terça-feira, junho 14, 2016

Sócrates, Dunga e Marco Polo...

Sócrates, Dunga e Marco Polo

O futebol brasileiro reuniu três personagens da história e da literatura, mas apenas um deles se assemelha ao que seu nome representa

Por Luiz Henrique

Três personagens distintos se encontram na história do futebol brasileiro, mas apenas um compreendeu o nome que representava: Sócrates.

Ao contrário deste, os outros dois, Marco Polo Del Nero e Dunga, não reconhecem seus semelhantes de batismo (no caso do técnico, batismo futebolístico) e nada tem a ver com eles.

O Doutor, como Sócrates era conhecido, era um jogador que não fazia concessões, levando para o campo sua visão sobre o mundo.

Esteve a frente da Democracia Corintiana e participou das Diretas Já, lutando por mais direitos democráticos dentro e fora dos gramados.

Por causa dessas atitudes soube, com a mesma elegância e maestria que tinha com a bola no pé, ter o mesmo nome do filósofo da Grécia Antiga, o berço da democracia.

Ao contrário dele, Marco Polo, presidente "cebeefiano", carrega o nome de um dos maiores exploradores da história, mas não viaja com medo de ser preso.

Há quem diga que o comandante assiste aos jogos da seleção com as portas e janelas trancadas, com medo do cheiro podre da corrupção escapar pelas ruas e despertar a atenção dos agentes da FBI.

Já Dunga só representa no tamanho o anão que carrega seu nome no conto da Branca de Neve, mas, ao contrário deste, o técnico nada tem de alegre no seu pensamento tático e no estilo que imprime para a seleção.

Mais adequado seria chama-lo de zangão: pequeno e mal-humorado.

O futebol jogado reflete os personagens.

Enquanto Sócrates fez parte da seleção canarinho de 82, que encantou o mundo com o chamado futebol arte, os outros dois são protagonistas do nosso desencantamento atual.

Mais feliz fica o torcedor por ver seus principais jogadores regressando a seus clubes do que por vê-los vestindo a camisa verde e amarela.

Desmanchando-se os limites entre o passado e o presente, é difícil acreditar que Sócrates ficaria indiferente e calado ao que acontece no futebol brasileiro, como estão os jogadores atuais.

Por isso, até quem não viveu a sua época, como este cronista que vos escreve, sente falta do Doutor.

Felizmente, a história é registrada e podemos conhecer os heróis do futebol canarinho, raça em extinção.

Também vale lembrar aos cartolas da pelota brasileira o que Sócrates, o filósofo, ensinou ao mundo: a necessidade de discutir sobre a realidade, a importância de conhecer a si mesmo e a ética.

Aqui, o futebol faz o oposto: desloca-se da realidade, perde cada vez mais sua identidade e esquece o que é ético.

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