quarta-feira, dezembro 10, 2014

Natação do Brasil: Guilherme Guido, Felipe França, MARCOS MACEDO e César Cielo...

Imagem: Sátiro Sodré/SSpress


Marcos Macedo é norte-rio-grandense, estudante de medicina e nadador...

Até bem pouco tempo, ninguém, saberia dizer nada a seu respeito...

Afinal, nadadores no Brasil, assim como outros atletas fora das lentes do futebol, são quase invisíveis diante de nós, jornalistas esportivos.

Acontece que Marcos Macedo ainda menino, aluno do Colégio Nossa Senhora das Neves, em Natal, chamava atenção nos Jogos Escolares do Rio Grande do Norte e foi destaque em competições regionais e nacionais...

Em 2008, obteve o bronze no revezamento 4x100 metros livres, em Monterrey, no México, pelo Mundial Júnior...

Em 2011, na Universíade disputada na cidade de Shenzen, na China, Marcos conquistou a medalha de prata também nos 4x100 metros livres...

Agora, aos 24 anos, Marcos Macedo deixa o anonimato e passa ser notícia...

A conquista da medalha de ouro no revezamento 4x100, no mundial de natação em piscina curta, em Doha, no Catar, ao lado de Cesar Cielo, Felipe França e Guilherme Guido, dão a Marcos Macedo o justo, porém, tardio reconhecimento.

Tomara que essa medalha nos faça mais jornalistas esportivos e menos jornalistas futebolísticos.

terça-feira, dezembro 09, 2014

Pode não parecer, mas é uma comemoração...

Imagem: Reuters/Al-Assaad

Estou confuso...

Hoje me coloco na posição de leitor...

Leitor comum, crédulo, simplório...

Mas que desconfiando se questiona, o que mudou?

Por que antes, os empresários que vivem de comercializar jogadores de futebol não valiam um tostão furado e agora, pariram um santo?

Não eram eles que destruíam o futebol?

Pelo menos era o que diziam as muitas e muitas postagens...

Não eram eles que inoculavam nos clubes o vírus do desapego às bases e o amor desenfreado a velhos medalhões, sempre caros, quase sempre inúteis?

Isso era o que eu lia quase que diariamente.

Não eram os empresários que tomavam dos clubes os poucos jovens valores revelados ainda imberbes os levavam para longe sem deixar nada a não ser o vazio?

Foi o que ouvi sempre.

Repentinamente, surgiu um empresário...

Novo em tudo...

Quase um santo.

Um empresário capaz de se entregar de corpo e alma em prol da grandeza do futebol de nossa ensolarada terra potiguar...

Um empresário que se põem acima das querelas miúdas, da mesquinhez provinciana e serve alegremente a dois senhores que se não se odeiam, quase se detestam e nada fazem para ser ao menos cordiais em sua rivalidade.

Homem bom esse empresário...

Confiável o bastante para frequentar casas tão diferentes, sem levar ou trazer nada do que lhe é dito nas mesas de negociação.

Mercador competente...

Vende seus produtos, dá conselhos, indica soluções e constrói sonhos de acesso e títulos com seu celular sempre repleto de nomes à disposição.

E eu, agora, apenas um humilde leitor, me pergunto: como esse homem conseguiu evitar que suas brancas roupas não fossem respingadas pela sujeira que seus iguais espalham por todos o país, segundo sempre disseram...

O que tem ele de diferente dos que por aqui eram veementemente criticados e apontados como os mensageiros do apocalipse do futebol local e nacional?

No chão é mais confortável...

Imagem: Stephen R Sylvanie/USA Today Sports

"O país do futebol" não empolga multidões...

O Brasil sempre foi o país das bravatas...

As expressões do tipo, maior do mundo, melhor do mundo e mais bonito do mundo, se espalham pela sociedade como pulgas em cães de rua.

Claro que o futebol não poderia ficar a salvo...

Na verdade, o futebol é terreno fértil para bravateiros e contadores de lorotas...

Imagine então, para os adoradores do superlativo.

Foi nesse terreno mais que propício que a nossa imprensa, sempre tão patriótica e xenófoba, criou o mito de que somos o país do futebol...

Tudo com base nos grandes públicos dos campeonatos estaduais de Rio e São Paulo nas décadas de 60 e 70, principalmente...

Ítalo del Cima, Conselheiro Galvão, Rua Javari e estádios afins de São Paulo, nunca entravam na conta...

Não havia como medir o que acontecia nos outros estados...

Em parte pelas dificuldades de comunicação da época, em parte pela desorganização das federações estaduais.

Porém, quando os dados dos estados fora do eixo, Rio, São Paulo vinham à tona, eram sempre com base nos clássicos ou nos jogos das finais dos campeonatos locais...

