segunda-feira, setembro 25, 2006

Fabrica de moer talentos...


O esporte no Brasil sobrevive da teimosia de alguns, da perseverança de uns poucos e do talento dos atletas que fazem do esporte sacerdócio.
Nunca tivemos uma política séria voltada para o esporte, nunca os governos viram os esportes como uma importante via de inclusão social e de cidadania.
Com isso perdemos a chance de poder enfrentar as drogas, a criminalidade e a falta de perspectiva de milhões de jovens por esse país a fora. Perdemos mais, perdemos talentos, que desanimados por não terem nem estrutura nem apoio desistem no meio do caminho.
Nunca consegui entender as razões pelas quais as escolas não investem em esporte, nem o porquê da desvalorização dos professores de educação física que aos poucos, perderam espaço na grade curricular e se viram obrigados a ser animadores de recreio ou montarem equipes mambembes para disputa de jogos escolares incipientes e de qualidade duvidosa.
Não posso imaginar que uma semana ou quinze dias por ano possam representar algum ganho esportivo para qualquer estudante que venha a participar dos tais jogos escolares.
Não posso imaginar que um ou dois professores possam coordenar, organizar, selecionar e treinar alunos em tantas modalidades, mesmo restritos a um estabelecimento de ensino apenas. Como preparar atletas sem o equipamento necessário?
Como medir as possibilidades de cada um sem ter a disposição um laboratório minimamente pronto para dar suporte a uma avaliação séria sobre as reais condições de cada menino ou menina que abraça o esporte?
Essas são perguntas simples e com certeza de fácil resposta, mas o desinteresse é perceptível quando olhamos a estrutura que nossas escolas põem a serviço de professores e futuros atletas.
Nas escolas públicas a pobreza é franciscana e nas particulares, salvo uma ou outra exceção, temos mais bijuteria a enganar leigo e a justificar extorsivas mensalidades que estruturas realmente condizentes com a formação de esportistas e aptas a receber competições sérias.
Esse é o retrato do esporte escolar no Brasil e é assim que ainda moços, garotos e garotas resolvem deixar de lado o sonho de um dia virem a ser atletas ou ao menos ganhar uma medalha e resolvem cuidar da vida, pois cedo aprendem que no esporte a “morte” é certa.

Fernando Amaral.

2 comentários:

Hugo Câmara disse...

Perfeita colocação Fernando. Seu Blog está muito bom. Parabéns.

Hugo Câmara disse...

Parabéns por essa matéria e pelo seu blog. Comentários precisos, mesmo que por muitas vezes polêmicos. Mas acredito que a polêmica faz parte dos homens de coragem (que não ficam em cima do muro). Um abraço.