sexta-feira, janeiro 13, 2017

Os grandes eventos e o papo furado da "enchente de turistas"...

Imagens: Ruslan Suleimanov/Montagem: Fernando Amaral


Olimpíada frustra empresas de ônibus: Rio recebeu 10% menos passageiros em agosto

Na expectativa por mais turistas na cidade sede do evento, companhias de viação elevaram oferta de assentos em veículos intermunicipais e estaduais e se deram mal

Por Rodrigo Capelo

Como é praxe em cidades que se candidatam a receber os Jogos Olímpicos, o turismo serviu como bandeira para defensores da realização da Olimpíada no Rio de Janeiro em 2016.

A classe política, em especial, representada por figuras como o ex-prefeito carioca Eduardo Paes e a ex-presidente Dilma Rousseff, prometeu uma enxurrada de turistas.

Não aconteceu.

ÉPOCA já revelou que em agosto, mês dos Jogos Olímpicos, os aeroportos cariocas receberam só 186 mil passageiros a mais do que no mesmo mês de 2015.

Na soma de todos os aeroportos envolvidos na operação do evento, o movimento caiu em 500 mil pessoas.

Agora se sabe que, também de ônibus, a quantidade de visitantes ficou aquém do esperado.
O ônibus é um modo mais barato de viajar entre estados brasileiros.

Pode não ser a melhor opção para o americano, que chega de avião direto ao Rio, mas é mais barato para turistas do mercado doméstico.

No meio de uma crise econômica, então, talvez fosse a opção mais viável para chegar aos locais de competições olímpicas.

As companhias de viação certamente esperavam por isso.

O número de lugares ofertados, e, portanto, de ônibus disponibilizados, aumentou 17% entre agosto de 2015 e 2016.

Foram mais de 495 mil assentos em veículos de ida e volta para o Rio no mês.

As companhias de ônibus se frustraram.

A quantidade de passageiros pagantes caiu 10% em comparação a 2015 e mais da metade dos assentos viajou vazia.
É evidente que a crise econômica pela qual o país passa afeta diretamente a quantidade de gente disposta a viajar e gastar, mas ela não pode servir como desculpa.

A crise já tinha apertado em agosto de 2015.

Agora se vê, por meio dos dados de ônibus medidos pela Agência Nacional de Transportes Terrestres, que a Olimpíada não foi forte suficiente nem para elevar ou manter os números de 2015 no mesmo nível.

As viagens de brasileiros de todo o país continuaram a cair em 2016.

Não que seja uma surpresa.

No livro Circus maximus o autor Andrew Zimbalist registrou que, no mês da Olimpíada, Londres (2012) e Pequim (2008) tiveram menos turistas do que em anos anteriores.

Os turistas regulares mudam de destino para evitar congestionamentos, riscos para a segurança e preços inflacionados.


No Rio, indicam os dados, a história se repetiu.



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