Portanto, sem ter como medir, o que era propagado massivamente virou verdade...

Indiscutível e absoluta verdade.

Hoje, no entanto, a bravata não se sustenta...

Em tempo de internet, qualquer um cuja a vontade de saber, supere a preguiça de pesquisar, descobre que não somos ou melhor, nunca fomos o país do futebol.

Fomos sim, por 30 ou 40 anos, o maior e o mais importante celeiro de grandes futebolistas...

Nada além disso.

Ontem, Juca Kfouri em seu blog, o seguinte levantamento sobre a média de público em nossos estádios...

A presença da torcida no “país do futebol”


Por Juca Kfouri

Embora ainda baixo, muito baixo, e provavelmente inchado pela curiosidade em torno dos estádios da Copa, o público médio do Brasileirão 2014 foi o melhor desde 2009, quando atingiu 17.807 pagantes em média por jogo.

O público médio deste ano foi de 16.537 pagantes por partida, contra 14.969 no ano passado, 13.148 no retrasado, 14.976 em 2011 e, em 2010, 14.800.

A taxa de ocupação dos estádios ficou na casa dos 40%, o que revela o tamanho do equívoco nos preços cobrados em boa parte das novas “arenas” que, de fato, estão parecendo arenas, ao substituírem os gramados por areia, como já se viu ontem também no novíssimo estádio do Palmeiras.

O Cruzeiro foi o campeão também de público, com quase 30 mil torcedores por jogo (29.676), seguido pelo Corinthians, com quase 29 mil (28.960).

Para que se possa comparar, basta dizer que o Borussia Dortmund tem a média de pouco mais de 80 mil torcedores por jogo, com taxa de 100% de ocupação em sua casa.

A média de público na Alemanha beira os 45 mil torcedores por jogo, a da Inglaterra os 35 mil e tanto a segunda divisão inglesa quanto a alemã têm média de mais de 17 mil pessoas por partida.

O Brasil perde para o México, para a Argentina, para os Estados Unidos, Turquia e até para a Austrália e gosta de se auto enganar ao se auto intitular como “país do futebol”.

País do futebol uma ova!

Mesmo assim a média do Brasileirão foi quase o triplo do estadual mais rentável do país em 2014, o Paulistinha, com 5.675 torcedores em média e taxa de ocupação de 24% da capacidade dos estádios.
Quer saber a média do campeonato carioca nesta temporada?

Pois não!

Com as espantosas taxas de 8% de ocupação e de, portanto, 92% de capacidade ociosa, a média de público foi de 2.828 pagantes por jogo.

segunda-feira, dezembro 08, 2014

Ela queria também o porquinho, mas acabou ficando só com o cachorrinho...

Charge: Mário Alberto

Árbitro ameaçado com uma arma de fogo... Um quase bang, bang no Bairro de Felipe Camarão...

Imagem: Facebbok do árbitro Flávio Roberto Sales


O árbitro Flávio Roberto Sales, afirma em sua página no Facebook que foi ameaçado por um policial militar, dirigente de um clube amador do bairro de Felipe Camarão, em Natal...

Segundo Flávio, Nelson Olímpio dos Santos, dirigente do Santos, time do bairro, após o jogo, foi em direção ao árbitro e seus auxiliares e iniciou uma discussão...

Após proferir ofensas, sacou uma arma...

Os auxiliares de Flávio, que também são policiais militares e, também portavam armas, sacaram as suas e, diante do impasse, o agressor recuou.

Enfim, tá feia a coisa por aqui.

Botafogo Futebol e Regatas: o novo bichinho de estimação da segunda divisão...

Charge: Mário Alberto

E agora, torcedores americanos, como será o amanhã?

Uma pergunta que não quer calar:

Agora, prostrados ante a dura realidade de membros da Série C durante o ano de 2015, os americanos vão continuar a desqualificar o título da mesma Série C, conquistado pelo ABC em 2010?

Ou, humildemente vão lutar para tentar conquistar o mesmo título conquistado por seu rival e de forma idêntica, escrever em seu futuro estádio em letras garrafais a conquista?

Na vida, nada como um dia atrás do outro para que certas arrogâncias se desmanchem ao simples soprar de uma brisa...

Voo sobre as torres em Kuala Lampur...

Imagem: Reuters/Joerg Mitter

Como o Palestra Itália se transformou na Sociedade Esportiva Palmeiras...

Você sabe com certeza as razões que levaram o Palmeiras a se chamar Palmeiras...

Mas e os detalhes, você conhece?

A história acontece durante o Estado Novo (1937 a 1945) de Getúlio Vargas...

