Imagem: Autor Desconhecido
Pianinho FC
Os pênaltis, o sofrimento e a glória de quem chegou pela primeira vez
aos Jogos Gerais da UFRN
Por Ana Clara Dantas (na foto, sentada com um sorriso imenso de felicidade), jornalista, comentarista do Universidade do
Esporte da 88,9 – FM Universitária e do TVU Esporte da TV Universitária...
Aninha não esconde de ninguém sua paixão incondicional pelo Pianinho
FC.
O torcedor do Pianinho é um
apaixonado.
É meio adolescente, desesperado,
aflito.
Parece que a gente vai morrer ou
é o mundo que vai acabar de vez.
Mas basta uma bola roubada e um
gol no último minuto para nos lembrar que estamos vivos.
Bem vivos.
O corpo torna-se puro reflexo da
emoção que toma conta da alma.
E a gente desafia a torcida
rival, a perna cansada e até mesmo a lógica.
Se existem Deuses do futebol,
eles pararam na tarde do último domingo para ver Pianinho 3 x 3 Sociolombra.
Quem esteve no Ginásio sabe que o
clima era diferente desde os primeiros minutos.
Era uma Pianinho que sabia
sofrer, sabe-se lá porquê, mas o time estava intenso, mordido.
Não era o nervosismo de quem pode
colocar tudo a perder, era a vontade de quem leva pras quadras e campos o mesmo
espírito de luta com que toca a própria vida.
E o futebol, tantas vezes
metáfora da vida, nos ensina que não dá pra começar ganhando sempre.
Gol da Sociolombra.
E agora?
Mais uma derrota!
Por que, meu Deus?
O torcedor sofre, reza, quase
entra em campo.
Até que Tiago iguala o placar.
E como um alento pro sofrimento
que ainda viria, Negueba, com sua costumeira classe, vira o jogo.
Tá tudo muito fácil…
O Pianinho não é assim!
Depois só dá Sociolombra.
A torcida empurra o time da
sociologia.
Eliabe, solitário como são todos
os goleiros, salva o que pode.
Mas, como é ingrata essa
profissão.
Alguns segundos e tudo muda.
A Sociolombra não só empata, como
vira o jogo.
É hora de quem tem fé acionar
seus Deuses e quem não têm, confiar na sorte, porque ela parece premiar as
histórias mais bonitas.
Eu juro que aquela quadra parecia
ter quinhentos metros.
Do primeiro toque de Kieza até o
chute no gol, o mundo parou um pouco.
Parou porque havia um coração
incrédulo, mas consciente de que aquela história não pararia por ali.
E quando Kieza contar sobre esse
dia para os filhos, o gol parecerá sempre mais bonito.
Se o gol é o clímax do futebol, a
disputa de pênaltis é desfecho dramático digno de tragédia grega.
Começa com um medo absurdo, mas
depois não nos resta mais nada além de acreditar.
Acreditar em Kieza e seu
oportunismo de artilheiro, em Hildo e sua capacidade de se reinventar, em
Negueba e o talento de um garoto que parece jogar bola há quinhentos anos.
Acreditar na liderança de
Rodolpho, na garra de Tiago, na segurança de Vitor e na calma de Dênis.
Defender o time numa disputa de
pênaltis é carregar um piano nas costas.
Mas Hugo está concentrado,
abandonado na meta vazia, entregue ao destino.
Ensaia uma reza e até eu que
nunca fui religiosa faço minhas preces.
E olha, Hugo, parece que alguma
força maior nos ouviu.
Você foi atrás de cada chute e
cada bola parecia te procurar.
Acabou.
Ou melhor, começou.
Começou a história do Pianinho
nos Jogos Gerais da UFRN.
E a classificação veio com a cara
do time.
O retrato de quem já apanhou
muito, mas é teimoso e cisma em continuar.
Antes dos Gerais ainda tem a
final do CCHLA contra a Barca, nosso maior adversário.
Dia desses eu ouvi a frase
“Grandes homens não nascem grandes, mas tornam-se grandes”.
Talvez ela resuma
bem o que é o Pianinho: um time que se torna maior a cada jogo.
Que venha o
clássico e que venham os Gerais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário