Bruno Henrique é indiciado pelo MP por participação em esquema de apostas

Imagem: Pedro Vilela/Getty Images

Bruno Henrique denunciado pelo MP: O que acontece agora com o atacante do Flamengo?

Atleta de 34 anos está sendo acusado de participação em esquema de apostas esportivas

Por Carlos Vinicius Amorim para o site ‘Trivela’

O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi denunciado à Justiça do Distrito Federal por fraude a resultado ou evento associado à competição esportiva e estelionato pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) nesta quarta-feira (11).

O caso é referente à suposta participação do jogador em esquema de apostas esportivas.

Junto da denúncia do órgão veio o pedido de indiciamento da Polícia Federal ao atleta de 33 anos, feito em 16 de abril deste ano.

A investigação da PF apontou que BH e outras nove pessoas estariam envolvidas em um esquema para ele sofrer cartão amarelo no jogo entre o Rubro-Negro e o Santos pelo Brasileirão 2023.

— [Bruno Henrique] Praticou deliberadamente atos para ser punido desportivamente com o cartão durante partida disputada contra o Santos Futebol Clube, ocorrida no dia 1° de novembro de 2023, avisando previamente o seu irmão Wander Pinto Júnior acerca do seu plano de provocar intencionalmente a sua penalidade para propiciar que o último auferisse ganhos de apostas esportivas — aponta parte da denúncia.

Agora, há dois caminhos.

A Justiça pode aceitar o pedido do MPDFT e Bruno Henrique se tornaria réu em um processo criminal.

Caso recuse a denúncia, o atacante é absolvido criminalmente.

Ele ainda enfrenta investigação no âmbito da Justiça Desportiva.

O crime de fraude, previsto apenas no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, prevê pena de dois a seis anos de reclusão, enquanto estelionato pode ser de um a cinco anos de prisão.

Por ser atleta profissional, o jogador do Flamengo ainda poderia receber mais um terço da pena pela fraude esportiva.

O que mostrou o indiciamento da PF sobre Bruno Henrique?

A PF interceptou mensagens entre Bruno Henrique e o irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, nas quais conversam sobre a possibilidade de o atacante sofrer um cartão amarelo por estar pendurado no Brasileirão de dois anos atrás.

Wander Nunes: “O tio, você está com 2 cartão no brasileiro?”

Bruno Henrique: “Sim”

Wander: “Quando [o] pessoal mandar tomar o 3 liga nós, hein kkkk”

Bruno: “Contra o Santos”

Wander: “Daqui quantas semanas?”

Bruno: “Olha aí no Google”

Wander: “29 de outubro. Será que você vai aguentar ficar até lá sem cartão kkkkkk”

Bruno: “Não vou reclamar [em algum jogo antes]. Só se eu entrar forte em alguém”

Wander: “Boua, já vou guardar o dinheiro investimento com sucesso”

Os promotores do MPDFT e os investigadores da PF entendem que a conversa implica diretamente o atacante em um esquema de favorecimento que não beneficiou apenas ao irmão, mas também outros familiares e um núcleo paralelo de apostadores.

Ao indiciá-lo, a PF entende que há elementos para considerar que Bruno e seu irmão cometeram os crimes de fraude e estelionato e os indiciou, enquanto outras oito pessoas apenas por estelionato.

O jogo no qual o jogador do Flamengo teria sofrido o cartão amarelo de propósito

Flamengo e Santos se enfrentaram pelo Brasileirão 2023 em novembro daquele ano.

Na partida, Bruno Henrique sofreu um cartão amarelo por falta em Yeferson Soteldo e, na sequência do lance, foi expulso pelo segundo cartão por reclamação.

Após a partida, a CBF foi alertada por três empresas de apostas sobre um número alto de apostas na advertência ao atacante.

Uma das casas de apostas registrou 98% do volume de apostas para o mercado de cartões no amarelo do atleta flamenguista.

Bruno Henrique diz ser inocente

Após o título da Copa do Brasil, em novembro do ano passado, o atacante se mostrou incomodado com a forma que a PF realizou a busca e apreensão em sua casa dias antes.

Bruno Henrique também garantiu ser inocente, dizendo “sim, com certeza” ao ser questionado em entrevista ao “SporTV”.

— Recebi [a notícia sobre a acusação] de uma forma agressiva. Não esperava a forma que foi. Mas acredito na justiça lá de cima. Deus é um cara que sempre esteve comigo. Minha trajetória desde quando eu comecei a jogar futebol nunca foi fácil, mas Deus foi comigo [momento que a voz embarga]. Eu estou tranquilo em relação a isso com meus advogados, empresário, pessoas que estão comigo nessa batalha comigo. — iniciou o jogador.

— Eu só peço que a justiça seja feita. E separar o fora de campo com o dentro de campo. Como falei antes, eu tenho uma pessoa que consegue me ajudar mentalmente, porque não é fácil da forma que foi [divulgada a acusação]. — disse.