Imagem: The Guardian
Os Socceroos mais uma vez pelo caminho
Por Pedro Lúcio
É, realmente, num grupo com
França, Dinamarca e Peru, fica difícil apostar na Austrália, mas o jogo de hoje
provou que as coisas poderiam ser diferentes.
Num primeiro tempo sem graça, com
apenas uma boa chance para cada time, e um segundo tempo que só não foi pior,
porque rolou dois pênaltis e um gol “no susto”.
O jogo termina e todo mundo fica
com aquilo na mente, a Austrália poderia ganhar o jogo se tivesse um jogador
diferenciado, só bastava um mesmo, podia ser um velocista, ou um bom
finalizador, um driblador, qualquer um serviria, mas no futebol, o “SE” não
entra em campo.
O que faltou para os Socceroos
também não entrou em campo hoje e, possivelmente, não vai dar as caras nas
próximas copas.
Aí você, caro leitor, me pergunta
“Então Pedro, o que tá faltando?”, planejamento, só isso.
A Austrália não tem um projeto de
futebol a longo prazo que incentive a formação de novos craques.
Um exemplo disso é a gestão da
A-League, o campeonato nacional, que é composto por times franqueados, e essas
tais franquias estão sempre nas mãos dos mesmos grupos milionários, eles são os
únicos a terem envergadura para conseguir comprar as licenças da federação.
Esse modelo foi imposto na
temporada 2005-2006, como uma forma de minimizar as rivalidades étnicas que
estavam afastando os torcedores dos estádios por medo da violência, substituindo-as
por rivalidades regionais.
Com o passar dos anos, avanços e
retrocessos aconteceram, a média de público subiu, mas junto com ela a média de
idade dos jogadores também.
A principal estratégia para
atrair o público foi a vinda de “ex-jogadores em atividade”, o maior exemplo
disso foi Alessandro Del Piero.
Como na A-League não há promoção
ou rebaixamento, é mais interessante para o dirigente trazer um medalhão do que
investir na formação de novos jogadores.
Aí você também pode pensar, “mas,
e as seleções de base, como ficam?
Elas não formam jogadores
também?”.
A AFC (Confederação Australiana
de Futebol) tem problemas graves, parecidos com os da nossa CBF, os dirigentes
são sempre do mesmo grupinho.
Por exemplo, quando Ange
Postecoglou pediu demissão depois do título da Copa da Ásia em 2015 e a
classificação para a Copa da Rússia, a postura mais coerente seria a
contratação de um técnico com filosofia de jogo, ou pelo menos, parecida, e não
foi isso o que aconteceu.
É, eles contrataram um bom
técnico, e tudo mais, o holandês Marwijk, que foi vice-campeão da Copa de 2010,
é incontestável nesse quesito, mas sua filosofia de jogo é oposta à que vinha
sendo praticada.
Enquanto o Postecoglou priorizava
um jogo mais veloz com passes rápidos, o holandês prefere a seleção mais
defensiva e que abusa das ligações diretas.
Se não bastasse essas
contradições, desde março foi anunciado que, após o término da Copa, Graham
Arnold será o próximo técnico dos Socceroos.
Ele é o terceiro técnico em menos
de um ano.
Então havendo todas essas
questões, a Seleção da Austrália, infelizmente, vai continuar sendo mero
figurante na Copa do Mundo.
Agora a Austrália enfrenta a
Dinamarca dia 21, em Samara, com a esperança de, pelo menos, pontuar, já que
tendo em vista as peças disponíveis, não podemos esperar muito dos Socceroos.
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