Imagem: Michael Steele/Getty Images
Em noite de homenagem a Abel Braga, Cristiano Ronaldo é eleito melhor
do mundo pela quinta vez
O português, que venceu pelo segundo ano consecutivo, derrota Messi e
Neymar.
Zidane, fundamental para seu rendimento, recebe o prêmio de melhor
treinador.
Eleonora Giovio para o El País
Antes de consagrar os craques, a
FIFA prestou homenagem ao técnico do Fluminense, Abel Braga, que perdeu o filho
mais novo em um acidente doméstico, em julho, e foi literalmente abraçado pela
torcida do clube carioca no Maracanã.
Depois, a noite foi dele,
novamente.
Vestindo um terno preto, colete e
gravata, Cristiano Ronaldo – que chegou ao London Palladium acompanhado do
filho mais velho e da namorada – recebeu na noite de segunda-feira em Londres o
prêmio da FIFA de melhor jogador do ano.
É o segundo consecutivo para o
português, que na última temporada venceu o Mundial de Clubes, o Campeonato
Espanhol e a Champions League.
As duas Supercopas não contam
porque desta vez a FIFA deixou de lado seu caráter anual e só levou em consideração
o período entre 20 de novembro e 2 de julho.
Cristiano Ronaldo derrotou Messi
e Neymar com os votos de jornalistas, treinadores, capitães das seleções e
torcedores inscritos no site da FIFA. Zinedine Zidane também ganhou o prêmio de
melhor treinador do ano.
Claudio Ranieri, que tirou o
galardão de Zidane no ano passado, entregou o prêmio ao francês.
“Meu inglês é muito ruim”, disse o técnico do Real Madrid soltando
uma gargalhada.
“Vamos fazer um pouco em francês e um pouco em espanhol”,
acrescentou.
Ele ainda soltou algumas frases
em italiano.
“Dedico o prêmio à minha mulher, eu te amo porque você sempre está
presente. E quero agradecer ao Real Madrid porque me deu a oportunidade de
treinar esses jogadores. Cristiano, Luka, Toni, Marcelo... obrigado a vocês. Eu
fui jogador e isso é especial”, disse Zidane, que não gosta desse tipo de
solenidade.
“Quero agradecer aos meus companheiros, ao meu clube, ao treinador e ao
presidente. Faz onze anos que subo neste palco e trabalho duro, nunca pensei
que ganharia tantos títulos. Parabéns ao Leo [Messi] e ao Neymar e obrigado por
estarem aqui. É um momento inesquecível, estou feliz, rapazes”, disse
Cristiano Ronaldo, de 32 anos, ao receber o prêmio.
Ele também foi indicado para a
Bola de Ouro, concedida pela revista France Football no fim do ano.
Ele viajou a Londres pela manhã
em um avião particular acompanhado pelo presidente Florentino Pérez e seus
companheiros Marcelo, Toni Kroos, Luka Modric e Sergio Ramos (eleitos para a
seleção da temporada).
Ficaram em Madri Keylor Navas
–indicado para melhor goleiro, outro prêmio novo desta edição – e Dani
Carvajal, para continuar com seus trabalhos de recuperação.
Cristiano Ronaldo, que também faz
parte da seleção mundial, terminou a temporada em Cardiff, no dia 3 de junho,
com 42 gols: 25 no Campeonato Espanhol, 12 na Champions, 4 no Mundial de Clubes
e um na Copa.
Com exceção de sua primeira
temporada, na qual perdeu semanas de competição por causa de uma lesão, o
português nunca havia marcado tão pouco (se é que 42 gols em 46 jogos podem ser
qualificados como poucos), mas seus gols foram muito importantes na Champions.
Fez dois na Allianz Arena, quando
o Real Madrid estava contra as cordas no jogo de ida das quartas de final, três
no jogo de volta no Santiago Bernabéu e outros três contra o Atlético, algumas
semanas depois, no primeiro jogo das semifinais.
Quase todos, além disso, foram
gols de centroavante puro.
Em Cardiff colocou o broche de
ouro com outros dois gols.
“Com 39 anos, acreditava que não tinha mais nada a aprender, mas sempre
digo aos meus amigos: jogadores como Cristiano Ronaldo me ensinaram a ter fome
sempre, apesar de ter ganhado tudo, e a ter humildade para entrar na disputa”,
elogiara, na véspera, Gigi Buffon, goleiro e capitão da Juventus.
A parte negativa dessa fome foi
moderada por Zidane, o primeiro treinador que conseguiu convencer Cristiano de
que era necessário dosar seus esforços.
O português queria jogar tudo,
marcar sempre e não parar nunca.
Nas duas últimas vezes que o Real
Madri chegou à final da Champions (2014 e 2016) Cristiano estava desgastado.
Em Lisboa – com um joelho
castigado pela inflamação da cartilagem – só jogou porque era a final.
