domingo, agosto 11, 2013

Patrocínio é investimento e investimento, pressupõem retorno...



No futebol, as palavras são facilmente desmentidas pelos números.

Marcos Trindade, pesquisador paciente e metódico, levantou o número de partidas disputadas por América e ABC pela Série B.

Foram 14 partidas jogadas na competição.

Segundo Marcos, que conseguiu ter acesso a 13 borderôs desses encontros, a média de público foi de 8.804 pessoas.

O público geral, foi de 114.451.

Entenderam agora porque nossas equipes não conseguem comover nenhum empresário que não seja conselheiro, amigo de dirigente ou o próprio dirigente a investir em patrocínio.

Será que existe alguém entre os defensores dos patrocínios públicos que imagine que esses números sejam apenas do conhecimento de Marcos Trindade?

Falar é fácil...

Pinçar momentos especiais e tentar transformá-los em regra quando na verdade são exceção, pode funcionar em textos escritos para incautos e conversa de bar...

Difícil é sustentar a falácia quando suas afirmações são submetidas a lupa do pesquisador honesto e comprometido com a verdade.

Eles são escoceses... que se entendam então.

Imagem: Getty Images/Mark Runnacles

Lembranças de meu pai... (Na foto meu pai está de terno claro e o outro senhor, é o governador do Ceará, Virgílio Távora)

Imagem: Acervo particular de minha irmã, Jaqueline Amaral Ferreira de Souza


O primeiro presente relevante que recebi de meu pai foi um álbum selos e não, uma bola.

Ainda o tenho...

Lá está escrito: 

Que lhe sirva como mola propulsora para além do horizonte.

Seu pai.

Fortaleza, 10 de dezembro de 1962.

Meu aniversário de sete anos.

Mais tarde, recebi minha primeira lição de civilidade...

Entrei em casa em desabalada carreira, não lembro o motivo da pressa, mas lembro de ver meu pai em seguida, me fazendo retornar a sala de visitas para dar um boa tarde aos seus amigos que lá estavam.

Muito tempo depois, lhe perguntei o que significava autóctone – lembro perfeitamente da palavra – e, como resposta ele apontou o dedo em direção a um dicionário e disse: está lá, procure.

Eu então retruquei...

O senhor não pode me dizer?

E ele...

Posso, mas não vou.

Por que, insisti...

E ele calmamente falou...

Por duas razões; a primeira não sei tudo, mas procurei montar essa biblioteca para me ensinar o que não sei.

Use-a.

A segunda, se não lhe servir para nada, servirá para fazer você tirar seu traseiro da poltrona e fazer um mínimo de exercício.

Em seguida, vieram três lições que me serviram de base e das quais nunca me desvencilhei.

Primeira:

Onde o senhor conseguiu isso?

Quem lhe deu?

Por que lhe deu?

O que o senhor fez para merecer tal presente.

Essas perguntas eram constantemente repetidas todas as vezes que eu chegava em casa com alguma coisa que não fazia parte do acervo conhecido por ele.

Segunda:

Seu professor não está à disposição de seus caprichos e nem é pago para quebrar seus galhos...

Seu professor está ali para lhe repassar conhecimento, lapidar seu cérebro e lhe abrir horizontes.

Portanto, moço, a próxima vez que eu for chamado a sua escola para me contarem sobre o seu desejo de ter suas nota em matemática elevadas pelo professor sob a alegação de que a matéria não terá serventia para sua vida futura, prepare-se para usar uma prótese dentária e, essa, posso lhe garantir lhe servirá até o fim de seus dias.

Terceira:

Ao olhar em casa, o lanho deixado por um cassete de um policial em minhas costas durante uma manifestação nos anos 70, meu pai me perguntou:

O senhor está resmungando por que?

Sai para o enfrentamento e espera voltar ileso?

Se é assim que o senhor pretende fazer a revolução, desista, já está derrotado.

Essas são algumas lembranças que me ocorreram durante a madrugada do meu velho pai.

Alguns vão dizer que ele era um reacionário, um conservador...

Azar de quem pensar assim.

Para mim, meu pai foi um homem de seu tempo...

Um homem que me fez entender que fronteiras não são limites, mas que meus direitos terminam na fronteira do direito do outro.

Nunca senti a força de seu braço, mas sei a força que seu olhar tinha.

Meu pai foi o homem que certa vez me disse:

Nunca faça nada que lhe envergonhe, envergonhe seus filhos ou manche o nome de seus antepassados.

Saudade de você meu pai...

Saudade do seu jeito seco, duro, mas leal e correto de me ensinar as coisas.

Saudade das tardes no Maracanã, das noites em frente à televisão, dos domingos em volta da mesa e do beijo nos lábios que o senhor nunca se envergonhou em me dar, mesmo em público.


sábado, agosto 10, 2013

Assédio a bela prenda...

Charge: Mário Alberto

América 0x0 ABC... Clássico? Não... peladão.



 Sobre o jogo.

Um clássico sempre pressupõem alguma emoção...

Não foi o que aconteceu no primeiro tempo.

As equipes marcaram demais, criaram de menos e entediaram todo mundo.

Saíram para o intervalo sem conseguir deixar para os torcedores nenhum lance que valesse a pena comentar entre um sanduíche e outro.

No entanto, não faltaram resmungos e reclamações.

Na segunda etapa, a marcação afrouxou, as chances apareceram e com elas, saltou aos olhos a enorme dificuldade que ambas equipes tem de conseguir fazer a bola chegar as redes.

Gols são perdidos a granel...

E as esperanças dos torcedores se esvaem pelo ralo.

No final, os poucos torcedores que se dispuseram a se deslocar para Ceará-Mirim, deixaram o Barretão sem nada para comemorar e tristes por verem suas esperanças serem destruídas por duas equipes que por mais que digam que não, são medíocres.

Considerações finais.

O futebol tem personagens que seriam facilmente, grandes protagonistas do teatro do absurdo, mas as frases, essas sim, são o ponto forte desse mundo que por mais que tente ser sério, não consegue se afastar por muito tempo do folclórico.

Hoje, duas merecem destaque...

A primeira de Roberto Fernandes, tentando valorizar sua estreia e justificar o péssimo resultado de sua equipe.

“O ABC conquista seu primeiro ponto fora de casa”.

A segunda, de Argel Fucks...

“Precisamos melhorar a parte de criação, principalmente a criação”.

O resultado foi péssimo para o ABC, mas para o América, nem tanto.

Por que?

Pelo seguinte fato:

O América está a dois pontos do 16º colocado...

Dois pontos.

O ABC está a oito pontos do 16º colocado...

Oito pontos.