Imagem: Stinger/Reuters
Arrivederci, Francesco Totti
Por Oscar Cowley, repórte do Universidade do
Esporte da 88,9 – FM Universitária
Jogadores
como Totti são difíceis de encontrar.
Não só
pela capacidade técnica, mas principalmente pela lealdade e fidelidade a seu
clube do coração. São peças muito valiosas que com o passar do tempo tendem a
ficar cada vez mais raras.
Afinal,
hoje em dia quem é que pode se dar ao luxo de recusar 100 milhões dos times
mais poderosos da Europa?
Ídolos que
viram lendas pela entrega e paixão demonstradas por uma única camisa.
Frutos da
base tantas vezes desvalorizada pela chegada de novos concorrentes de fora que
nada sabem das histórias e batalhas que o clube já travou.
Os mesmo
que choram como se fossem torcedores nas derrotas mais difíceis e lutam até a
última gota de sangue contra o eterno rival.
Pois, só
quem é da casa consegue entender a dor de perder o clássico da cidade.
Neste
último final de semana, a Roma se despediu do seu último imperador.
Depois de
25 temporadas, Francesco Totti vestiu pela última vez a elástica vermelha
contra o Génova na vitória por 3 a 2 que certificou a segunda colocação no
campeonato italiano.
E, como
todas as despedidas, esta não foi menos dolorosa.
“Já está. O momento chegou”
Como uma
criança obrigada a ler uma redação na frente da turma, Totti pegou a carta (com
a raiva de quem não queria ir embora do recreio) que faria 65 mil pessoas
derramarem as lágrimas no Estádio Olímpico de Roma.
“Eu queria
começar do final – do adeus – porque eu não sei se serei capaz de ler estas
linhas.”
Antes,
Daniele de Rossi, agora capitão do time da Roma, tratava de segurar o choro
(evitando olhar para os olhos de Totti) ao entregar uma bandeja metálica
contendo os agradecimentos de cada um dos jogadores do clube.
Outros,
como El Shaarawy, não conseguiram se controlar.
“Ao longo dos
anos, eu tentei me expressar através de meus pés, que tornaram tudo mais
simples para mim desde que eu era uma criança.”
Se
movimentando no centro do campo como se do vestiário se tratasse e os
torcedores fossem seus companheiros prestes a entrar em campo para uma grande
final, o capitão tentava conter a emoção.
“Em certo ponto da vida, você
cresce – é o que me disseram e o que o tempo decidiu. Maldito tempo.”
A essa
altura, as câmeras já mostravam diversos rostos contorcidos de lágrimas nas arquibancadas
assim que conquistas antigas foram lembradas.
“Voltando
a 17 de junho de 2001, tudo o que queríamos era o tempo passando um pouco mais
rápido. Não podíamos esperar para ouvir
o apito final. Eu continuo me arrepiando agora quando penso
de volta nisso.”
Para trás o craque
deixava na lembrança dos romanistas nada menos do que 785 jogos, nos quais
anotou 307 gols e deu 197 assistências.
“Eu
quero dedicar esta carta a todos vocês – a todas as crianças que me apoiaram. Às crianças de ontem, que cresceram e se tornaram pais, e às
crianças de hoje, que talvez gritem ‘Tottigol’.”
E à frente, um mar
de incertezas...
“Desta vez, eu
não posso ver como o futuro se parece além dos buracos da rede.”
Porém, havia uma
única certeza absoluta nessa história...
“Ter nascido
romano e romanista é um privilégio.”
E assim, num último esforço o capitão juntou
as forças necessárias para fazer uma última declaração àqueles que sempre o
apoiaram nos bons e maus momentos.
“Agora, eu descerei
as escadas e entrarei nos vestiários que me acolheram quando criança e que
agora deixo como um homem. Sou orgulhoso e feliz por ter dado a
vocês 28 anos de amor. Eu
amo vocês.”
Arriverderci, Totti!
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