domingo, setembro 23, 2018

Lukaku, um homem especial...

Imagem: Autor Desconhecido

Lukaku, um homem especial

Por Lucia Oliveira para o Universidade do Esporte

“Então, um dia, cheguei em casa e entrei na cozinha e vi minha mãe (...) ela trouxe meu almoço para mim, e ela estava sorrindo como se tudo estivesse bem. Mas percebi imediatamente o que estava acontecendo. Ela estava misturando água ao leite. Foi aí que percebi que estávamos falidos. Entende o que estou falando? Esta foi a nossa vida.” declarou Romelu Lukaku, em carta ao The Players Tribune.

Foi diante dessa cena que Lukaku decidiu aos seis anos de idade, e prometeu a sua mãe, tornar-se jogador de futebol profissional.

Dez anos depois, além de seu aniversário, ele comemorou também a assinatura de seu primeiro contrato com o Anderlecht, da Bélgica.

No entanto, sua caminhada até a realização de seus sonhos precisaria enfrentar, além da dificuldade financeira, o preconceito.

Um belga de ascendência congolesa que aos 11 anos já era vítima de bullying durante jogos pelas categorias de base do Lierse, pois muitos adultos não admitiam seu porte físico em relação à idade.

Ele conta que um dos pais de um componente do outro time tentou impedi-lo de entrar em campo:

“Ele ficou tipo: ‘Quantos anos tem esse garoto? Onde está sua identidade? De onde ele é?’ Eu pensei: De onde eu sou? O quê? Eu nasci em Antuérpia. Eu sou da Bélgica.”

Os pensamentos maldosos devido sua ascendência africana, persistiram mesmo depois da fama.

Lukaku viu os artigos da imprensa belga caracterizá-lo de maneira diferente, tomando por base sua performance em campo.

Quando ele ia bem em uma partida, os jornais destacavam “Romelu Lukaku, o atacante belga”.

Por outro lado, “quando as coisas não estavam indo bem, eles estavam me chamando de Romelu Lukaku, o atacante belga de ascendência congolesa”.

Ainda assim, Lukaku não deixou que esses episódios abalassem seu sonho.

Como ele mesmo afirma em sua carta, “as pessoas no futebol adoram falar sobre a força mental. Bom, eu sou a pessoa mais forte que você jamais irá conhecer. Porque me lembro de estar sentado no escuro com meu irmão e minha mãe, fazer nossas orações, e pensar, acreditar, saber... isso vai acontecer”.

Revelado nas categorias de base do Anderlecht, o jogador foi para a Inglaterra em 2011 e desde então já jogou por Chelsea, West Bromwich, Everton e Manchester United.

Recentemente, foi consagrado como maior artilheiro da história da seleção da Bélgica, com 38 gols e relembrou na carta:

“Eu cresci em Antuérpia, Liège e Bruxelas. Sonhei em jogar pelo Anderlecht. Eu sonhei em ser Vincent Kompany. Vou começar uma frase em francês e terminá-la em holandês, e vou falar espanhol ou português ou lingala, dependendo do bairro em que estamos. Eu sou belga”.

O atacante seguiu adiante, como se não houvesse dificuldades em seu caminho e conquistou, pode-se dizer, o mundo.

Considerado o artilheiro do melhor ataque da Copa do Mundo de 2018, com apenas 25 anos, ele chegou exatamente aonde quis:

“Eu queria ser o melhor jogador de futebol da história da Bélgica. Esse foi o meu objetivo. Não era ser bom, não era ser grande. Era ser o melhor”.

Aconteceu.

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