A notícia veiculada por Marcos Lopes e depois, repercutida na Radio Globo na resenha de meio dia, não me causa nenhum espanto ou comoção, pois como venho afirmando há tempos, o futebol brasileiro é em sua esmagadora maioria, composto de times de mentira, disputando torneios de mentira e proporcionando a sujeitinhos medíocres a possibilidade de 15 minutos de fama.
Se alguém for esperar minha concordância e simpatia com esse tipo de “profissionalismo”, perde seu tempo...
O Real Sociedade Independente (de Padre Miguel) com sede em Jardim de Piranhas no Rio Grande do Norte é apenas mais um, entre os muitos clubes de mentira que infestam o país, mas, infelizmente nada será feito, pois o Brasil com sua mania de grandeza e suas espertezas, jamais conseguirá compreender que essa estúpida quantidade, mata a possibilidade de atingirmos alguma qualidade...
Só mesmo o rico, organizado e poderoso Brasil, teria condições de manter mais de 800 equipes profissionais de futebol espalhadas por 5.507 municípios.
Porém, esse rico e organizado país, só consegue manter disputando algum tipo de torneio oficial, apenas 7% dos municípios, os outros ninguém sabe, ninguém vê.
A paupérrima Holanda com suas casas de palafita a desafiar o oceano, comporta apenas 38 equipes profissionais, mas mantém jogando o ano todo em suas ligas de sábado e domingo, mais de 900 equipes amadoras.
Na indigente Alemanha, país que vive as voltas com desemprego, miséria e outras mazelas de nação pobre, são 110 equipes profissionais, mas cerca de 800 equipes amadoras disputam campeonatos a nível nacional durante toda a temporada.
Outro triste exemplo é o da Inglaterra, nação que ocupa uma ilha nevoenta, chuvosa e com altos índices de famélicos...
Nessa ilha, 98 clubes são profissionais e os mais de 600 amadores, têm seu espaço preservado em campeonatos com a mesma duração dos campeonatos profissionais...
Outros países que vivem duras realidades econômicas e sociais, como Espanha, França, Itália, Noruega, Dinamarca, Suécia e Finlândia, possuem limitações no número de clubes profissionais, mas todos eles têm campeonatos amadores organizados a nível nacional e regional que permitem disputas de animadas competições o ano todo...
Coincidentemente, todos os clubes amadores desses países, podem chegar à condição de profissionais, basta para isso, galgarem divisão por divisão em sua categoria e depois, provarem que estão aptos a enfrentar as duras condições impostas, a quem se propõem a pagar salários.
Talvez por serem pobres e pouco criativos, esses países dão aos amadores a oportunidade de participar de suas Copas Nacionais e, qualquer um pode vir a ser campeão...
Hoje o maior campeonato oficial do mundo, é a Copa da França que reúne mais de 6.000 equipes de todo o país e de suas colônias e territórios ultramarinos.
Portanto, pode-se concluir que não existe nesses países nenhum tipo de discriminação ou exclusão e que as equipes amadoras continuam a revelar jogadores que mais tarde podem ser utilizados pelas grandes equipes.
Mas, isso é coisa de gente pobre e burra, o Brasil é culto demais, rico demais e tem gênios demais para copiar um modelo tão sem futuro como esse.
Então, viva o futebol de mentira e seus representantes.
Para não ficar apenas nos clubes, falemos um pouco dos protagonistas; os jogadores:
O protagonista principal dessa trama, o jogador, não tem consciência de classe e tão pouco está preocupado, sequer com seu próprio futuro; jogador de futebol vive o hoje e se satisfaz com os paparicos voláteis de jornalistas, torcedores e dirigentes.
Esses dias li um colega que afirmava jamais ter ouvido um jogado de futebol falar mal de outro e então pensei; ou meu colega é ingênuo ou, pouco investiga sobre o dia a dia dessas curiosas criaturas, pois jogador de futebol bom caráter nesse país, é exceção e não regra.
Nunca veremos no Brasil, atletas paralisarem uma rodada inteira desde a primeira até a última divisão, em função do descumprimento por parte de clubes de suas obrigações trabalhistas.
Na vizinha Argentina o sindicado dos jogadores já paralisou várias vezes o campeonato local, ao descobrir que na terceira ou quarta divisão, havia salários em atraso ou acordo pós- rescisão descumprido.
Agora mesmo no Uruguai, o sindicado dos jogadores de futebol, deu um ultimato aos clubes com salários atrasados: “ou pagam até sexta feira, ou paramos”...
Com essas palavras Enrique Saravia, representante dos jogadores encerrou a reunião com os dirigentes do Nacional e Peñarol cujas dividas com atletas, somam algo em torno de 160 mil e 50 mil dólares respectivamente.
No ano passado, a União Nacional dos Jogadores de Futebol Profissional (UNFP) francesa, ameaçou paralisar o campeonato francês da primeira e da segunda divisão, em virtude de uma proposta dos dirigentes dos clubes que visava mudar a composição do Conselho de Administração da Liga de Futebol Profissional (LFP), beneficiando os clubes e prejudicando a representação dos jogadores na entidade.
Philipe Piat presidente da UNFP peitou a cartolagem e venceu...
Quando no Brasil ouvimos por parte de um “medalhão” qualquer manifestação em favor de companheiros com salários atrasados, cheques sem fundo na mão ou dispensados por terem se machucado e o clube não querer arcar com os custos do tratamento?
Lembro de apenas dois e curiosamente, ambos hoje são médicos...
Afonsinho na década de 70 no Rio de Janeiro e Sócrates mais recentemente.
Pelé, Zico, Romário, Kaká, Ronaldo e tantos outros, sempre foram dóceis com a cartolagem e jamais levantaram suas vozes em defesa de seus companheiros menos afortunados.
Então, um viva aos que vivem a mentira de serem atletas profissionais.
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