domingo, junho 17, 2018

Os Soccerroos mais uma vez pelo caminho...

Imagem: The Guardian



Os Socceroos mais uma vez pelo caminho

Por Pedro Lúcio

É, realmente, num grupo com França, Dinamarca e Peru, fica difícil apostar na Austrália, mas o jogo de hoje provou que as coisas poderiam ser diferentes.

Num primeiro tempo sem graça, com apenas uma boa chance para cada time, e um segundo tempo que só não foi pior, porque rolou dois pênaltis e um gol “no susto”.

O jogo termina e todo mundo fica com aquilo na mente, a Austrália poderia ganhar o jogo se tivesse um jogador diferenciado, só bastava um mesmo, podia ser um velocista, ou um bom finalizador, um driblador, qualquer um serviria, mas no futebol, o “SE” não entra em campo.

O que faltou para os Socceroos também não entrou em campo hoje e, possivelmente, não vai dar as caras nas próximas copas.

Aí você, caro leitor, me pergunta “Então Pedro, o que tá faltando?”, planejamento, só isso.

A Austrália não tem um projeto de futebol a longo prazo que incentive a formação de novos craques.

Um exemplo disso é a gestão da A-League, o campeonato nacional, que é composto por times franqueados, e essas tais franquias estão sempre nas mãos dos mesmos grupos milionários, eles são os únicos a terem envergadura para conseguir comprar as licenças da federação.

Esse modelo foi imposto na temporada 2005-2006, como uma forma de minimizar as rivalidades étnicas que estavam afastando os torcedores dos estádios por medo da violência, substituindo-as por rivalidades regionais.

Com o passar dos anos, avanços e retrocessos aconteceram, a média de público subiu, mas junto com ela a média de idade dos jogadores também.

A principal estratégia para atrair o público foi a vinda de “ex-jogadores em atividade”, o maior exemplo disso foi Alessandro Del Piero.

Como na A-League não há promoção ou rebaixamento, é mais interessante para o dirigente trazer um medalhão do que investir na formação de novos jogadores.
Aí você também pode pensar, “mas, e as seleções de base, como ficam?

Elas não formam jogadores também?”.

A AFC (Confederação Australiana de Futebol) tem problemas graves, parecidos com os da nossa CBF, os dirigentes são sempre do mesmo grupinho.

Por exemplo, quando Ange Postecoglou pediu demissão depois do título da Copa da Ásia em 2015 e a classificação para a Copa da Rússia, a postura mais coerente seria a contratação de um técnico com filosofia de jogo, ou pelo menos, parecida, e não foi isso o que aconteceu.

É, eles contrataram um bom técnico, e tudo mais, o holandês Marwijk, que foi vice-campeão da Copa de 2010, é incontestável nesse quesito, mas sua filosofia de jogo é oposta à que vinha sendo praticada.

Enquanto o Postecoglou priorizava um jogo mais veloz com passes rápidos, o holandês prefere a seleção mais defensiva e que abusa das ligações diretas.

Se não bastasse essas contradições, desde março foi anunciado que, após o término da Copa, Graham Arnold será o próximo técnico dos Socceroos.

Ele é o terceiro técnico em menos de um ano.

Então havendo todas essas questões, a Seleção da Austrália, infelizmente, vai continuar sendo mero figurante na Copa do Mundo.

Agora a Austrália enfrenta a Dinamarca dia 21, em Samara, com a esperança de, pelo menos, pontuar, já que tendo em vista as peças disponíveis, não podemos esperar muito dos Socceroos.

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