogi acabou rebaixado no Paulistão.

Vadão deixou o clube após o rebaixamento e iniciou uma trajetória que o levou a dirigir 18 equipes em 28 anos de carreira.

Fez história pelos times de Campinas, onde dirigiu tanto Guarani como Ponte Preta e ostenta o feito de nunca ter perdido um único Dérbi Campineiro, em nove clássicos que disputou- cinco vitórias (quatro pelo Guarani e uma pela Ponte) além de quatro empates.

Ainda comandou o São Paulo, onde é considerado o responsável por promover Kaká ao time profissional, Corinthians e a Seleção Brasileira Feminina, este seu último trabalho e o mais questionado.

Implacável, o tempo deixou o vanguardista de outrora, ultrapassado no trabalho feito com na Seleção Feminina e, por isso, após a eliminação na Copa do Mundo de 2019, Vadão foi demitido e deu lugar a Pia Sundhage.

É assim com todos, uma hora a novidade fica velha e cede espaço.

Marta, Cristiane e inúmeras personalidades do esporte e da imprensa além de clubes se manifestaram nas redes sociais lamentando o falecimento de Vadão e uma característica é constante: a gentileza com que lidava com as pessoas.

Oswaldo Alvarez foi um personagem marcante na modernização do futebol brasileiro.

Com poucos recursos conseguiu montar um time diferente, que jogou o melhor futebol no Brasil no ano de 1992 e que para sempre será lembrado como o Carrossel Caipira, a maior herança futebolística que Vadão deixará ao esporte.

Para além disso, nos relatos de quem conviveu com o treinador, Vadão foi um homem digno, profissional comprometido e que deixou no duro meio do futebol sua marca além das quatro linhas com sua gentileza conquistou amigos leais e uma família afetuosa, essa sua herança definitiva como ser humano.

As equipes de higienização finalmente ganharam a notoriedade que sempre deveriam ter tido...

Imagem: Pool/AFP/Getty Images

Goleiro argentino é preso por dirigir na contramão e portar cocaína no veículo...

Imagem: Autor Desconhecido

Carlos Franco, goleiro do Belgrano, foi preso por dirigir na contramão durante a quarentena, sem ter a necessária autorização para circular...

Mas, pior do que isso, a polícia encontrou cocaína no veículo.

Em entrevista à 'TyC Sports', Carlos Franco contou que teve de sair de casa por causa de um problema de saúde do filho.

"A primeira coisa que fiz foi procurar uma farmácia. A questão é que não me dei conta que entrei por uma rua na contramão e a polícia me parou e pensou que eu estava bêbado", explicou.

O jogador disse ainda que tinha saído do carro quando os agentes encontraram a droga e que "não viu a revista de seu carro pelos policiais".

Sobre a cocaína encontrada, afirmou: "Não é minha"...

O seu empresário já veio a público garantir que o carro era usado por muita gente.

Carlos Franco confirmou a afirmação do empresário e disse que habitualmente empresta a veículo a "primos e amigos", garantindo que tem "muita confiança neles"...

Apesar das explicações, não deve escapar a um processo judicial.

O Belgrano informou em nota oficial que ainda não se posicionou...

A direção prefere esperar o que fará a justiça.

Nick Wright marca o primeiro gol do Watford na vitória sobre o Bolton Wanderers na final da First Division (Segunda Divisão) em 1999...

Imagem: Action Images

Flamengo é multado por impedir fiscalização da prefeitura...


2,9 mil foi o valor da multa aplicada ao Flamengo por impedir que fiscais da prefeitura do RJ entrassem no CT do clube na quinta-feira (21)...

Fonte: Máquina do Esporte

segunda-feira, maio 25, 2020

Ferenc Puskas, marca para o Real Madrid na final da Copa dos Campeões da Europa de 1959/1960... Real Madrid 7x3 Eintracht Frankfurt.

Imagem: PA

A respeitosa posição de Felipe Massa em relação as informações sobre estado de saúde de Michael Schumacher...

Imagem: Autor Desconhecido

Felipe Massa, contou no programa 'Expediente Futebol', da Fox Sports, que visitou Michael Schumacher na Suíça...

O ex-piloto - que já afirmou várias vezes que o alemão foi o seu melhor amigo na Fórmula 1, quando ambos estavam na Ferrari, em 2006 -, falou sobre a visita, mas se recusou a contar detalhes sobre o estado de saúde do amigo, respeitando o desejo de sua mulher, Corinna Schumacher, que sempre se negou a detalhar a real condição de Schumacher.

"Sei como está, tenho informações. A minha relação com ele sempre foi muito próxima. Com a mulher, Corinna, nem tanto, porque ela não ia muito às corridas. Mas o principal de tudo é que a situação não é fácil, está numa fase difícil... Devemos respeitá-lo, como tem sido feito pela família. Eles não gostam de revelar nenhuma informação e quem sou eu para o fazer?", questionou Massa...

"Sonho e rezo todos os dias para que melhore, para que apareça num circuito, especialmente agora, que tem um filho seguindo seus passos”, referindo-se a Mick Schumacher, campeão do Mundo de Fórmula 3 e que já se estreou na Fórmula 2.

Michael Schumacher, sete vezes campeão do Mundo de Fórmula 1, sofreu em dezembro de 2013 um acidente quando esquiava nos Alpes franceses com o filho, Mick...

Schumacher foi vítima de um grave traumatismo craniano, foi operado duas vezes e durante vários meses esteve em coma induzido.

O heptacampeão mundial de F1 deixou o hospital e regressou à sua casa em Lausanne (Suíça) 254 dias depois do grave acidente...

A partir desse momento, as informações sobre o estado de Schumacher foram cada vez mais escassas e sempre muito controladas pela mulher, que faz de tudo para preservar a privacidade da família.

Houve um tempo em as pessoas iam aos estádios, sorriam, choravam, se abraçavam e voltavam felizes para seus lares...

Imagem: Peter Byrne/PA

O abraço de gratidão que pode gerar uma punição...

Imagem: Skysport

Dimitrij Nazarov, jogador do Azerbaijão que veste a camisa do Erzgebirge Aue, da Bundesliga 2, atropelou as regras de distanciamento que vigoram no futebol alemão...

O fato aconteceu na partida disputada contra o Nuremberg, na última sexta-feira.

Nazarov marcou um gol de cabeça e correu para a linha lateral e abraçou Thomas Romeyke, o motorista da equipe...

Depois, explicou a razão do efusivo abraço em Romeyke.

“Ele salvou a equipe”, contou...

“Na estrada, na véspera do jogo, Romeyke conseguiu controlar o ônibus, quando o veículo foi atingido por destroços de um outro carro, que tinha sofrido um acidente. Ele salvou as nossas vidas. "Se não tivesse reagido tão rápido como fez, ninguém sabe o que podia ter acontecido”, concluiu.

Nazarov espera agora que os dirigentes façam "vista grossa" ao acontecido e que não o punam...

“Foi a forma que encontrei para demonstrar minha gratidão.”

No estádio vazio o câmera solitário está pronto para levar as imagens para quem, em casa, gostaria de estar junto a ele...

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Presidente do Lyon diz que francese foram idiotas ao encerrar o campeonato e entra na justiça contra a decisão da liga...

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O presidente do Lyon, Jean-Michel Aulas, afirmou que os franceses foram “idiotas” ao dar por encerrado o campeonato há um mês devido a pandemia de coronavírus, enquanto outros países, agora, retornam suas competições...

Em entrevista publicada neste domingo pelo jornal L’Equipes, presidente do Lyon considera que o exemplo da Espanha comprova sua afirmação.

Líder das equipes que não concordaram com a antecipação do fim campeonato francês, Aulas criticou fortemente os dirigentes da Liga Francesa...

O motivo da recusa do mandatário do Lyon em aceitar a decisão de encerrar a temporada foi porque o Lyon estava fora das competições europeias pela primeira vez desde o final dos anos 90, mas poderia conquistar uma vaga caso a competição tivesse continuado.

"Há dois meses, os líderes espanhóis estão observando e trabalhando com a UEFA. Paradoxalmente, Javier Tebas (presidente da Liga Espanhola) esteve nas mesmas reuniões que Didier Quillot (gerente geral da liga francesa)", disse o presidente do Lyon...

Segundo Aulas, a UEFA pediu "paciência", mas os líderes franceses se apressaram: "Acho que foram idiotas". "Os outros países tiveram a possibilidade de escolher. Tebas disse que um final seria um pesadelo e que serviria apenas a interesses pessoais. Os protocolos de saúde agora são padronizados. A UEFA lançou um protocolo que nem sequer foi visto na França. É um escândalo absoluto ", acrescentou.

Aulas reconhece que o retorno traria "riscos", mas considera que valeria a pena tentar e que o fim do campeonato francês foi decidido "baseado em argumentos falsos"...

Foi "um erro grave que custará várias centenas de milhões de euros" para os clubes ".

"É paradoxal que um país como a Espanha, que foi mais afetado do que a França pela pandemia, tenha refletido e encontrado soluções. E acho que eles têm um comitê científico pelo menos tão relevante quanto aquele que o presidente Macron consulta", afirmou...

"Mas eles não se apressaram. Aqui, aqueles que continuarem a justificar uma decisão que foi um grave erro assumirão uma responsabilidade", disse ele.

Aulas observou que ainda há tempo para retificar e retomar o campeonato como as outras grandes ligas estão fazendo...

O presidente do Lyon denunciou a decisão de encerrar a liga perante os tribunais.