Caro amigo Fabio Costa, li e publiquei o comentário postado por você no tópico; “Foi dada a largada”.
Peço desculpas por demorar a responder, mas apesar de ter uma opinião formada sobre o assunto, por força da importância que dou a esse blog e a seus leitores, fui à busca de alguns dados que irão reforçar meus argumentos.
Antes de lhe responder, deixe-me esclarecer a uma dúvida que você colocou sobre se havia ou não, diferença entre países nórdicos e escandinavos...
Há sim...
A região nórdica da Europa é composta por Islândia, Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca, mas desde sua independência da Rússia, a Estônia se considera parte da região e não da região báltica como querem a maioria (os países bálticos são Estônia, Lituânia e Letônia).
Já a Escandinávia se restringiria apenas a Noruega e Suécia, apesar de alguns geógrafos incluírem a Dinamarca...
Ao juntarmos a Finlândia, a região passa a ser conhecida como Fino - Escandinávia.
Bem, espero ter sanado suas dúvidas a esse respeito, mas, não se preocupe, pois a grande maioria das pessoas não tem lá muito interesse ou conhecimento sobre assuntos assim.
Para que as pessoas entendam essa postagem, vou publicar abaixo seu comentário...
“Meu caro Fernando, o grande número de nórdicos e escandinavos (não sei se é a mesma coisa) como turistas e como investidores, não poderia converter numa vantagem para Natal? Um trabalho junto a esses países não poderia se converter num lobby junto a FIFA”?
Segundo a EMBRATUR, os principais países emissores de turistas para o Brasil, são:
Argentina (920.210)
Estados Unidos (699.199)
Portugal (280.438)
Itália (268.685)
Chile (260.430)
Alemanha (257.719)
França (254.367)
Uruguai (226.111)
Espanha (216.373)
Paraguai (206.323)
Inglaterra (176.948)
Peru (96.336)
Holanda (83.554)
Suíça (72.763)
Canadá (63.963)
Japão (63.381)
Outros (879.064)
Pelos números apresentados acima, perceba que só a Argentina, envia mais turistas ao Brasil que a soma dos tais “outros”.
Imagino que entre os “outros” citados pela EMBRATUR, estão incluídos os países nórdicos e escandinavos, mas não creio que o número seja tão expressivo quanto nosso senso comum nos induz a crer.
Mas vamos ao que interessa.
Não sou formado em turismo e confesso a você que não sou grande conhecedor da área, porém, como observador, creio que posso emitir opinião sobre o assunto.
Na primeira parte de sua pergunta, você imagina ser grande o número de nórdicos e escandinavos que aportem por aqui ou como turistas, ou como investidores.
Para ser sincero, repito o que disse acima, não creio que sejam tantos assim.
Talvez, noruegueses e suecos, até façam algum número, mas quanto aos dinamarqueses, finlandeses, islandeses e até, estonianos, tenho cá minhas dúvidas.
Em tese, eu lhe diria que um turista em sua primeira viajem a um determinado país, não terá muito tempo para solidificar laços, fazer amizades ou ter maiores curiosidades pela cultura e os hábitos dos nativos.
Turista quer na verdade, passear, ver lugares e coisas diferentes, festejar, saborear a culinária local e se estiver só, no máximo, se aventurará a um encontro fortuito e casual com alguma dama disponível.
Como normalmente a língua é um fator inibidor no relacionamento inter pessoal, não causará nenhum incomodo ao viajante, dispor de alguns euros ou moeda que carregue, para, digamos, “facilitar” essa “relação”...
Creio que você, assim como eu, imagine que nesse tipo de encontro, ninguém vai conseguir uma jovem com conhecimento o bastante para antes das “preliminares” e, depois da “partida” em si, travar um diálogo sobre história, cultura, economia, esporte e outros temas tão importantes, sobre seu país.
Porém, caso exista alguma jovem estudante, que por inadimplência em suas mensalidades junto à faculdade que curse, venha manter algum affair com esse felizardo turista, acredito que não terá muita chance de mostrar todo o seu acúmulo de conhecimento, erudição e cultura, pois imagino que o turista em questão, não terá nenhum interesse em outro assunto que não seja o habitual entre casais em um quarto de motel.
Portanto, é preciso considerar que na primeira viagem, o turista até possa sair encanto com lugar visitado, mas carinho, afeição e vínculos, só serão estabelecidos, caso esse mesmo turista volte mais vezes.
Em relação aos que investem, é necessário que se saiba que tipo de investimento será feito.
Se for a compra pura e simples de uma casa ou apartamento para passar férias, a relação será de morador provisório, portanto, muitas vindas serão necessárias, até que, laços sejam estreitados.
Se o sujeito for construir um prédio, um hotel ou realizar qualquer outro tipo de investimento de negócio, suas relações com o local, só irão criar vínculos, caso ele venha viver no país, caso contrário, o negócio só lhe será útil, enquanto gerar lucro.
Na segunda parte de sua pergunta, você sugere que em virtude da presença desses nórdicos e escandinavos, um trabalho poderia ser feito nos seus países para buscar apoio junto a FIFA numa possível indicação de Natal com sede do Mundial de 2014.
Fabio, Natal só consegue vender pacotes para as classes C e D na Europa, nossas secretarias de turismo (estado e prefeitura), vivem a míngua, suas verbas de divulgação são ridículas e tenho quase certeza absoluta, que poucos são os natalenses, capazes de nos brindar com histórias de suas visitas a Copenhagen, Estocolmo, Oslo, Helsinque, Tallin e Reykjavík.
Isso, para ficarmos apenas com as capitais.
Por outro lado, como estamos falando de Copa do Mundo e Copa do Mundo nos remete ao esporte, teríamos que ter uma relação muito estreita entre nossos dirigentes e os dirigentes deles para que um lobby assim tivesse efeito.
Mas pergunto eu a você, quantos “desportistas” em Natal sabem que o Flora, o Fremad Amager, IA Akranes, o Fram, KFF Kiruna e o AIFK Turku, são clubes de futebol nesses países?
Quantos dirigentes locais teriam condições de estabelecer tais relações?
Tudo isso demandaria tempo e dinheiro; tempo para que amizades fossem consolidadas e dinheiro para bancar as constantes viagens e hospedagens.
Teríamos que ter dirigentes e empresários com mentalidade de “semeadores”, mas infelizmente, no momento, só conseguimos produzir “colhedores” e, um “colhedor”, não quer ter o trabalho de arar, plantar e semear, apenas quer chegar pegar o resultado e ir embora.
Além, das questões acima, seria impossível, saber com antecedência, se teríamos algum desses países classificados para a fase final do mundial e, mesmo assim, ainda dependeríamos do sorteio dos grupos, para só então, saber se um deles cairia na sede de Natal.
Como você pode ver, não é tão simples como parece, mas, quem sabe se no próximo mundial, Natal estará mais preparada para uma convivência menos provinciana e mais cosmopolita.
Para encerrar, apenas mais um dado: o turista que mais gasta em viagens e investe no mundo inteiro, é o americano, mas por aqui, pouco se faz para atraí-lo.
Talvez o motivo seja o mal estar que o turista americano venha causar na torcida do ABC...