Em Milão também jogou sem estar
no máximo, castigado por uma temporada longa e exigente.
Chegou à final de Cardiff em seu
melhor momento porque Zidane o fez ver que havia outras maneiras de ser
protagonista.
Que descansando de vez em quando
não seria o fim do mundo.
Pelo contrário, assim seria
fundamental quando a equipe mais precisasse dele e quando os títulos são
decididos.
E ele o fez.
Dos 12 gols na Champions, nove
foram marcados a partir das quartas de final.
No Campeonato Espanhol ele foi
decisivo na parte final, depois que o Real Madrid perdeu o clássico em casa e
teve o Barcelona em seu encalço.
Só valia ganhar.
Cristiano anotou seis gols nos
últimos quatro jogos, todos nos quais jogou (contra Valencia, Sevilla, Celta e
Málaga).
Se o fim de temporada do
português foi espetacular, o verão começou com problemas com o Ministério da
Fazenda, seus silêncios e os rumores sobre uma possível saída do Real Madrid.
No fim de julho, prestou
depoimento à Justiça por quatro crimes contra as Finanças Públicas,
supostamente cometidos entre os anos de 2011 e 2014, e que envolvem uma fraude
fiscal de 14,76 milhões de euros (cerca de 55,72 milhões de reais).
Irritado com o tratamento, em sua
maneira de ver, recebido na Espanha, confessou aos companheiros de seleção que
se sentia perseguido e criminalizado.
Jorge Mendes começou a procurar
possíveis saídas.
Zidane interrompeu suas férias
para chamar Cristiano e dizer-lhe que não imaginava abrir um ciclo sem ele.
Ficou, ganhou junto com o Real
Madrid as duas Supercopas.
Artilheiro na Champions, só
marcou um gol neste Campeonato Espanhol.
Classificação
do Prêmio “The Best”
01. Cristiano Ronaldo (R.
Madrid/Portugal) 43,16%
02. Lionel Messi
(Barcelona/Argentina) 19,25%
03. Neymar (Barcelona/Brasil)
6,97%
04. Gianluigi Buffon (Juventus/Itália)
6,82%
05. Sergio Ramos (R.
Madrid/Espanha) 3,34%
06. Luka Modric (R. Madrid/Croácia)
3,33%
07. Toni Kroos (R. Madrid/Alemanha)
2,70%
08. Marcelo (Real Madrid/Brasil)
2,09%
09. N’golo Kanté (Chelsea/Francia)
1,35%
10. Luis Suárez
(Barcelona/Uruguai) 1,19%
Melhor Treinador – Futebol Masculino
1. Zinedine Zidane (R.
Madrid/França) 46,72%
2. Antonio Conte (Chelsea/Itália)
11,62%
3. Massimiliano Allegri
(Juventus/Itália) 8,78%
4. Joachim Löw (Seleção da Alemanha/Alemanha)
7,40%
5. José Mourinho (Manchester
United/Portugal) 5,28%
6. Leonardo Jardim (Mônaco/Portugal)
4,84%
7. Carlo Ancelotti (Bayern/Itália)
3,62%
8. Pep Guardiola (Manchester City/Espanha)
2,88%
9. Tite (Seleção do Brasil/Brasil)
2,87%
10. Diego Pablo Simeone (Atlético
de Madrid/Argentina) 2,77%
11. Luis Enrique
(Barcelona/Espanha) 2,00%
12. Mauricio Pochettino
(Tottenham/Argentina) 1,72%
Melhor Jogadora do Mundo
1. Lieke Martens
(Rosengärd-Barcelona/Holanda) 21,72%
2. Carli Lloyd (Manchester
City/EE.UU.) 16,28%
3. Deyna Castellanos (Santa
Clarita Blue Heat/Venezuela) 11,69%
Melhor Treinador – Futebol Feminino
1. Sarina Wiegman (Seleção
Holanda/EE.UU.) 36,24%
2. Nils Nielsen (Seleção
Dinamarca/Dinamarca) 12,64%
3. Gérrad Pêcheur (Olympique
Lyon/França) 9,37%%
Prêmio Puskas para o gol mais bonito
1. Olivier Giroud (Arsenal/França)
286.936 votos
2. Oscarine Masuluke
(Baroka/África do Sul) 221.465
3. Deyna Castellanos (Santa
Clarita Blue Heat/Venezuela) 162.305
Melhor Goleiro
1. Gianluigi Buffon (Juventus/Itália)
42,42%
2. Manuel Neuer (Bayern/Alemanha)
32,32%
3. Keylor Navas (Real
Madrid/Costa Rica) 10,10%
7. Marc-André ter Stegen
(Barcelona/Alemanha) 1,01%
Seleção FIFAPro
Gianluigi Buffon, Daniel Alves,
Sergio Ramos, Leonardo Bonucci, Marcelo, Toni Kroos, Luka Modric, Andrés
Iniesta, Lionel Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar.
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