Análise: Globo desmascarou o futebol brasileiro
Para Erich Beting, mesmo movimentando mais de R$ 2,5 bilhões por ano, o
Brasileirão continua a ser um torneio sem dono
Por Erich Beting para o site Máquina do Esporte
O rei está nu.
A decisão da Globo de não mostrar
o replay do lance enquanto a arbitragem não definisse, dentro de campo, o que
tinha acontecido na jogada, desmascara não apenas a hipocrisia dos árbitros em
dizer categoricamente que não há interferência externa para tomar decisões.
A lambança desmascara todo o
sistema capenga do futebol brasileiro.
A principal competição esportiva
do país tem duração de oito meses, é composta de 380 partidas e movimenta, por
baixo, cerca de R$ 2,5 bilhões por ano.
Mas quem é responsável pela
gestão do Campeonato Brasileiro de futebol?
Mais do que revelar que os
árbitros fazem uso do recurso de vídeo para tomar decisões, mesmo isso sendo
considerado ilegal pelas regras, quando um jogo fica parado por sete minutos
para seis pessoas decidirem se o gol valeu ou não, mostramos que o futebol não
tem nenhum comando.
Nunca a emissora de televisão
deveria ser a geradora das imagens dos jogos da competição.
O dono do torneio é quem deve
captar e retransmitir as imagens para seus parceiros de transmissão.
Sem isso, ele se torna refém de
quem transmite.
Essa é a premissa básica de
qualquer torneio minimamente bem organizado.
Os donos do evento captam as
imagens.
E as revendem para quem estiver
interessado.
Isso dá mais trabalho à entidade,
mas na ponta final gera muito mais dinheiro a partir da redução dos custos das
emissoras.
Em qualquer campeonato que tenha
faturamento bilionário como o Brasileirão, as emissoras de TV têm à disposição
diversas imagens geradas pela dona da competição e escolhem, entre elas,
aquelas que serão exibidas para o telespectador.
Por aqui, por total incompetência
dos nossos gestores, a Globo é quem produz tudo.
E a CBF?
Essa fica sem poder preservar os
próprios erros humanos de sua arbitragem e, assim como um telespectador, fica
sem poder para tomar qualquer decisão sobre o produto.
O Brasileirão é um dos poucos
torneios em que a entidade que é responsável por ele não é quem negocia as
propriedades comerciais da competição, mas mesmo assim precisa arcar com os
custos de organização do evento.
Além disso, ela também não é quem
detém e gera as imagens dos jogos.
E, mais ainda, não consegue
capacitar seus árbitros para tomadas de decisão sem precisar de auxílio externo
de imagem.
O futebol brasileiro está nu.
O que aconteceu em Internacional
x Santos não serve só para repensar a atuação da arbitragem, mas toda a gestão
do principal campeonato do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário