Existe uma questão no ar e eu, ainda não havia me posicionado a respeito...
Não havia...
Por que as próximas letras que teclar, formarão palavras, as palavras frases, as frases parágrafos e os parágrafos formarão um texto completinho, onde depois de publicado, não haverá mais como retornar...
Escrever e assinar; é o compromisso mor, mesmo que, mormente, os canalhas exijam exame de caligrafia para fugir da palavra escrita e empenhada.
Voilà, diria eu mesmo numa crise de soberba: que belo preambulo!
Para logo cair na real e pensar: tomara o principal siga o mesmo padrão...
Xi...
Lá vem mais uma crise em que a soberba e a insegurança se digladiam...
Acho que é normal...
Coisa de gente iletrada, pouco culta e que se imagina capaz de poder manter uma relação igualitária com tantos e tantos escribas notórios.
Preâmbulos à parte, soberba e insegurança idem, vamos abrir a porta e adentrar na sala onde a polêmica se faz presente.
Voltaram às especulações sobre a permuta do velho Juvenal Lamartine (para quem não reside em Natal, o Juvenal Lamartine é um pequeno estádio incrustado numa das mais nobres áreas da cidade e que foi inaugurado em 28 de dezembro de 1928), por um terreno em princípio na zona norte, mas podendo ser alhures, onde se construiria um novíssimo estádio...
Sou contra!
Furiosamente contra!
Radicalmente contra!
E o que é pior não tem nenhum argumento inteligente ou explicação racional por trás dessa minha posição...
Sou contra, apenas pelo meu apego a algumas coisas construídas em tempos idos e que acabaram ser tornando símbolo de uma época...
Sou apaixonado pelos telefones negros, robustos, com disco giratório e que me remetem a tempos tão bons de minha vida...
Ainda me emociona ver velhas fotos da belíssima DKW (Dampf-Kraft Wagen), um carro fabricado no Brasil pela VEMAG (Veículos e Máquinas Agrícolas), sob licença da Auto Union GmbH de Düsseldorf na Alemanha...
Meu avô teve uma DKW Vemaguete, que era a perua (com se chama hoje?) e meu pai, um DKW sedan, que ele orgulhosamente, apresentou a minha mãe, a mim e meus irmão, como o carro mais caro da fábrica...
Não dá para esquecer tempos assim...
Pois é...
Tenho apego a certos símbolos e por essa razão, meu coração ficou ressabiado, minha alma contrita e meu semblante acabrunhado quando vi os ingleses demolido o velho Wembley...
Hereges...
Infiéis...
Blasfemos...
Essas foram às palavras que me vieram à mente – logo eu, um ateu – para qualificar os autores de tamanha “monstruosidade”...
Naquele dia, execrei a velha Inglaterra e seu povo, por terem permito que um patrimônio dos amantes do futebol de todo o planeta, fosse tão brutalmente “espancado” por martelos, furadeiras, britadeiras e todo tipo de objetos perfurantes, cortantes e contundentes, até que sem vida caísse em milhares de pedaços...
Em seu lugar surgiu um novo estádio – é bonito não posso negar – repleto de modernidade, luxo, conforto e cercado pelo brilho de mil luzes...
Mas não chega aos pés do velho Wembley...
Não tem seu cheiro, seu charme, seu glamour e sua história...
Jamais haverá lá, um jogo como o de 25 de novembro de 1953, quando o ataque húngaro, formado por Czibor, Hidekguti, Puskás e Kocsis (naquele tempo, ainda não tinham inventado o medo e as equipes jogavam com quatro atacantes), estraçalhou o English Team, impondo um vexatório 6x3 e marcando a primeira derrota inglesa em seu próprio solo.
Esse novo Wembley, belo monumento à modernidade, precisará envelhecer como o velho Wembley para ousar se igualar...
Sou assim, gosto dos velhos símbolos...
Talvez por isso, os Uhlans me pareçam mais e garbosos que os blindados, as galés, mais charmosas que os porta-aviões e os biplanos, mais belos que os F-16...
Por esses e muitos outros motivos, sou contra a demolição do velho JL para que em seu lugar surja um monte espigões luxuosos a abrigar uma gente impiedosa e sem alma...
Gente que irá residir sobre o solo sagrado do nosso futebol, mas que nem se dará conta disso.
Não vivi em Natal os áureos tempos em que ABC, Alecrim e América disputavam acirrados prélios diante de uma torcida apaixonada, mais civilizada e que lotava as arquibancadas, as tribunas e as gerais do velho Juvenal...
Mas, também nunca vivi na Berlim no século IX, e nem por isso, deixo de imaginar a pompa da capital do Deutsches Reich, sob o comando da Casa dos von Hohenzollern...
Seja lá o que vão construir depois, jamais será o mesmo e jamais se igualará ao velho Juvenal Lamartine...
Essas são minhas razões...
São loucas, são poucas, mas foram, as que encontrei!
Um comentário:
Fernando,
Demorei, mas encontrei...
http://www.fnf.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=940:&catid=25:&Itemid=74
Esta é uma notícia de maio de 2010.
É sobre um projeto de reforma do JL. Ao lembrar disso, algumas questões surgiram em minha mente:
1- O que será que fez José Vanildo mudar de opinião? Desistir da reforma a resgatar essa ideia da permuta?
2- É interessante notar também que depois de retomada essa questão da permuta, coincidentemente ou não, o agora deputado estadual Tomba resolveu fazer oposição à atual gestão da FNF...quais seriam as verdadeiras intenções de Tomba à frente da FNF?
Não peço para respondê-las, pois seriam apenas suposições, creio eu, assim como tenho as minhas sobre isso. Só tenho uma certeza, o tempo cuidará de nos dar essas respostas.
Abraços,
Rodrigo.
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