Imagem: Autor Desconhecido
Lukaku, um homem especial
Por Lucia Oliveira para o Universidade do Esporte
“Então, um dia, cheguei em casa e entrei na cozinha e vi minha mãe
(...) ela trouxe meu almoço para mim, e ela estava sorrindo como se tudo
estivesse bem. Mas percebi imediatamente o que estava acontecendo. Ela estava
misturando água ao leite. Foi aí que percebi que estávamos falidos. Entende o
que estou falando? Esta foi a nossa vida.” declarou Romelu Lukaku, em carta
ao The Players Tribune.
Foi diante dessa cena que Lukaku
decidiu aos seis anos de idade, e prometeu a sua mãe, tornar-se jogador de
futebol profissional.
Dez anos depois, além de seu
aniversário, ele comemorou também a assinatura de seu primeiro contrato com o
Anderlecht, da Bélgica.
No entanto, sua caminhada até a realização
de seus sonhos precisaria enfrentar, além da dificuldade financeira, o
preconceito.
Um belga de ascendência congolesa
que aos 11 anos já era vítima de bullying durante jogos pelas categorias de
base do Lierse, pois muitos adultos não admitiam seu porte físico em relação à
idade.
Ele conta que um dos pais de um
componente do outro time tentou impedi-lo de entrar em campo:
“Ele ficou tipo: ‘Quantos anos tem esse garoto? Onde está sua
identidade? De onde ele é?’ Eu pensei: De onde eu sou? O quê? Eu nasci em
Antuérpia. Eu sou da Bélgica.”
Os pensamentos maldosos devido
sua ascendência africana, persistiram mesmo depois da fama.
Lukaku viu os artigos da imprensa
belga caracterizá-lo de maneira diferente, tomando por base sua performance em
campo.
Quando ele ia bem em uma partida,
os jornais destacavam “Romelu Lukaku, o
atacante belga”.
Por outro lado, “quando as coisas não estavam indo bem, eles
estavam me chamando de Romelu Lukaku, o atacante belga de ascendência
congolesa”.
Ainda assim, Lukaku não deixou
que esses episódios abalassem seu sonho.
Como ele mesmo afirma em sua
carta, “as pessoas no futebol adoram
falar sobre a força mental. Bom, eu sou a pessoa mais forte que você jamais irá
conhecer. Porque me lembro de estar sentado no escuro com meu irmão e minha
mãe, fazer nossas orações, e pensar, acreditar, saber... isso vai acontecer”.
Revelado nas categorias de base
do Anderlecht, o jogador foi para a Inglaterra em 2011 e desde então já jogou
por Chelsea, West Bromwich, Everton e Manchester United.
Recentemente, foi consagrado como
maior artilheiro da história da seleção da Bélgica, com 38 gols e relembrou na
carta:
“Eu cresci em Antuérpia, Liège e Bruxelas. Sonhei em jogar pelo
Anderlecht. Eu sonhei em ser Vincent Kompany. Vou começar uma frase em francês
e terminá-la em holandês, e vou falar espanhol ou português ou lingala,
dependendo do bairro em que estamos. Eu sou belga”.
O atacante seguiu adiante, como
se não houvesse dificuldades em seu caminho e conquistou, pode-se dizer, o
mundo.
Considerado o artilheiro do
melhor ataque da Copa do Mundo de 2018, com apenas 25 anos, ele chegou
exatamente aonde quis:
“Eu queria ser o melhor jogador de futebol da história da Bélgica. Esse
foi o meu objetivo. Não era ser bom, não era ser grande. Era ser o melhor”.
Aconteceu.
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