Às vésperas do inicio do Campeonato Brasileiro da Série B, os clubes começam a mostrar seus novos contratados e buscar em seus adeptos o apoio que precisam para a disputa.
Porém, como sempre ocorre, é nesse período que se levanta com mais ênfase a questão das carteiras e autorizações para que pessoas adentrem nos estádios sem coçar seus bolsos e deixem por conta do torcedor anônimo o ônus de arcar com o preço do ingresso.
Resolvi então arregaçar as mangas e ir atrás das informações sobre essa nebulosa e controversa questão.
Felizmente, me foi possível conseguir algumas informações e documentos que me darão o respaldo necessário, caso apareça alguém tentando desqualificar os números que irei postar.
Tenho em meu poder, as listas com os nomes de todos os portadores de carteiras e cópias Xerox de todas as carteiras emitidas com as simpáticas carinhas de seus portadores.
Mas como a intenção desse blog não é expor ninguém, manterei em meu poder tais documentos, apenas para apresentá-los se necessário for ou publicá-los caso seja obrigado em virtude de desmentidos cínicos.
Minha intenção ao publicar essas informações, é mostrar que as reclamações não procedem, pois todos sabem como e de que forma se consegue entrar em um estádio sem pagar e que as reclamações são na verdade apenas jogo de cena.
Não quero entrar no mérito se está certo ou errado se permitir tantas exceções, afinal quem banca o espetáculo são os clubes e quem arca com os prejuízos também são eles... Mas uma coisa é certa, nenhum economista mediano, aprovaria tantos benefícios assim.
Carteirinhas parte 1
O número de carteiras entregues a árbitros, observadores de arbitragem, o preparador físico dos árbitros e o presidente do sindicado da categoria, é 84 no total.
Mas esse número chega a ser um pouco maior, pois alguns árbitros preferem ostentar suas carteiras da CBF ou da FIFA.
Segundo minha fonte, essas carteiras são entregues sob a alegação de que os árbitros devem assistir aos jogos para buscarem aprender com os erros e acertos dos colegas que estão atuando.
Carteirinhas parte 2
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva, seus membros e servidores somam 11 carteiras.
Os delegados dos jogos que prestam serviço para a federação, tanto na capital como no interior são 28, portanto, 28 carteiras a mais.
Os fiscais de bilheterias carregam 26 carteirinhas, mas esse número pode subir caso os clubes envolvidos numa partida queiram ter seus próprios fiscais.
Funcionários da federação são 14, e, cada um tem a sua carteirinha.
Carteirinhas parte 3
As ligas amadoras recebem em torno de 3 carteirinhas, mas dependendo da força política do seu presidente, esse número pode se elevar.
Cada um dos 12 clubes que participam do campeonato de juniores recebe 3 carteirinhas, assim divididas: Presidente, vice e um diretor.
Na categoria infantil são 18 clubes que recebem o mesmo benefício, pois ABC, América, Alecrim e ASSEPLAN, participam das duas categorias.
Ainda sobre ABC e América, essas 3 carteiras deverão ser computadas na soma que cada clube tem em seu poder e que mostrarei mais abaixo.
Carteirinhas parte 4
Existem ainda as carteirinhas da ACERN que segundo o presidente da associação, Paulo Nogueira, gira em torno de 280.
A AGAP, não informou o número de pessoas que portam carteiras cedidas pela entidade, mas esse número está sendo questionado pela nova direção da FNF.
Entrada gratuita garantida por lei...
Policia Federal, Policia Rodoviária Federal, Policia Militar, Policia Civil, Guarda Municipal, Agentes Penitenciários, Poder Judiciário e alguns outros órgão que ainda não consegui identificar.
O detalhe, é que essas pessoas podem entrar, estejam ou não trabalhando no dia do evento. Só para se ter uma idéia, no jogo América e Vasco na abertura da Série A de 2007, foram 1.700 policiais presentes ao estádio portando suas identificações funcionais (nenhum desses estava a serviço).
No campeonato estadual, o número cai bastante, mas pode variar de 150, até 400 policiais espalhados por arquibancadas, cadeiras e outras dependências do estádio.
Somados aos órgãos de governo, temos também os deficientes físicos que amparados por lei, tem passe livre nas praças esportivas, mas nesse caso, há uma diferença...
Nos jogos no Maria Lamas Farache de propriedade do ABC, só o deficiente entra de graça, mas nos jogos realizados no Machadão, entram de forma gratuita, o deficiente e um acompanhante.
A SEL também tem direito a entrada livre no estádio e recebe uma cota para seus servidores escalados para trabalhar no jogo e outra cota para distribuir para convidados especiais... Esses números variam, mas posso garantir, não são pequenos.
Sobre ABC e América...
Cada um dos clubes tem uma cota fixa de carteiras, cuja lista está na federação e garante aos dirigentes nominados o direito de entrada franca.
O América possui 20 portadores de carteira, o ABC tem oito, o SC Parnamirim e o Parnamirim SC têm 4 cada um.
Os outros variam entre 6 e 4 carteiras.
Mas infelizmente, não são apenas os portadores dessas carteiras que se beneficiam nos domingos e quartas de futebol.
A cada jogo, os clubes apresentam uma lista com nomes que deverão entrar sem pagar ingresso.
Nessa lista, constam atletas, suas mulheres, seus filhos, suas babás, suas namoradas e outros nomes que o clube entende possuírem o requisito necessário para entrar de graça.
Tenho em mãos uma lista apresentada pelo América em um jogo do campeonato brasileiro de 2007, com nada mais, nada menos de 56 nomes.
Já as listas do ABC, são um pouco menores, mas não chegam a ser insignificantes.
Para encerrar, encontrei e fiz questão de guardar, listas de gratuidade que são distribuídas entre os patrocinadores das equipes.
Num jogo do campeonato brasileiro, só um patrocinador colocou 56 convidados no estádio.
Nessa lista podemos encontrar de tudo... Produtoras de comercial, rádios FM, empresas de sonorização, empresas de pesquisa de opinião, distribuidoras de alimento, agencias de publicidade e toda uma gama de empresas que nunca suspeitei, dessem tanto apoio ao futebol do estado.