Blatter e Valcke enriqueceram R$
80 mi com Copa-2014, revelam documentos
Por Rodrigo Mattos
A antiga cúpula da Fifa – o
ex-presidente Joseph Blatter e o ex-secretário-geral Jérôme Valcke – levou R$
80 milhões em bônus pela realização da Copa-2014.
É o que revelam documentos
liberados pela própria federação internacional e repassados a órgãos
investigatórios da Suíça e dos EUA.
Os contratos supostamente quebram
leis locais, pois não foram autorizados pelo comitê da entidade.
A organização da Copa no Brasil
foi bancada, em sua maior parte, pelo dinheiro público, de governos federais e
estaduais.
A Fifa gozou de isenção fiscal e
saiu com uma receita próxima de R$ 10 bilhões.
Em nome da federação
internacional, Valcke fez diversas exigências que encareceram todos os 12
estádios brasileiros, e ficou famoso por dizer que o Brasil deveria levar um
chute na bunda pelos atrasos em obras.
Pois bem, em outubro de 2011,
antes mesmo de a Copa se configurar como sucesso financeiro, foram feitas
emendas nos contratos de Blatter, Valcke e do então diretor financeiro Markus
Kattner.
Pelos aditivos nos acordos, foram
dados bônus a eles pela Copa das Confederações e pela Copa do Mundo.
Para Blatter, foram 12 milhões de
francos suíços (R$ 43,6 milhões); para Valcke, 10 milhões de francos suíços (R$
36,3 milhões) e para Kattner, 4 milhões de francos suíços (R$ 14,53 milhões).
A soma dos bônus dos três dá R$
94 milhões.
Os pagamentos foram feitos
parcelados em dezembro de 2013 (35%) e em dezembro de 2014 (65%).
Os dirigentes receberam bônus
igualmente altos pelas Copas da África do Sul e ganhariam pela Rússia.
Esses bônus só foram aprovados
por eles mesmos e pelo então vice-presidente da Fifa Julio Grondona, que já
morreu.
Não houve autorização do
colegiado, isto é, do comitê executivo da entidade.
Os valores eram camuflados nos
balanços da Fifa.
“Eles tinham a autoridade que
precisavam, e eles simplesmente incluíam na folha de pagamento, e diziam para o
departamento encarregado dos contratos de empregados da Fifa que reportava para
o senhor Kattner quanto tinha que ser pago e a quem'', contou o advogado Quinn
Emmanuel, um dos contratados pela Fifa para investigar a gestão anterior.
No total, os três dirigentes
receberam 79 milhões de francos suíços (R$ 286 milhões) em bônus, que,
teoricamente, são indevidos porque não foram autorizados pelo comitê executivo,
segundo documentos da Fifa.
Blatter e Valcke foram afastados
da Fifa desde o ano passado pelo Comitê de Ética da entidade, após a
constatação de outros desvios na entidade.
A partir daí um grupo de
advogados contratado pela federação internacional investiga seus ganhos e
contratos.
O advogado de Blatter, Richard
Cullen, soltou um comunicado em que afirma:
“Nós esperamos mostrar a Fifa que
os pagamentos de compensação para Blatter foram apropriados, justos e em linha
com os chefes das principais ligas profissionais de esporte pelo mundo.''
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