domingo, dezembro 01, 2019

Mundial sem Libertadores? E sem Champions League?

Imagem: Autor Desconhecido

Mundial sem Libertadores?

E sem Champions League?

Os times que conquistaram o mundo sem antes levantarem troféus em seus continentes

Pedro Henrique Brandão Lopes

Na semana em que o polêmico e legitimo título Mundial do Corinthians completa mais um aniversário, mesmo com o devido reconhecimento por parte da FIFA do bicampeonato mundial alvinegro, a piada dos rivais parece não ter fim:

“Dois Mundiais com uma Libertadores”

Aqueles que não torceram pelo Timão em 2000 ironizam.

A galhofa, própria de torcedores e indispensável ao futebol, tem origem na formatação original do chamado Campeonato Mundial Interclubes ou Copa Intercontinental de Clubes.

Disputado desde 1960, o formato antigo colocava frente a frente os campeões europeu e sul-americano a cada temporada, ou seja, os campeões da Copa do Campeões, antecessora da Champions League, e os vencedores da Libertadores da América.

Jogos de ida e volta, sempre respeitando o mando de campo dos clubes finalistas e sem saldo de gols como critério de desempate.

Essa fórmula fez Real Madrid e Peñarol disputarem o primeiro Mundial de Clubes da história, em 1960.

Os Merengues foram campeões depois de um empate em 0 a 0 no Estádio Centenário de Montevideo e uma sonora goleada por 5 a 1 no jogo da volta em Madrid, disputado no Santiago Bernabéu.

Sem o saldo de gols como critério de desempate, por muitas vezes a decisão precisou de uma terceira partida para apontar um campeão.

Foi assim com o Santos em 1963, quando venceu o Milan na partida de desempate por 1 a 0 para comemorar seu segundo título Mundial.

Até 1967 a disputa da Copa Intercontinental atraía os clubes europeus que viam na competição um importante parâmetro para dimensionar o jogo praticado na Europa em relação à técnica nata dos latinos.

Porém as decisões passaram a ser cada vez mais violentas, com os times sul-americanos promovendo verdadeiras batalhas campais em busca do troféu.

A final entre Racing e Celtic foi muito violenta com distribuição de pontapés por parte dos dois times.

A partir daquele ano, por pressão dos europeus na tentativa de evitar lesões pela violência excessiva, o saldo de gols passou a ser considerado como critério para desempate eliminando a possibilidade de um terceiro jogo.

No quesito pancadaria o Estudiantes de La Plata ficou famoso.

Na final de 1968, contra o Manchester United, os argentinos promoveram uma carnificina nos dois jogos e venceram o título, de brinde receberam o apelido de “Animals”.

O lendário treinador inglês Matt Busby apelou à FIFA que deveria banir o Estudiantes de qualquer competição internacional.

Nada feito, como a competição era organizada em conjunto por CONMEBOL e UEFA a FIFA não poderia intervir e o Estudiantes estaria classificado para a disputa do ano seguinte por vencer novamente a Libertadores.

A final de 1969 foi tão violenta que até a ditadura argentina entendeu que os Pincharratas passaram dos limites.

O ditador Juan Carlos Ongania mandou prender o goleiro Alberto Polleti que deu uma cotovelada criminosa no centroavante italiano Pierino Prati.

O jogador rossonero caiu desacordado após o lance.

Polleti ainda agrediu com um chute no rosto Nestor Combim, o jogador argentino naturalizado francês fraturou o nariz no lance.

Outros dois jogadores do Estudiantes foram detidos pela brutalidade, Eduardo Manera e Ramón Suárez cumpriram 30 dias de prisão junto com Polleti.

A fama da violência sul-americana correu o mundo e logo os europeus começaram a declinar da competição.

Em 1971 a primeira desistência oficial, o Ajax de Cruyff e companhia se recusou a enfrentar o Nacional do Uruguai.

A UEFA indicou então o vice-campeão europeu para a disputa, o Panathinaikos.

Sem o brilhantismo dos holandeses que conquistariam o Tricampeonato europeu nos anos seguintes, os gregos não conseguiram fazer frente aos uruguaios que venceram o Mundial daquele ano.

O Bayern de Munique foi o segundo clube a recusar a disputa do Mundial.

Novamente o vice-campeão foi o indicado à vaga.

Em 1974, a final da Copa dos Campeões da Europa foi entre os alemães de Munique e os Colchoneros de Madrid.

Deu Bayern, assim o Atlético de Madrid chegou à disputa do Mundo sem conquistar o próprio continente.

O Independiente da Argentina foi o campeão da Libertadores de 1974, com isso os jogos foram disputados entre março e abril de 1975.

A primeira partida aconteceu em Avellaneda e com a força da torcida os donos da casa saíram vencedores pelo placar de 1 a 0.

A crônica esportiva da época destacava a saída do treinador espanhol Juan Carlos Lorenzo e apontava o fato como motivo pela falta de entrosamento do Atlético de Madrid.

Porém quem assumiu o lugar do consagrado treinador foi Luis Aragonés que havia pendurado as chuteiras há pouco tempo e iniciava uma vitoriosa carreira de treinador.

No encontro da volta um Vicente Calderón abarrotado recebeu os argentinos e jogou junto com os Colchoneros.

Mesmo com a vantagem construída na Argentina, o Independiente partiu ao ataque na tentativa de decidir o título.

O Atlético soube segurar a pressão inicial e quando controlou o jogo conseguiu marcar os tentos na hora certa.

Primeiro com Irureta que empatou o placar agregado e levaria a decisão às penalidades.

Faltando apenas 4 minutos para o fim, Ayala alcançou a consagração e a glória ao anotar o gol do título num lance de muita raça fazendo o estádio explodir em emoção, decretando o Mundial do Atleti que após a vitória corintiana na Libertadores de 2012, se tornou o único clube a conquistar o mundo sem conquistar seu próprio continente.

Imagem: Autor Desconhecido

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