O primeiro passo que forçou o Palestra Itália a se afastar de suas origens italianas e se transformar em SE Palmeiras foi dado no dia 21 de janeira de 1942, quando Pascoal Walter Bairo Giuliano, secretário-geral do Palestra compareceu à sede do DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social).

Naquele dia, o dirigente que se tornaria um vitorioso no comando do clube, com mandatos entre 1953 e 1984, assinou termo aceitando um lista de exigências...

Ou concordava com elas, ou a sociedade esportiva seria extinta e suas portas cerradas definitivamente.

A partir daí, o clube se viu obrigado a comunicar ao DOPS a realização de suas reuniões com três dias de antecedência para que agentes do órgão comparecessem e informassem ao estado tudo o que aconteceu...

A audição de emissoras de rádio estrangeiras (italianas e alemãs, preferencialmente) foram terminantemente proibidas e o clube tinha que assegurar que não aconteceria nenhum encontro dos sócios fora do recinto da sociedade.

Assim, Getúlio Vargas e seu governo nacionalista e alinhado aos Estados Unidos, Grã Bretanha, França e União Soviética, esperava conter as ligações de italianos, alemães e japoneses com seus países de origem que a época lutavam contra os aliados na segunda grande guerra mundial.

Quatro dias antes do comparecimento de Giuliano ao Dops, o cerco aos clubes de origem estrangeira havia apertado. 

Telegrama identificado com o número 732, de 17 de janeiro de 1941, continha instruções do ministro da Justiça ao interventor federal do Estado de São Paulo. 

Elas determinavam “maior controle das sociedades estrangeiras”. 

Com base nesse telegrama, o Palestra foi intimado a comparecer ao Dops, ordem cumprida por Giuliano.

Oito dias após a assinatura do termo de compromisso, o Palestra iniciou a “limpeza” exigida pelo governo brasileiro. 

Documento de 28 de janeiro de 1942 entregue à Superintendência de Segurança Política e Social registra que naquele dia quatro dirigentes do clube pediram demissão por serem italianos. 

Entre eles estava o diretor geral de esportes, Attilio Ricotti.

“Os pedidos (de demissão) foram todos aceitos, figurando, portanto, na diretoria desta sociedade somente brasileiros natos”, diz trecho do documento, também assinado por Giuliano. 

Uma lista com o nome de todos os brasileiros dirigentes do clube, incluindo seus endereços, foi entregue aos policiais. 

Na relação, entre outros, aparecem Italo Adami, presidente, e Hygino Pellegrini, primeiro vice e que também teve passagens vitoriosas pela presidência.

Outro documento, de 12 de agosto de 1942, mostra mais marcas deixadas no Palestra durante aquele período. 

A primeira delas está no nome. 

Uma carta enviada para a Delegacia de Ordem Política e Social mostra o escudo do clube com o nome Palestra de São Paulo, não mais Itália.

A finalidade do ofício é mais um sinal das aflições de quem torcia pelo time naquela época. 

O objetivo do presidente Italo Adami era pedir um salvo-conduto para que os sócios do clube pudessem ir até Santos de trem para acompanhar um jogo da equipe. 

O salvo-conduto era dado principalmente a imigrantes italianos, japoneses e alemães para que eles pudessem se deslocar por determinado território durante a Segunda Guerra. 

Foi justamente naquele mês em que o Brasil entrou no conflito contra o Eixo, liderado por Alemanha, Itália e Japão.

Na ocasião, o dirigente do Palestra explicou que para a “maior comodidade de seus sócios”, o clube organizou “uma caravana de trem especial que partirá da estação da Luz”. 

Em seguida, Adami diz que tem a honra de solicitar ao Major Olinto França, superintendente do Dops, que “se digne mandar conceder salvo-conduto coletivo” para os integrantes da caravana. 

Ele afirma ainda que foi informado na estação de que cada vagão do trem deve ter a presença de um guarda indicado pelo Dops. 

A intenção era encher dez vagões.

A resposta saiu no dia seguinte. 

Escrita à mão, indeferiu o pedido.

Menos de dois anos depois desse episódio, relatório feito por investigadores identificados apenas por números, já menciona o clube como Sociedade Esportiva Palmeiras. 

O documento, de 17 de março de 1944, ainda durante a Segunda Guerra e o Estado Novo, relata que os agentes 18, 230, 808 e 908 compareceram à assembleia da Sociedade Esportiva Palmeiras em que foram eleitos os conselheiros da chapa “Renovação” e que nada de anormal aconteceu “de interesse para esta especializada”.

Na pasta destinada ao Palestra Itália e à Sociedade Esportiva Palmeiras guardada no Arquivo Público do Estado, não foi localizado nenhum documentos sobre a mudança de nome para Palmeiras, que ocorreu em setembro de 1942, como resultado da pressão sobre entidades ligadas a estrangeiros.