Análise: Bundesliga migra jogos para o telefone
Bundesliga abre mão de ganhar mais da TV nesse instante para ir aonde
está o torcedor do futuro
Por Erich Beting
Causou estranheza para boa parte do mercado o anúncio feito pela
Bundesliga de que o Campeonato Alemão passará a ser transmitido pelo aplicativo
Onefootball no Brasil.
Não é só por aqui, porém, que o streaming se tornou a casa da competição.
Nesta sexta-feira, a liga alemã anunciou um acordo similar com a
plataforma FanCode, na Índia.
O movimento que os alemães fazem é interessante.
Com um campeonato extremamente previsível, em que a mídia do próprio país
brinca ser um torneio em que 18 times jogam para saber quando o Bayern de
Munique será campeão, a Bundesliga decidiu se diferenciar dos outros pela
tecnologia.
Os jogos são filmados por câmeras de telefones celulares, para já ter a
transmissão feita especialmente ao mobile.
Alguns estádios usam o 5G para oferecer uma experiência imersiva ao
torcedor no celular.
Sem os astros da Premiere League ou a fama da LaLiga, a Bundesliga foi
buscar no novo consumidor a garantia de que não ficará para trás na cada vez
mais acirrada concorrência do futebol pela atenção do consumidor.
Hoje, ingleses e espanhóis têm nos acordos internacionais de direitos de
mídia sua principal fonte de receita.
Para isso acontecer, o modelo adotado por eles é cada vez mais assegurar
um grande show para a TV e, a partir disso, faturar com o modelo tradicional de
venda.
Por extrema necessidade, os alemães já estão um passo à frente.
O consumo de conteúdo pelo telefone celular é cada vez maior, especialmente
entre os mais jovens.
Ao começar a migrar da TV linear para o mobile, a Bundesliga vai se
enfiando onde está a próxima geração de consumo de seu produto.
Aqui no Brasil, porém, os alemães encontraram um bom jeito de fazer essa
migração.
A saída da TV não foi total.
Aos domingos, às 10h30, a Bundesliga vai ter um jogo exibido pela Band.
A audiência da partida conseguirá ser maior do que havia antes, com a TV
a cabo mostrando o jogo em meio a uma concorrência de horários e espaço na
grade com todas as outras ligas europeias.
Para o restante do tempo, o foco será no mobile.
O jogo em si, nesse caso, tende a ser o de menos.
A preocupação deverá ser em qual
experiência haverá ao fã.
Os alemães não querem, agora, fazer fortuna com direitos de transmissão.
O negócio, para ele, é ficar mais perto do torcedor do futuro.
E, aí sim, faturar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário