As suspeitas relações do esporte
com os poderes da República
Por José Cruz
A varredura internacional nos
bastidores do futebol nos remete a algumas memórias.
No Brasil, políticos,
autoridades de governo em geral e cartolas já tiveram relação próxima e, em
muitos casos, trocas de favores, principalmente na era “Ricardo Teixeira''.
Deputados e senadores que
defendem os interesses da CBF no Parlamento, por exemplo, são recompensados com
ingressos para jogos da Seleção Brasileira, com fartura, para beneficiar o
eleitorado.
A parlamentares mais influentes, a CBF fez doações nas campanhas
eleitorais, como foi constatado na CPI da CBF Nike, 2001.
Fora do Legislativo, a CBF pagou
passagens e hospedagens para desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio, com
acompanhantes, nas Copas do Mundo de 1994 e 1998.
Na Copa de 1994, um dos contemplados
foi o desembargador Antônio Carlos Amorim, então presidente do Tribunal de
Justiça do Rio. Segundo o relatório da CPI da CBF Nike, “Amorim foi o relator
de uma queixa-crime que Ricardo Teixeira moveu contra Márcio Braga,
ex-presidente do Flamengo, em 1991, processo nº 1991.067.00003, que resultou
num pedido de licenciamento feito à Assembleia Legislativa do Rio de janeiro,
para que fosse instaurado o processo contra Braga”.
Ministros
Essa relação com Ricardo Teixeira
sempre foi próxima, também, entre o ex-ministro do Esporte, Agnelo Queiroz,
mantida por seu sucessor, Orlando Silva.
Até nos órgãos de fiscalização já
ocorreu essa proximidade promíscua, quando o então ministro do Tribunal de
Contas da União, Marcos Vinícios Vilaça, aceitou convite do ex-presidente da
CBF, Ricardo Teixeira, e chefiou a delegação da Seleção Brasileira num amistoso
na Argentina.
O TCU não fiscaliza a CBF, mas o prestígio e a influência do
ex-ministro poderiam contribuir para abrir portas de interesse do então
poderoso cartola, agora banido do futebol.
O esperto Agnelo
Fora do futebol, beneficiou-se o
ex-ministro do Esporte, Agnelo Queiroz.
Ele teve as suas despesas nos Jogos
Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, pagas pelo Comitê Olímpico do Brasil
(COB), apesar de ter recebido diárias do governo para não depender de favores,
como o pagamento de carro com motorista, telefone celular, refeições etc.
Em
vez de ser o fiscal dos gastos do COB, contemplado com verbas públicas, Agnelo
foi privilegiado de forma escandalosa e imoral.
Diante dessa realidade,
estranhamente os relatórios das CPIs da CBF Nike e do Futebol, na Câmara e no
Senado, respectivamente, não evoluíram nas investigações de órgãos afins.
Passou o tempo e, agora, a
corrupção no futebol brasileiro é motivo de investigação, mas de organismos
estrangeiros, como o FBI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário