Na Assembléia dos Clubes filiados a FNF (Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol), o estatuto de entidade foi adequado ao estatuto da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), por unanimidade e, portanto, a partir de agora, o mandato do Presidente José Vanildo se estenderá, assim como o do Presidente da CBF, até dezembro de 2014.
Muito bem, esse é o fato concreto...
E o que penso sobre o assunto?
Penso agora, o mesmo que pensava quando soube que essa possibilidade existia...
Mas antes, gostaria de relembrar outro fato e, através dele, tentar mostrar aos leitores desse blog como costumo me posicionar diante de certas situações e circunstâncias.
Quando da última eleição, Lupercio Luis Azevedo, então meu companheiro no programa TV U Esporte da TV Universitária, me comunicou que seria candidato ao cargo de presidente da FNF e me perguntou qual era minha opinião...
Não pensei duas vezes, apoiei, incentivei e mais do isso, fui para frente das câmeras e declarei abertamente minha posição, mesmo sabendo que tal postura poderia me custar o afastamento do programa por parte da direção da TV.
Quais razões que me levaram a isso?
As mesmas de todas as pessoas que desejavam uma mudança radical na Federação de Futebol.
Eu e um número expressivo de pessoas queríamos uma federação mais arejada, mais transparente, mais honesta e acima de tudo, mais sólida moralmente e, sabíamos que Lupercio Luiz era o nome certo, para que isso se tornasse realidade.
O resto da história, todos já sabem, Lupercio, eu e todos os que sonhavam com dias melhores fomos derrotados, ou melhor, fomos impedidos pelo voto da maioria dos votantes de ao menos tentar mudar o que lá estava...
Onde estava José Vanildo então?
José Vanildo era membro da chapa vitoriosa e com ela assumiu a FNF.
Aqui começa um novo ciclo...
No dia da eleição, encontrei José Vanildo e depois de lhe dar um abraço (estávamos em posições opostas, mas isso não nos tornava inimigos ou desafetos), lhe disse em alto e bom som (José Vanildo pode confirmar palavra por palavra): “Amigo, sai dessa “furada”, esse não seu lugar”.
José Vanildo sorriu e me disse: “Amaral, estou aqui para não para balançar a cabeça como lagartixa, mas para mudar e é isso que pretendo fazer”...
Apertei sua mão e disse: “desejo-lhe sorte, mas acho que você vai se decepcionar”.
Terminadas as eleições, Lupercio alguns meses depois, foi convidado para gerenciar o esporte em Mossoró, aceitou e hoje, realiza um trabalho exemplar na cidade que o viu nascer.
Permaneci em Natal, e passei a ver a FNF, cada vez pior, cada vez mais inoperante e cada vez mais sufocada pela incompetência.
Porém, percebi que então vice-presidente José Vanildo, vez por outra, demonstrava sua insatisfação com os rumos tomados e, mesmo tendo o cuidado em não ferir a lealdade e a amizade que dedica e nunca negou ter por Alexandre Cavalcanti, afastava-se a cada dia dos negócios da entidade.
O ápice da situação mal resolvida entre a forma de administrar de Alexandre e a forma de pensar de José Vanildo, se deu quando o segundo pediu licença e deixou a federação...
O que aconteceu daí para frente?
Não sei, nunca perguntei e nem nunca me interessou, era um assunto intramuros, era um assunto a ser resolvido por quem e direito.
O que sei é que amparado em razões de ordem pessoal, Alexandre Cavalcanti renunciou e então, José Vanildo tomou posse e assumiu os destinos da FNF...
Esperei...
Observei...
E devo confessar, me alegrei com as notícias que chegavam até a mim.
Vanildo abriu o “guarda roupa” e retirou os que estavam pendurados nos cabides de emprego, foi ao Rio de Janeiro e não levou o velho pires para ser cheio de moedas, mas disse que tinha projetos e que esses projetos precisavam de apoio da CBF e que, apoiaria a administração Ricardo Teixeira, na mesma mediada que por ela fosse apoiado...
Retirou a sede da FNF do buraco fétido e repleto de bolor e a transferiu para uma casa arejada, limpa e digna...
Deu aos servidores salas bem arrumadas, equipamentos para trabalhar, cursos na área de informática e ligou a FNF ao mundo via internet.
Buscou trazer para dentro da Federação gente respeitada e com passado limpo...
Foi à governadora e levou embaixo do braço, não uma bolsa vazia para tentar arrecadar uns trocados, levou um belo projeto de reforma do Estádio Juvenal Lamartine, que ao que tudo indica, será realizado, pois quem viu, gostou e gostou muito.
Mas, José Vanildo é mesmo um homem estranho nesse mundo de homens previsíveis...
Eleito que foi junto com a chapa de Alexandre Cavalcanti pelo emaranhado de filiações feitas ao toque de caixa, cuja única razão era perpetuar no poder os velhos senhores do futebol local, Vanildo esperou, mudou o estatuto da FNF, criou um ranking para definir o número de votos que cada clube teria direito e quando todos acreditavam que ele filiasse ainda mais “futuros eleitores”, Vanildo pegou a todos de surpresa, desfiliando mais de 100 clubes e ligas que só existiam no papel e com missão de votar em quem pagasse mais...
Sobre a decisão da Assembléia de Clubes em estender o mandato de José Vanildo até 2014, penso exatamente como pesava quando ele, num gesto de respeito e humildade, me perguntou o que eu achava...
Respondi então: “Se não fere a lei e se sua permanência significar avanço vá em frente e conte com meu apoio”.
Era o que pensava antes e é o que penso agora, pois salvo engano, José Vanildo continua um homem repleto de imperfeições, porém nenhuma delas o impediu de agir em prol das melhorias necessárias para o bom funcionamento da instituição que hora preside.
Sucesso é o que desejo e franqueza, é o que darei.