Não costumo usar esse espaço para falar de Jose Vanildo, e as razões são bem simplórias...
Sou amigo de Zé e presto uma assessoria para o site da FNF...
Mas, nem uma coisa e nem a outra, ofuscam minha percepção sobre os defeitos de Zé, assim como, não impedem que ele veja os meus...
Nossa amizade é calcada no exercício da sinceridade recíproca e o trabalho que faço para a FNF, é imagino eu, calcado na competência que imagino Zé veja em mim, e na confiança que também imagino, ele tenha no meu trabalho.
Por outro lado, nunca e em nenhum momento, Zé me pediu, seja em nome da nossa amizade, ou seja, por estar prestando serviço a FNF, que eu usasse esse espaço para beneficiá-lo.
Repito nunca isso aconteceu!
Mas hoje vou abrir uma exceção...
Moro em Natal desde 1987, isto é, há 23 anos...
Durante a maior parte desse período, a FNF, teve como sede, um buraco incrustado nas dependências do estádio Juvenal Lamartine – quem teve o desprazer de freqüentar tal ambiente sabe o motivo de eu chamá-lo de buraco.
Sujo, mal ventilado, fedendo a mofo, pintura descascada e salas repletas de documentos jogados pelo chão ou amontoados em paredes úmidas...
O único lugar mais ou menos freqüentável era a sala do presidente, mas mesmo assim, os móveis eram feios, velhos e entrar naquele espaço era privilégio de poucos, pois a sala da presidência era um “bunker”, no pior sentido que se queira dar a essa palavra.
Em relação à entidade, o que se ouvia eram sempre criticas e desconfianças...
Diziam ser a FNF, um balcão de negócios e negociatas, não sei ao certo se tudo era ou não verdade, mas sei que a situação chegou a tal ponto, que a justiça, após ser provocada pelo Ministério Público, interviu na entidade, afastou seus dirigentes e abriu uma série de inquéritos que até hoje rolam nos tribunais.
Pois bem, terminada a intervenção, nova eleição foi marcada, e uma nova direção foi eleita – entre os vencedores, estava José Vanildo – e se deu a partida para o que se esperava fossem novos tempos.
Não foram!
As coisas seguiram mais ou menos, os moldes anteriores...
Empreguismo, nepotismo e total falta de uma ação concreta no sentido de organizar, moralizar e fazer da FNF uma entidade ativa, altiva e respeitada.
Critiquei Zé por ele fazer parte daquela administração...
Critiquei com força...
Mas, ele, nunca me tratou de forma diferente por isso, nunca foi grosseiro ou deselegante e nunca me virou as costas...
Todas as vezes que me encontrava dizia: “tenha calma, as coisas só podem mudar se alguém de dentro resistir”...
Eu olhava para ele e pensava: “papo furado, isso é matreirice de um sujeito matreiro que nada vai fazer”!
Acertei e errei!
Acertei ao ver em Zé um sujeito matreiro, ele é sim matreiro!
Vivido, experiente, soube esperar e, usou isso com sabedoria...
Errei quando pensei que ele nada faria...
Fez!
Em meio a uma das muitas crises que a FNF viveu nesse período, Zé acabou assumindo a presidência: como tudo aconteceu e o que foi negociado para que Zé chegasse ao poder não sei – nunca me interessei, mas imagino que como tudo, alguém tenha perdido alguns anéis...
Não me venham com a petulância e a hipocrisia de afirmar que o concilio que elege o Papa no Vaticano é uma reunião de santos homens e que tudo seja decidido em horas e horas de orações e reflexão.
Seja lá como for Zé chegou ao poder...
Sua primeira ação foi tirar a FNF do pardieiro onde se encontrava e lhe colocar num lugar decente, limpo e pronto para receber mesmo que modestamente, qualquer um, sem pagar vexame...
Depois, Zé despediu alguns “funcionários” e deu aos que ficaram uma função e um lugar para exercer tal função.
Aparelhou a FNF com computadores, abriu curso de qualificação para seus funcionários e a reboque dessas mudanças, informatizou todos os procedimentos, melhorando sensivelmente o fluxo de documentos e a agilidade das decisões do órgão.
Reformulou o site da FNF – não vou falar disso, pois faço parte e não acho bom advogar em causa própria – porém, no mês de fevereiro, o site recebeu mais de 750.000 visitas (não tenho esses dados no momento).
Foram muitos os elogios, mas também foram muitas às criticas e sugestões – todas às criticas pertinente e todas as sugestões tecnicamente possíveis, foram acatadas.
Nesse momento, estamos trabalhando para colocar o nome dos artilheiros do campeonato e outras informações relevantes para quem nos visita.
Em relação ao campeonato estadual, José Vanildo procurou enxugar o numero de filiados (normalmente filiam mais), reduziu o numero de competidores na primeira divisão (também costumam inchar) e até o presente momento, nenhum caso de irregularidade nas inscrições dos jogadores chegou ao TJD...
Com tudo, alguma coisa tem dar errada e a FNF não poderia passar incólume...
As bolas Rhummel foram alvo de inúmeras criticas e deboches...
Estavam certos, mas como sempre, as criticas passavam ao largo de um maior conhecimento e, portanto, eram a crítica pela crítica.
As bolas eram ruins sim, mas haviam sido conseguidas numa negociação que visava beneficiar os clubes menores, pois essas bolas seriam – com o foram – distribuídas gratuitamente...
Porém, tanto os críticos tinham razão, que as bolas foram trocadas: agora, são bolas penalty, e a FNF, pagou cerca de 8.000 reais por 50 bolas...
O resultado disso, é que nenhum clube as terá de graça.
Depois das bolas, surgiu a polemica dos estádios interditados...
Claro que tentaram jogar no colo da FNF, as interdições, mas...
Gente mal informada faz analises toscas e criticas ainda piores.
A FNF não tem poder de interditar nenhum estádio, assim como não pode liberar nenhum deles, quem o faz são os órgãos públicos responsáveis pelo cumprimento da legislação de segurança desses locais.
Depois, os criticos se esqueceram de dizer, que o Ministério Público, na pessoa do Promotor Augusto Pérez, exigiu o cumprimento da lei e marcou em cima cada passo dado pelos responsáveis...
Mas, os criticos, não tiveram coragem de “bater” no Promotor e nas suas exigências...
Por que será?
Por fim, vieram às reclamações sobre as arbitragens...
Puxa, que fato novo esse!
É só aqui que isso existe?
Se não, me apontem um único lugar onde os árbitros sejam aplaudidos de pé antes, durante e no final de uma partida.
Pois bem, hoje qualquer cidadão que chegar a FNF, será recebido na sala do presidente e queriam ou não os críticos, José Vanildo deu uma cara nova a instituição e a fez mais respeitada, aqui e alhures.
José Vanildo não tem entrada franca no Céu – a CBF e a FIFA, não tem todo esse poder – certamente, terá como todos nós, que passar pelo crivo dos juízes celestiais e, possivelmente, expiará seus erros no purgatório, onde provavelmente, encontrará muitos amigos e desafetos...
Mas também, nem ele, nem eu e nem os leitores desse texto, serão tragados de imediato para as profundezas ardentes do inferno – há de haver, algum ouvido santo e paciente, disposto a ouvir nossas lamurias e justificativas para o monte de merda que fizemos em nossa passagem pelo planeta.