Imagem: Autor Desconhecido
Mundial sem Libertadores?
E sem
Champions League?
Os times que
conquistaram o mundo sem antes levantarem troféus em seus continentes
Pedro
Henrique Brandão Lopes
Na semana em
que o polêmico e legitimo título Mundial do Corinthians completa mais um
aniversário, mesmo com o devido reconhecimento por parte da FIFA do
bicampeonato mundial alvinegro, a piada dos rivais parece não ter fim:
“Dois
Mundiais com uma Libertadores”
Aqueles que
não torceram pelo Timão em 2000 ironizam.
A galhofa,
própria de torcedores e indispensável ao futebol, tem origem na formatação
original do chamado Campeonato Mundial Interclubes ou Copa Intercontinental de
Clubes.
Disputado
desde 1960, o formato antigo colocava frente a frente os campeões europeu e
sul-americano a cada temporada, ou seja, os campeões da Copa do Campeões,
antecessora da Champions League, e os vencedores da Libertadores da América.
Jogos de ida
e volta, sempre respeitando o mando de campo dos clubes finalistas e sem saldo
de gols como critério de desempate.
Essa fórmula
fez Real Madrid e Peñarol disputarem o primeiro Mundial de Clubes da história,
em 1960.
Os Merengues
foram campeões depois de um empate em 0 a 0 no Estádio Centenário de Montevideo
e uma sonora goleada por 5 a 1 no jogo da volta em Madrid, disputado no
Santiago Bernabéu.
Sem o saldo
de gols como critério de desempate, por muitas vezes a decisão precisou de uma
terceira partida para apontar um campeão.
Foi assim com
o Santos em 1963, quando venceu o Milan na partida de desempate por 1 a 0 para
comemorar seu segundo título Mundial.
Até 1967 a
disputa da Copa Intercontinental atraía os clubes europeus que viam na
competição um importante parâmetro para dimensionar o jogo praticado na Europa
em relação à técnica nata dos latinos.
Porém as
decisões passaram a ser cada vez mais violentas, com os times sul-americanos
promovendo verdadeiras batalhas campais em busca do troféu.
A final entre
Racing e Celtic foi muito violenta com distribuição de pontapés por parte dos
dois times.
A partir
daquele ano, por pressão dos europeus na tentativa de evitar lesões pela
violência excessiva, o saldo de gols passou a ser considerado como critério
para desempate eliminando a possibilidade de um terceiro jogo.
No quesito
pancadaria o Estudiantes de La Plata ficou famoso.
Na final de
1968, contra o Manchester United, os argentinos promoveram uma carnificina nos
dois jogos e venceram o título, de brinde receberam o apelido de “Animals”.
O lendário
treinador inglês Matt Busby apelou à FIFA que deveria banir o Estudiantes de
qualquer competição internacional.
Nada feito,
como a competição era organizada em conjunto por CONMEBOL e UEFA a FIFA não
poderia intervir e o Estudiantes estaria classificado para a disputa do ano
seguinte por vencer novamente a Libertadores.
A final de
1969 foi tão violenta que até a ditadura argentina entendeu que os Pincharratas
passaram dos limites.
O ditador
Juan Carlos Ongania mandou prender o goleiro Alberto Polleti que deu uma
cotovelada criminosa no centroavante italiano Pierino Prati.
O jogador
rossonero caiu desacordado após o lance.
Polleti ainda
agrediu com um chute no rosto Nestor Combim, o jogador argentino naturalizado
francês fraturou o nariz no lance.
Outros dois
jogadores do Estudiantes foram detidos pela brutalidade, Eduardo Manera e Ramón
Suárez cumpriram 30 dias de prisão junto com Polleti.
A fama da
violência sul-americana correu o mundo e logo os europeus começaram a declinar
da competição.
Em 1971 a
primeira desistência oficial, o Ajax de Cruyff e companhia se recusou a
enfrentar o Nacional do Uruguai.
A UEFA
indicou então o vice-campeão europeu para a disputa, o Panathinaikos.
Sem o
brilhantismo dos holandeses que conquistariam o Tricampeonato europeu nos anos
seguintes, os gregos não conseguiram fazer frente aos uruguaios que venceram o
Mundial daquele ano.
O Bayern de
Munique foi o segundo clube a recusar a disputa do Mundial.
Novamente o
vice-campeão foi o indicado à vaga.
Em 1974, a
final da Copa dos Campeões da Europa foi entre os alemães de Munique e os
Colchoneros de Madrid.
Deu Bayern,
assim o Atlético de Madrid chegou à disputa do Mundo sem conquistar o próprio
continente.
O
Independiente da Argentina foi o campeão da Libertadores de 1974, com isso os
jogos foram disputados entre março e abril de 1975.
A primeira
partida aconteceu em Avellaneda e com a força da torcida os donos da casa
saíram vencedores pelo placar de 1 a 0.
A crônica
esportiva da época destacava a saída do treinador espanhol Juan Carlos Lorenzo
e apontava o fato como motivo pela falta de entrosamento do Atlético de Madrid.
Porém quem assumiu
o lugar do consagrado treinador foi Luis Aragonés que havia pendurado as
chuteiras há pouco tempo e iniciava uma vitoriosa carreira de treinador.
No encontro
da volta um Vicente Calderón abarrotado recebeu os argentinos e jogou junto com
os Colchoneros.
Mesmo com a
vantagem construída na Argentina, o Independiente partiu ao ataque na tentativa
de decidir o título.
O Atlético
soube segurar a pressão inicial e quando controlou o jogo conseguiu marcar os
tentos na hora certa.
Primeiro com
Irureta que empatou o placar agregado e levaria a decisão às penalidades.
Faltando
apenas 4 minutos para o fim, Ayala alcançou a consagração e a glória ao anotar
o gol do título num lance de muita raça fazendo o estádio explodir em emoção,
decretando o Mundial do Atleti que após a vitória corintiana na Libertadores de
2012, se tornou o único clube a conquistar o mundo sem conquistar seu próprio
continente.
Imagem: Autor Desconhecido
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