Uma Pirueta, Duas Piruetas…
Por Tatiane Hilgemberg
Para o blog Comunicação, Esporte
e Cultura – Faculdade de Comunicação Social/UERJ
Eu sempre gostei de esporte,
então quando entrei na Faculdade de Comunicação me pareceu natural aliar o
esporte ao jornalismo, e eu então comecei a trabalhar com jornalismo esportivo
dentro da Graduação.
Quando comecei a me interessar pela pesquisa acadêmica,
também me pareceu muito natural trabalhar a questão do esporte e de novo o
jornalismo esportivo apareceu na minha vida.
Durante todo o período da
Graduação, tanto meu trabalho no mercado quanto na pesquisa acadêmica estava
voltado para o jornalismo esportivo, e durante esse tempo eu estava mergulhada
na área, acessava todos os sites, via todos os programas de televisão, ouvia
programas radiofônicos, possuía informações sobre todos os times e campeonatos
de futebol e ficava sempre muito bem colocada no tradicional bolão da Rádio
Universitária, hoje Rádio Facom, da UFJF.
Quando eu me formei tive a
oportunidade de morar na Europa, e lá mantive os mesmos interesses e hábitos,
sempre com muito carinho ao jornalismo esportivo.
No continente europeu tive a
chance de perceber que a área tão afeta ao meu coração é muito maior do que eu
havia imaginado, e muito mais complexo do que o exercido no Brasil.
Durante meus estudos e pesquisas
acadêmicas, aprendi que nos primórdios o jornalista que era designado para
editoria de esportes tinha um status social, ou valor de trabalho, menor.
Essa
era uma editoria que se considerava não possuir tanta força política, social e
econômica, e aquele jornalista que não possuía muita capacidade intelectual
para trabalhar com as outras editorias, consideradas importantes, era relegado
ao esporte.
Com o passar do tempo o esporte cresceu e tornou-se um forte
mercado, e a secção de esportes cresceu junto, ganhando força e importância
dentro das redações (importância relativa, mas isso fica para outro post).
A questão é, com o esporte
tornando-se mercado o jornalismo esportivo transformou-se em entretenimento.
E o que tenho visto é uma certa
“palhaçalização” desse tipo de jornalismo.
O que se tem nos programas de
televisão e nos sites esportivos de notícia é, além da eterna restrição ao
futebol (o que é uma crítica antiga, sobre a necessidade de se divulgar outros
esportes), uma revisitação constante, sucessiva, ininterrupta aos jogos que
aconteceram no dia, ou fim de semana, anterior no caso da televisão e nos
acabados de acontecer por parte dos sites.
Os gols são reprisados ad infinitum, as jogadas são esmiuçadas, os
lances polêmicos vistos em super-câmera-lenta, de todos os ângulos, entrevistas
de jogadores e técnicos, que não acrescentam em nada são colocadas sob uma
lupa.
O jornalismo esportivo, então, perde novamente o seu valor, pesando o tripé
em toneladas para o lado do entretenimento.
Piadas e brincadeiras, que sempre
tiveram espaço, e que são muito válidas visto este tipo de jornalismo ser mais
leve, tornam-se mais importante do que as informações e ganham espaço que
poderia ser dado à divulgação de outros esportes, ou à investigação, ou ao
esporte amador, ou a histórias de interesse social.
Com a leveza em excesso o
diagnóstico é simples, o jornalismo esportivo inflou-se de gás Hélio e está
indo para o “espaço”.
Exemplo clássico dessa “palhaçalização”
é o bloco de esportes do Fantástico, programa exibido aos domingos pela Rede
Globo, que fecha essa revista eletrônica semanal, que tem se voltado cada vez
mais para o entretenimento.
Tadeu Schmidt que havia levado um diferencial ao
bloco, com o “Bola Cheia” e “Bola Murcha”, e focando na alegria do futebol, tem
“pesado na mão”, ficando circunscrito a isso.
Não se trabalha o jornalismo
esportivo investigativo no Brasil, como se deveria.
Fomos sede da Copa do Mundo
em 2014, seremos sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos em 2016, e não vejo
investigação ou, ao menos reportagens com mais densidade informativa.
E quando
esse tipo de investigação é feita, não são os jornalistas que trabalham
efetivamente com o esporte os autores de tal façanha, e quando são divulgadas,
essas matérias encontram-se dissociadas dos blocos, cadernos, secções do
esporte.
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