Imagem: Autor Desconhecido
Futebol brasileiro abre mão de R$ 300 mi para ter Del Nero na CBF
Por Rodrigo Mattos, para o UOL
Antes da Copa-2014, o então
presidente da Fifa Joseph Blatter anunciou que investiria US$ 100 milhões em um
projeto de legado para o futebol brasileiro.
O valor era o quíntuplo do
estipulado inicialmente pela federação internacional que teve de adaptar seu
orçamento.
Seriam campos e CTs distribuídos
pelo país para ajudar na formação de atletas.
Dois anos e meio após o Mundial,
o Brasil recebeu apenas 6% do valor total: US$ 6 milhões.
Restam R$ 302 milhões pelo câmbio
atual. Motivo: a Fifa barrou pagamentos para CBF por conta do envolvimento de
seu atual presidente no escândalo de corrupção descoberto pelo FBI.
Como se sabe, Marco Polo Del Nero
foi indiciado porque os procuradores norte-americanos entenderam que há provas
de que ele levou propina em contratos da CBF.
Nesta semana, houve encontro da
cúpula da Fifa e nada mudou.
O jornalista Martín Fernandez, do
Globo.com, mostrou que a entidade vê um impedimento legal de dar o dinheiro a
Del Nero visto que se colocou como vítima da corrupção em processo na corte da
Nova York.
Questionado sobre a CBF, o
presidente da Fifa, Giani Infantino, disse que há muito o que fazer.
Relato feito ao blog é que
Infantino não mudou em nada sua relação fria com a cúpula da confederação.
A CBF, no entanto, faz diversas
gestões para tentar liberar o dinheiro do legado.
Há alternativas em discussão
inclusive que os recursos não passem pela entidade, como mostrou o ''Estadão''.
É possível que a confederação
consiga em algum momento que o dinheiro venha para o Brasil. Afinal, Infantino
antipatiza e tentar manter distância de Del Nero (apesar de uma foto com ele no
Brasil), mas não gosta de desagradar futuros eleitores.
Pode-se contornar barreiras
legais, mas não a incontornável verdade da peculiar situação do futebol
brasileiro.
Há dois anos e meio, o país, tão
carente de investimento, não pode receber um recurso que seria útil para espalhar
desenvolvimento pelo país porque mantém um presidente suspeito de corrupção no
poder.
Foi o único que resistiu.
Caíram todos os presidentes de
federações nacionais acusados de levar propina como Del Nero, assim como se
foram todos os dirigentes da Conmebol na mesma situação.
Sobrou ao Brasil um dirigente que
sequer acompanha a seleção porque será preso se deixar o país.
Diga-se que os R$ 300 milhões são
só uma parte dos recursos que o futebol brasileiros perde com Del Nero no
poder.
Ao impedir a constituição de uma
liga nacional, contra a qual ele brigou desde que assumiu, o dirigente impede o
desenvolvimento pleno do Brasileiro como ocorreu com ligas bem-sucedidas como a
Premier League, Bundesliga, Liga Espanhola.
A mancha de credibilidade, que já
afastou patrocinadores da CBF, representa outra perda.
O prejuízo nestes casos nem dá
para ser medido.
E dirigentes de federações e
clubes não veem nada de anormal na situação ou se calam para evitar
represálias.
Um cartola me contou que, quando
há almoço na CBF, todos têm que esperar Del Nero se servir no buffet primeiro
antes que os outros possam comer.
Um novato foi avisado do ritual
ao se antecipar.
É simbólico como o dinheiro
retido pela Fifa: o desenvolvimento do futebol brasileiro trava à espera de um
suspeito de corrupção.
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