‘Tema prioritário’:
Como a CBF planeja profissionalização de árbitros do futebol brasileiro
Entidade estuda exemplos de
ligas europeias e quer implementar mudança de forma gradual para reduzir erros
Por Milena Tomaz para o site ‘Trivela’
Samir Xaud definiu seis objetivos
da sua gestão na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em maio, ao ser
eleito presidente da entidade.
As metas incluíam ajustes no
calendário — o que foi anunciado neste mês de outubro –, implementação do fair
play financeiro — cujo projeto está em andamento — e melhora da arbitragem.
Neste último caso, a Comissão de
Arbitragem informou à Trivela nesta quarta-feira (08) que a profissionalização
dos árbitros está na pauta.
— A profissionalização da
arbitragem é considerada um tema prioritário para a atual gestão da CBF e, no
momento, se encontra em fase de estudos.
A CBF declarou ter analisado
modelos adotados em países com as principais ligas europeias (Inglaterra,
Espanha, Alemanha, França e Itália).
O próximo passo consiste em ouvir
árbitros, associações, sindicatos, federações e “referências nacionais e
internacionais” para concretizar o plano de forma gradual “a partir de
um grupo inicial piloto, e expansão por etapas nos anos seguintes”.
Ainda não há detalhes sobre
valores e investimentos.
No futebol brasileiro atualmente,
os árbitros são remunerados por partida feita, e não é incomum que muitos se
dividam entre o trabalho em campo e outras fontes de renda.
Países estudados pela CBF vão
além da profissionalização de árbitros
Os árbitros têm uma realidade
diferente na Inglaterra, por exemplo.
A Associação de Árbitros
Profissionais (PGMOL, na sigla em inglês) foi criada em 2001 para melhorar o
padrão de arbitragem no país.
O órgão é responsável por
arbitrar todas as partidas da Premier League, da Liga de Futebol Inglesa (EFL)
— o que inclui da segunda a quarta divisão e Copa da Liga — e da Associação de
Futebol inglesa (FA).
A PGMOL deve treinar, desenvolver
e dar mentoria a 162 árbitros e 350 assistentes.
A organização tem, no total, 84
no “Select Group”, que são profissionais contratados para as partidas.
Eles estão encaixados em
categorias: “Select Group One”, “Select Group One” para
assistentes, “Select Group Two” e “Select Group” feminino.
São 20 os profissionais no “Select
One” atualmente, os de maior destaque na arbitragem inglesa, e todos de
tempo integral.
Apenas os que estiverem neste
nível ou fizerem parte do “grupo de desenvolvimento” podem apitar em
jogos da Premier League.
O seleto grupo da mais alta
prateleira é avaliado por um painel independente composto por ex-jogadores e
treinadores, um representante da liga e outro da PGMOL.
“O objetivo é fornecer uma
avaliação independente da tomada de decisões durante as partidas. As reuniões
são semanalmente para revisar os principais incidentes e avaliar os resultados
das decisões em campo e do VAR”, indicou a Premier League.
Os membros do “Select One”
também recebem suporte equiparados aos de clubes de futebol, segundo a
entidade.
Tecnologia para análises
detalhadas, analistas de desempenho, cientistas e psicólogos esportivos,
fisioterapeutas, assistentes operacionais, técnico de corrida e podólogos estão
incluídos no pacote do “plano de desenvolvimento de árbitros de elite”.
Na Itália, há a Associação
Italiana de Árbitros (AIA) desde 1911, que tem a missão de encontrar, formar e
contratar os árbitros.
No futebol espanhol, os árbitros
passaram a ser profissionais em 2020 e integram o Comitê Técnico de Arbitragem
(CTA) da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF).
Entre os franceses, as mudanças
para a profissionalização ocorreram em 2016 e, com o esforço para que os
árbitros focassem apenas no futebol, os profissionais tiveram remuneração de
cerca de 128 mil euros (cerca de 760 mil reais) no ano em 2024.
No futebol alemão, os árbitros
não são profissionais de tempo integral, e muitos também têm outras ocupações.
A diferença é que, além do
pagamento por jogo realizado, eles recebem um salário-base, que varia conforme
a experiência e se são ou não do quadro da Fifa.
O grupo é de supervisão da Federação Alemã de Futebol (DFB), que deve designar os responsáveis por arbitrar os duelos.

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