terça-feira, junho 18, 2013

Aos que protestam: nem sempre baderneiro foi sinônimo de arruaceiro...



Aaron Schain, publicou em seu perfil no Facebook a origem da palavra baderneiro...

Li, achei interessante e fui em busca de mais informações.

Os dicionários nos mostram seu significado: Que cria baderna, que gera desordem, que faz arruaça...

Ou então: Que é dado a farras, a boemia; farrista; boêmio.

Mas sempre foi assim?

Onde tudo começou?

Começou com Marietta Maria Baderna, como nos explica, William Pereira.

Nascida na Itália, em 1828, na cidade de Piacenza, filha do médico e músico Antônio Baderna, Marietta foi aluna do coreógrafo Carlo Blasis. 

Estreou aos 12 anos em sua cidade natal, e logo integrava a companhia de dança do teatro Scala de Milão. Nessa época a Itália estava fervendo politicamente, buscando a unificação, e ocupada pela Áustria. Marietta era militante, seguidora de Giuseppe Mazzini, e obedecia a ordem da diretiva revolucionária de não participar da vida artística enquanto os austríacos estivessem na Itália.

Por perseguição política, exilou-se com o pai no Brasil, em 1849. 

Se estabeleceram no Rio imperial, e Marietta fez sucesso no palco, conquistando o público do Teatro São Pedro de Alcântara. 

Talentosa, de espírito rebelde e contestador, arrebatava o coração dos jovens "badernistas", que era um grupo criado por fãs em homenagem a ela. 

Segundo biógrafos, no início os cariocas usavam o termo baderna para indicar coisas muito belas. 

Somente depois de a dança ser considerada fator de corrupção da juventude, a palavra assume os significados atuais.

Sempre à frente de seu tempo, Baderna se interessou pelos ritmos afro-brasileiros e saiu às ruas para ver o requebrar das mulatas. 

Em pouco tempo foi considerada a musa do lundum, da cachuca e da umbigada, danças com movimentos bastante ousados para a época de Dom Pedro II. 

Era uma estrela de grande porte, rivalizando até com as divas do canto lírico.

Interessante que sempre que os moralistas tentavam boicotá-la (diminuindo seu tempo no palco, ou a colocando em segundo plano), os badernistas protestavam, batendo os pés no chão e interrompendo o espetáculo. 

Ao término da apresentação, saíam do teatro batendo os pés e gritando o nome da musa: Baderna.

Havia quem dissesse que Marietta bebia demais e era viciada em absinto, além de ser muito namoradeira. 

Triste que seu estilo transgressor e libertário tenha perdido para o conservadorismo. 

Voltou com o pai para a Itália, e sua carreira entrou em decadência.

Morreu em 1870.


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