domingo, outubro 12, 2025

CBF planeja profissionalizar a arbitragem do futebol brasileiro

Imagem: Autor Desconhecido/Manipulação: Fernando Amaral

‘Tema prioritário’: Como a CBF planeja profissionalização de árbitros do futebol brasileiro

Entidade estuda exemplos de ligas europeias e quer implementar mudança de forma gradual para reduzir erros

Por Milena Tomaz para o site ‘Trivela’

Samir Xaud definiu seis objetivos da sua gestão na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em maio, ao ser eleito presidente da entidade.

As metas incluíam ajustes no calendário — o que foi anunciado neste mês de outubro –, implementação do fair play financeiro — cujo projeto está em andamento — e melhora da arbitragem.

Neste último caso, a Comissão de Arbitragem informou à Trivela nesta quarta-feira (08) que a profissionalização dos árbitros está na pauta.

— A profissionalização da arbitragem é considerada um tema prioritário para a atual gestão da CBF e, no momento, se encontra em fase de estudos.

A CBF declarou ter analisado modelos adotados em países com as principais ligas europeias (Inglaterra, Espanha, Alemanha, França e Itália).

O próximo passo consiste em ouvir árbitros, associações, sindicatos, federações e “referências nacionais e internacionais” para concretizar o plano de forma gradual “a partir de um grupo inicial piloto, e expansão por etapas nos anos seguintes”.

Ainda não há detalhes sobre valores e investimentos.

No futebol brasileiro atualmente, os árbitros são remunerados por partida feita, e não é incomum que muitos se dividam entre o trabalho em campo e outras fontes de renda.

Países estudados pela CBF vão além da profissionalização de árbitros

Os árbitros têm uma realidade diferente na Inglaterra, por exemplo.

A Associação de Árbitros Profissionais (PGMOL, na sigla em inglês) foi criada em 2001 para melhorar o padrão de arbitragem no país.

O órgão é responsável por arbitrar todas as partidas da Premier League, da Liga de Futebol Inglesa (EFL) — o que inclui da segunda a quarta divisão e Copa da Liga — e da Associação de Futebol inglesa (FA).

A PGMOL deve treinar, desenvolver e dar mentoria a 162 árbitros e 350 assistentes.

A organização tem, no total, 84 no “Select Group”, que são profissionais contratados para as partidas.

Eles estão encaixados em categorias: “Select Group One”, “Select Group One” para assistentes, “Select Group Two” e “Select Group” feminino.

São 20 os profissionais no “Select One” atualmente, os de maior destaque na arbitragem inglesa, e todos de tempo integral.

Apenas os que estiverem neste nível ou fizerem parte do “grupo de desenvolvimento” podem apitar em jogos da Premier League.

O seleto grupo da mais alta prateleira é avaliado por um painel independente composto por ex-jogadores e treinadores, um representante da liga e outro da PGMOL.

“O objetivo é fornecer uma avaliação independente da tomada de decisões durante as partidas. As reuniões são semanalmente para revisar os principais incidentes e avaliar os resultados das decisões em campo e do VAR”, indicou a Premier League.

Os membros do “Select One” também recebem suporte equiparados aos de clubes de futebol, segundo a entidade.

Tecnologia para análises detalhadas, analistas de desempenho, cientistas e psicólogos esportivos, fisioterapeutas, assistentes operacionais, técnico de corrida e podólogos estão incluídos no pacote do “plano de desenvolvimento de árbitros de elite”.

Na Itália, há a Associação Italiana de Árbitros (AIA) desde 1911, que tem a missão de encontrar, formar e contratar os árbitros.

No futebol espanhol, os árbitros passaram a ser profissionais em 2020 e integram o Comitê Técnico de Arbitragem (CTA) da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF).

Entre os franceses, as mudanças para a profissionalização ocorreram em 2016 e, com o esforço para que os árbitros focassem apenas no futebol, os profissionais tiveram remuneração de cerca de 128 mil euros (cerca de 760 mil reais) no ano em 2024.

No futebol alemão, os árbitros não são profissionais de tempo integral, e muitos também têm outras ocupações.

A diferença é que, além do pagamento por jogo realizado, eles recebem um salário-base, que varia conforme a experiência e se são ou não do quadro da Fifa.

O grupo é de supervisão da Federação Alemã de Futebol (DFB), que deve designar os responsáveis por arbitrar os duelos.

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