terça-feira, setembro 29, 2020

Volta de público dá lucro à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, mas prejuízo a clubes...

Imagem: FERJ

Volta de público dá lucro à FERJ, mas prejuízo a clubes 

Dados de 2019 mostram dificuldades quando cariocas têm 30% do público 

Por Augusto Dalla Vecchia e Duda Lopes para o Máquina do Esporte 

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) é uma das principais defensoras da volta do público do Brasileirão, a ponto do presidente da entidade, Rubens Lopes, ter batido boca com o presidente da CBF, Rogério Caboclo, na reunião sobre o assunto na quinta-feira (24). 

Mas, para além do interesse dos times cariocas, quem mais tem a ganhar financeiramente é a própria FERJ. 

A federação do Rio, assim como acontece com as outras federações nacionais, tem direito a 5% da renda bruta de todos os jogos do Brasileirão. 

O problema é que, com o público limitado, a renda líquida costuma ficar no negativo. Ou seja, com volta dos jogos, o risco ficará restrito às equipes, e FERJ só tem a ganhar. 

A Máquina do Esporte levantou as partidas que cravaram 30% do público ou que ficaram mais próximos disso, entre os clubes cariocas durante o Campeonato Brasileiro de 2019. 

Foi considerada a taxa de ocupação usada pelo Globoesporte.com em seu aplicativo sobre público nos estádios brasileiros.

 Ao levantar o borderô dessas partidas, Botafogo, Fluminense e Vasco ficaram no prejuízo. 

O Flamengo não foi considerado porque não teve jogo com a taxa de ocupação igual ou inferior a 30%. 

O clube é também um dos defensores da volta do público. 

O pior dos casos acontece com o Vasco, caso o time opte por atuar em São Januário. 

Com 7 mil pessoas, time joga com alto prejuízo. 

Na partida contra o Palmeiras, em 2019, o time levou 8,4 mil torcedores ao estádio, o que representou uma taxa de ocupação de 33% do estádio, mais do que seria possível no retorno em 2020.

 No fim, o clube teve prejuízo de R$ 67 mil com a partida. A FERJ, com os 5% da renda bruta, levou R$ 13 mil.

 O mesmo acontece com seus rivais. 

O Botafogo, contra o Santos, teve 16,2 mil pessoas no Nilton Santos, 29% de ocupação. 

Teve prejuízo de R$ 6,2 mil, mas a FERJ ficou com R$ 21,4 mil. 

O Fluminense, contra o São Paulo, teve 21,7 mil pessoas no Maracanã, exatos 30% de ocupação. 

Prejuízo de R$ 12,3 mil, com R$ 28,9 mil de lucro para a FERJ. 

Há algumas suposições de que poderiam melhorar a situação para os clubes, mas que não devem ser atingidas na prática. 

A primeira está no custo de operação que, com o público limitado, poderia ser mais baixo. 

No entanto, como explicou o superintendente de marketing da Neo Química Arena, Caio Campos, ao Máquina Talks, evento realizado pela Máquina do Esporte nesta semana, isso não deverá acontecer. 

Como existe a necessidade de distanciamento entre os torcedores, os estádios não poderão limitar os setores, o que diminuiria os custos.

 Os 30% do público terão que, necessariamente, serem espalhados em todos os setores. 

Outra suposição que amenizaria a situação seria o aumento do tíquete médio, que compensaria a limitação de público. 

Nesse caso, vale a lembrança de que a taxa de ocupação dos estádios brasileiros já é baixa, mesmo com a precificação aplicada na última temporada. 

Fluminense e Botafogo, por exemplo, não chegaram a 30% de média nos estádios durante o ano de 2019.   

A defesa de Rubens Lopes está no retorno do público determinado pelos órgãos públicos de cada estado. 

O Rio de Janeiro já poderia receber torcedores nas arenas em outubro. 

A irritação do dirigente na reunião da CBF aconteceu porque a maioria dos clubes entendeu que só poderia haver torcida quando todas as equipes do Brasileirão tivessem a mesma condição. 

Procurada pela Máquina do Esporte, a FERJ preferiu não comentar.

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