Imagem: Autor Desconhecido
Análise: Alto rendimento não é papel do Estado
Para Duda Lopes, futuro presidente deve pensar no esporte
exclusivamente como plataforma de saúde e educação
Por Duda Lopes para o site Máquina do Esporte
O Brasil tem falhado na política
do esporte.
E é uma falha histórica.
Nos últimos anos, o problema
ficou mais evidente, quando o alto rendimento ganhou peso ao Estado, mas as
iniciativas sociais ficaram limitadas a projetos isolados, alguns por Lei de
Incentivo, outros pelo próprio Ministério.
E o segmento não deve mudar após
as eleições.
Jair Bolsonaro nem cita a palavra
"esporte" em seu plano de governo.
Fernando Haddad tem ideia
interessante, chamada Sistema Único do Esporte, a fim de unificar as políticas
sociais do esporte.
Ainda assim, uma medida mais
enfática não seria condizente com a última década de PT.
Um bom caminho a trilhar seria
desassociar as políticas públicas do alto rendimento.
É triste pedir isso, mas a
verdade é que a área traz retornos sociais limitados, o que torna os
investimentos supérfluos, em especial em um país com tamanhas desigualdades,
com tanta pobreza.
Com um Ministério ou uma
Secretaria limitada a ações sociais no esporte, um plano mais consistente, sem
a necessidade de retorno imediato, seria mais fácil de ser implementado e
cobrado no futuro.
O longo prazo é a expressão-chave
nesse processo.
Por mais que seja odiável numa
política sempre focada na próxima eleição.
Mas, com o passar dos anos,
cria-se uma cultura de esporte forte no país, que invariavelmente chega ao alto
rendimento, às grandes ligas, às confederações, aos atletas e às empresas.
A Islândia é um pequeno exemplo
do quanto isso é possível, e por isso foi destacada nesta sexta-feira (26) de
pré-eleição.
Evidentemente, há uma série de
ponderações ao país.
A nação europeia é rica, com
baixa população e sem grandes desigualdades.
Ainda assim, a demonstração de
sucesso de um país que mantém o sexto melhor IDH do mundo não pode ser
ignorada, mas sim adaptada a outras realidades.
No fundo, o que o próximo
presidente precisa analisar é o que representa custo e o que representa um
investimento concreto.
Política social do esporte nunca
é custo.
É aplicação de educação,
cidadania e saúde, questões urgentes para a população brasileira.
De bolsa-atleta a novo Maracanã,
essa ideia básica foi perdida ao longo da última década, que se somou a outras
de descaso ao segmento.
Ao alto rendimento, sobra o
controle por parte do Estado, a força da Justiça que pode impedir que as
confederações se tornem a zona que sempre foram.
Esse é o melhor que governos
podem fazer pelas ligas e atletas do país.
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