Imagem: F1
Monza marca o fim: 43 anos e 739 corridas depois, a família Williams vai
deixar a Fórmula 1
Claire Williams, filha do fundador Sir Frank Williams, que substituiu o
pai em 2013 no comando da histórica equipe, anunciou que deixará a Williams
logo após o GP Itália.
A decisão surge pouco tempo depois da escuderia ser vendida à Dorilton
Capital.
O renascer da Williams será feito à margem da família, mas a equipe
deverá manter o nome
Por Lídia Peralta Gomes/Tribuna Expresso (jornal português)
O GP Itália, que neste fim de semana se disputa em Monza, marcará o fim
de uma era na Fórmula 1.
Claire Williams, filha de Sir Frank Williams e que substituiu o pai à
frente da equipe que este fundou, anunciou que deixará o cargo de deputy team
principal logo após a corrida na Itália, uma decisão acontece poucas semanas
após a histórica escuderia britânica ter deixado as mãos da família, com a
venda à Dorilton Capital.
Foram 43 anos e 739 corridas, sete títulos mundiais de pilotos e nove de
construtores, sempre com Frank ou Claire Williams ao leme.
Porém, os últimos anos muito complicados em termos de performance e
resultados, deixaram a estrutura em dificuldades financeiras, precipitaram a
venda e, agora, a saída definitiva da família da equipe e da Fórmula 1.
"É com um peso no coração que me afasto do meu papel na equipe.
Gostaria de ter continuado o meu trabalho para o futuro e preservar o legado da
família Williams para a próxima geração, mas precisamos buscar investimento
este ano, devido a uma série de fatores, alguns deles fora do nosso controle, o
que resultou na venda à Dorilton Capital", disse Claire Williams, em declarações ao site
oficial da Fórmula 1.
"Esta é a decisão certa. Sei que encontramos as pessoas certas para
levar a equipe novamente aos primeiros lugares do grid, ao mesmo tempo que
preservarão o legado da Williams. Decidi sair para que a Dorilton tenha um novo
começo. Não foi uma decisão fácil, mas acredito que é a melhor para todas as
partes envolvidas", continuou a filha de Sir Frank Williams, que revelou ainda que os novos
proprietários vão manter o nome Williams na equipe.
Claire, numa emocionada despedida, sublinhou ainda o privilégio de
"ter crescido com a equipe e no maravilhoso mundo da Fórmula 1".
Ainda muito cedo a britânica de 44 anos, que dirigia as operações do dia
a dia da equipe desde 2013 apesar de oficialmente o pai ainda ser o diretor,
entrou no mundo da F1, primeiro para acompanhar o pai e mais tarde começou a
trabalhar, inicialmente na área de comunicação do circuito de Silverstone e, a
partir de 2002, na Williams.
A Dorilton Capital queria que Claire continuasse a liderar a Williams,
mas esta decidiu que era hora de sair.
O recomeço da Williams vai fazer-se sem os Williams.
"Adorei todos os minutos e vou ser sempre grata pelas oportunidades que
me foram dadas. Mas este é também um esporte desafiante e agora quero ver o que
o Mundo lá fora me reserva. Mais importante, quero passar mais tempo com a
minha família", disse ainda.
Do Êxito às Dificuldades
A Williams chegou à Fórmula 1 em 1977 e venceu o primeiro título de
pilotos e construtores logo em 1980: o australiano Alan Jones foi o primeiro a
levar um carro da Williams ao título.
Em 1982 voltou a chegar ao título de pilotos com Keke Rosberg, em 1987
com Nelson Piquet, em 1992 com Nigel Mansell, em 1993 com Alain Prost, em 1996
com Damon Hill e no ano seguinte com o canadense Jacques Villeneuve.
A equipe viveu o momento mais difícil da sua história: em 1994, no GP San
Marino, em Ímola, Ayrton Senna morreu ao volante de um Williams.
A Williams foi campeã de construtores nesse ano.
No total, o clã Williams conseguiu 114 vitórias na Fórmula 1,
maioritariamente nos anos 80 e 90.
O novo século afastou a Williams do grupo dos fortes candidatos ao título
e a última vitória foi já no longínquo ano de 2012, quando o venezuelano Pastor
Maldonado venceu o GP Espanha.
Entre 2015 e 2017, a equipe foi uma das mais competitivas do grid, mas as
temporadas de 2018, 2019 e 2020 viram a Williams afastar-se de forma quase
catastrófica do pelotão da frente.
Em 2018 conseguiu fazer apenas 7 pontos, em 2019 apenas um ponto e este
ano ainda procura a primeira posição entre os lugares pontuáveis.
Uma extensa restruturação da equipa estava em preparação, com mudanças em
vários departamentos, mas o investimento necessário para apostar ainda mais no
definitivo regresso aos bons resultados estava fora das possibilidades da
família Williams, o que levou a opção pela venda.