domingo, junho 14, 2015

Um ótima reflexão sobre o Jornalismo Esportivo...

Uma Pirueta, Duas Piruetas…

Por Tatiane Hilgemberg

Para o blog Comunicação, Esporte e Cultura – Faculdade de Comunicação Social/UERJ

Eu sempre gostei de esporte, então quando entrei na Faculdade de Comunicação me pareceu natural aliar o esporte ao jornalismo, e eu então comecei a trabalhar com jornalismo esportivo dentro da Graduação. 

Quando comecei a me interessar pela pesquisa acadêmica, também me pareceu muito natural trabalhar a questão do esporte e de novo o jornalismo esportivo apareceu na minha vida.

Durante todo o período da Graduação, tanto meu trabalho no mercado quanto na pesquisa acadêmica estava voltado para o jornalismo esportivo, e durante esse tempo eu estava mergulhada na área, acessava todos os sites, via todos os programas de televisão, ouvia programas radiofônicos, possuía informações sobre todos os times e campeonatos de futebol e ficava sempre muito bem colocada no tradicional bolão da Rádio Universitária, hoje Rádio Facom, da UFJF.

Quando eu me formei tive a oportunidade de morar na Europa, e lá mantive os mesmos interesses e hábitos, sempre com muito carinho ao jornalismo esportivo. 

No continente europeu tive a chance de perceber que a área tão afeta ao meu coração é muito maior do que eu havia imaginado, e muito mais complexo do que o exercido no Brasil.

Durante meus estudos e pesquisas acadêmicas, aprendi que nos primórdios o jornalista que era designado para editoria de esportes tinha um status social, ou valor de trabalho, menor. 

Essa era uma editoria que se considerava não possuir tanta força política, social e econômica, e aquele jornalista que não possuía muita capacidade intelectual para trabalhar com as outras editorias, consideradas importantes, era relegado ao esporte. 

Com o passar do tempo o esporte cresceu e tornou-se um forte mercado, e a secção de esportes cresceu junto, ganhando força e importância dentro das redações (importância relativa, mas isso fica para outro post).

A questão é, com o esporte tornando-se mercado o jornalismo esportivo transformou-se em entretenimento.  

E o que tenho visto é uma certa “palhaçalização” desse tipo de jornalismo. 

O que se tem nos programas de televisão e nos sites esportivos de notícia é, além da eterna restrição ao futebol (o que é uma crítica antiga, sobre a necessidade de se divulgar outros esportes), uma revisitação constante, sucessiva, ininterrupta aos jogos que aconteceram no dia, ou fim de semana, anterior no caso da televisão e nos acabados de acontecer por parte dos sites.  

Os gols são reprisados ad infinitum, as jogadas são esmiuçadas, os lances polêmicos vistos em super-câmera-lenta, de todos os ângulos, entrevistas de jogadores e técnicos, que não acrescentam em nada são colocadas sob uma lupa. 

O jornalismo esportivo, então, perde novamente o seu valor, pesando o tripé em toneladas para o lado do entretenimento.

Piadas e brincadeiras, que sempre tiveram espaço, e que são muito válidas visto este tipo de jornalismo ser mais leve, tornam-se mais importante do que as informações e ganham espaço que poderia ser dado à divulgação de outros esportes, ou à investigação, ou ao esporte amador, ou a histórias de interesse social. 

Com a leveza em excesso o diagnóstico é simples, o jornalismo esportivo inflou-se de gás Hélio e está indo para o “espaço”.

Exemplo clássico dessa “palhaçalização” é o bloco de esportes do Fantástico, programa exibido aos domingos pela Rede Globo, que fecha essa revista eletrônica semanal, que tem se voltado cada vez mais para o entretenimento. 

Tadeu Schmidt que havia levado um diferencial ao bloco, com o “Bola Cheia” e “Bola Murcha”, e focando na alegria do futebol, tem “pesado na mão”, ficando circunscrito a isso.


Não se trabalha o jornalismo esportivo investigativo no Brasil, como se deveria. 

Fomos sede da Copa do Mundo em 2014, seremos sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos em 2016, e não vejo investigação ou, ao menos reportagens com mais densidade informativa. 

E quando esse tipo de investigação é feita, não são os jornalistas que trabalham efetivamente com o esporte os autores de tal façanha, e quando são divulgadas, essas matérias encontram-se dissociadas dos blocos, cadernos, secções do esporte.

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