Um espetáculo à parte...
Por Oscar Cowley
A torcida do
Borussia Dortmund é um espetáculo à parte, disso não há dúvidas.
Donos da maior
média de público do mundo ano atrás de ano, o Signal Iduna Park (nome do
estádio) acolhe mais de 80 mil pessoas por jogo.
Conhecidos pela sua famosa
“Muralha amarela”, muitos devem se perguntar qual é a história por trás de uma
das maiores e mais apaixonadas torcidas de futebol no mundo. E é isso que
pretendo lhes contar...
A cidade de
Dortmund fica localizada no Estado da Renânia do Norte-Vestefália, na Alemanha
(para quem ainda tinha dúvida).
Com uma população aproximada de 588 mil
pessoas, pode-se dizer que quando o time do Borussia joga em casa quase 15% dos
moradores da cidade estão no estádio.
Já pensou morar em um lugar onde 1/6 (mais
ou menos) da população frequenta os jogos do time da casa?
Até mesmo para um
jornalista como eu, a matemática é clara.
Os números demonstram que, de fato,
em Dortmund o futebol se vive de uma maneira diferente.
Fundado em 1909
como um clube para os homens de aço e carvão, o time tinha o objetivo de criar
uma distração que não consistisse em cerveja e jogos de azar.
Aos poucos, o que
devia ser apenas um lugar para passar o tempo virou uma paixão incontrolável.
Hoje em dia, as entradas para assistir aos jogos do Borussia estão
completamente vendidas antes de sequer começar a temporada.
Quem disse que ser
torcedor em Dortmund era fácil?
A tribuna sul,
local onde fica a barulhenta torcida organizada do Borussia, conhecida como
“Muralha Amarela” pela sua gigante dimensão, pode chegar a comportar 25.000
pessoas.
É a maior área permanente de todos os campos de futebol da Europa.
Sozinha
abriga mais pessoas do que os estádios dos rivais da Bundesliga como o FC
Ingolstadt 04, SV Darmstadt e SC Freiburg.
Nos últimos anos, temos tido o luxo
de ver os espetáculos organizados pelo setor antes e durante os jogos que, eu
diria, causam um efeito parecido ao lendário Haka (danças típicas do povo
Maori) do time de Rugby da Nova Zelândia, All Blacks, como forma de intimidação
antes dos jogos.
Alguns mosaicos
ficaram gravados na cabeça espectadores, como o que mostrava um torcedor
animado de binóculos “de olho na orelhuda perdida”, contra o Málaga pelas
quartas de finais da Champions League, que impressionou pela coordenação e
organização.
Tanta perfeição foi complementada com uma virada histórica nos
últimos minutos do jogo e, consequentemente, a classificação para as semis
(onde derrotaria o todo poderoso Real Madrid).
Outros, como o do “álbum de
figurinhas” serviram para mostrar ao mundo a grandeza do clube.
Apesar disso,
nem tudo são rosas e flores na torcida de Dortmund.
Como todo grande clube,
sempre existem as pessoas que mais prejudicam do que apoiam.
Com o aumento da
presença de imigrantes na cidade, o mesmo aconteceu com os grupos neonazistas.
Sabemos que estas pessoas, principalmente na Europa (onde, infelizmente, o
futebol está mais ligado a politica), se aproveitam de ambiente mais radicais
para tentar passar suas ideologias.
Assim, de vez em quando nos deparamos com
notícias de alguns estraga prazeres (minoria) que vandalizam, brigam e
perseguem torcedores dos times rivais cujas ideologias (ou qualquer outro
motivo) não se assemelhe a deles.
A exemplo disso,
em fevereiro deste ano o time do Borussia foi punido com um jogo sem a “Muralha
Amarela” devido a altercados fora do estádio contra torcedores do Leipzig.
Vale
ressaltar que estas atitudes envolvendo violência e racismo são amplamente rejeitadas
pelo clube que, em muitas ocasiões, realiza campanhas e eventos contra essas atitudes
discriminatórias, e por grande parte da torcida que participa ativamente e
contribui para acabar com esses episódios.
Seja como for,
não há torcedor no mundo que não tenha sonhado em viver um jogo no estádio do
Signal Iduna Park.
A cidade vive e respira futebol e, podemos dizer que, com
total certeza, que o futebol não seria o mesmo sem eles.
Imagem: Ralph Orlowski/Reuters