Paulinho: da quase desistência do
futebol para o primeiro “El Classico” de sua vida...
Por Gabriel Leme
Episódios de racismo e atrasos
salariais.
Essa é a realidade de muitos
clubes, não só daqui do Brasil, mas do mundo também.
E foi justamente esses os motivos
para a quase desistência de José Paulo Bezerra Maciel Júnior, o Paulinho.
O ex-jogador do Corinthians e
atual jogador do poderoso Barcelona, da Espanha, concedeu uma entrevista ao The
Guardian, contando um pouco sobre a sua trajetória.
O volante começou a construir sua
carreira no São Paulo Futebol Clube.
De lá, seguiu para o Juventus da
Mooca.
Ganhou projeção no clube paulista
e carimbou a passagem para a Lituânia, com 17 anos de idade, onde atuou no FC
Vilnius.
Os atrasos salariais forçaram o
jovem a buscar outro clube: Lódz, da Polônia.
No clube polonês, o brasileiro
viveu na pele o preconceito.
Nós sempre esperamos essas
atrocidades de torcedores rivais, mas no caso de Paulinho, as palavras de ódio
vieram dos próprios adeptos.
Dá pra imaginar a frustração de
um jovem jogador ao se deparar com a realidade de muitos adolescentes?
Acredito que muitos ficam pelo
caminho.
Quantos Pelés nós, provavelmente,
perdemos por isso?
Isso é assunto para outro dia e
outro texto.
Hoje, Paulinho merece cada
palavra, pois isso quase (que alívio por esse quase) desistiu de seu sonho.
Ele retornou ao Brasil decidido:
“Eu não preciso disso”. Mas, ele
precisava.
“O que mais você pode fazer?” –
perguntou sua mulher.
Paulinho apenas sorriu e disse:
“Eu não sei”.
“A única coisa que você sabe
fazer é jogar futebol”.
E foi isso que ele fez, mesmo que
em um time da quarta divisão paulista, chamado Pão de Açúcar.
Na sequência, ele saiu do
amadorismo para jogar no Bragantino, também de São Paulo.
Ganhou projeção e despertou o
interesse do Corinthians, que começava a se consolidar como um dos grandes
times brasileiros novamente.
Em 2011 e 2012, dois anos que
particularmente me marcaram muito – mesmo torcendo para o São Paulo Futebol
Clube, pois eu sabia que Paulinho era um guerreiro e merecia muito sucesso.
Entre grandes conquistas como o
Campeonato Brasileiro, a Libertadores e o Mundial de Clubes, o volante seguiu
para a Inglaterra, para jogar no Tottenham.
Lá, não conseguiu sequência.
Era reserva e ainda jogava fora
de sua posição quando entrava em campo.
O resultado não poderia ser
outro: mudança de ares.
Dessa vez, ares chineses.
Mais precisamente do Guangzhou
Evergrande.
Sob o comando de Felipão, o
brasileiro – que já havia sido destaque na Copa das Confederações, em 2013,
voltou a ser aquele Paulinho que todos esperavam.
Ou quase todos.
Quando se joga bem, muitos
questionam o clube e a liga onde os jogadores estão inseridos e, para azar de
Paulinho, era a China.
Foram mais de dois anos jogando
em uma liga que só oferecia um grande salário e mais nada.
2017 chegou e o Barcelona
descarregou 40 milhões de euros para contar com o futebol do volante.
Com muita desconfiança de
críticos e torcedores, Paulinho poderia esperar uma nova frustração em sua
carreira?
Talvez.
Mas o sonho nunca o abandonou e
ele já é o segundo jogador do meio-campo que mais participou de jogadas
efetivas de gol no campeonato espanhol.
A tendência é melhorar cada vez
mais, mesmo que com quase 30 anos de idade.
Neste sábado, o grande clássico
europeu agitará o mundo. Real Madrid e Barcelona jogam para “decidir” quem
brigará pelo topo da tabela e Paulinho se prepara para seu primeiro grande jogo
no clube catalão.
José Paulo pode escrever seu nome
na história não só do Barcelona, mas da Seleção Brasileira.
Ano que vem é ano
de Copa.
Uma grande oportunidade para
consolidar pouco mais de duas dezenas de jogadores e um técnico: Tite.
Para encerrar esse texto, escolhi
as palavras que Paulinho deu na entrevista ao tabloide inglês:
“Todo mundo disse que minha carreira havia acabado. Hoje, eu sou
jogador do Barcelona. O futebol é isso.”
Imagem: Autor Desconhecido
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