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Klopp: “Experimentei a derrota muitas vezes na minha carreira. Mas
continuo vivo”
Treinador alemão do Liverpool fala de suas emoções ao enfrentar o Real
Madrid pela final da Champions League
Por Diego Torres para o El País
Fazia um dia de verão em
Liverpool.
A grama do Anfield resplandecia ao sol da manhã quando Jürgen Klopp
entrou em campo com os jogadores para a última semana de preparação antes da
final da Champions League, em que enfrentarão o Real Madrid em Kiev, no próximo
sábado.
O trabalho foi rotineiro.
Uma performance especial para as
câmeras.
Parte do show das portas abertas
em um segmento que a cada dia fecha mais portas.
O dia em que as abre é para
mostrar aquilo que menos se parece com a realidade.
Foi assim que os jogadores se
estenderam sobre colchonetes e instrumentos de fisioterapia para praticar
alongamentos e tonificar os abdômens.
Depois, uma rodada em que tudo
devia ser feito de modo programado, um exercício de associação entre barras,
repetitivo como o tique-taque do relógio.
Klopp, de 50 anos, observou a
sessão quase sem dizer nada.
Quando acabou, entrou na área das
entrevistas programadas pela UEFA.
Uma série interminável de
perguntas e respostas repetitivas, como a rodada das barras.
É o que o órgão principal do
futebol europeu denomina ‘Dia da Mídia’.
Ao chegar ao ponto máximo da
coletiva de imprensa, depois de uma hora de interrogatório, o treinador do
Liverpool, homem entusiasmado por natureza, parecia apagado.
Poucas questões ativaram seu
sistema nervoso.
Uma delas foi a que lhe apontava
a possibilidade de que o Liverpool tivesse algum tipo de desvantagem em relação
ao talento e à experiência do Real Madrid, campeão de três das últimas quatro
Champions.
“A experiência é muito importante na vida, mas não é a única coisa
importante, especialmente no futebol”, respondeu.
“É uma vantagem, claro. Mas você pode se contrapor a ela com vontade,
concentração, atitude, trabalho... Além disso, nós também temos nossa
experiência. Não ganhamos três das últimas quatro finais, mas também conhecemos
algumas coisas.”
“Há outra questão”, acrescentou.
“Também não estamos há tanto tempo juntos como eles. Essa é
provavelmente sua grande força. Não só ganharam três das últimas três ou quatro
Champions, o que for. É que também se parecem muito com a equipe que eram há
quatro anos. São muito fortes como grupo. Esses são fatos. Mas isto é futebol e
teremos uma oportunidade. Ganhar é possível. Se fazemos o que já fizemos em
algumas partidas desta Champions teremos essa oportunidade contra uma equipe
realmente forte.”
O técnico fez uma análise.
“Vi a partida contra o Villarreal e na primeira parte me deram a
sensação de que fizeram o que quiseram contra um adversário muito competitivo”,
observou, no que pareceu uma sincera manifestação de admiração.
“Se não têm Bale, têm Benzema, ou têm Asensio, ou Vázquez, ou Isco, ou,
ou, ou...Têm todos esses jogadores diferentes! Mas nas finais você enfrenta
equipes muito fortes e, não esqueçamos, nós também somos uma equipe muito forte
e estamos cheios de desejo. Temos trabalhado duro por grandes sonhos. Eu quero
jogar essa partida!”
Klopp procurou desdramatizar a
situação.
A mensagem que lançou ao seu
inexperiente elenco consistiu em recordar que nada do que os espera será
realmente destrutivo se as coisas forem relativizadas.
“Tivemos muita pressão nas últimas duas semanas”, disse, apontando
a necessidade de classificar o time para a zona de acesso à Champions, algo que
conseguiram na última jornada da Premier League, em que chegaram na quarta
colocação.
“Precisávamos desesperadamente ganhar do West Bromwich e não ganhamos.
Isso era pressão! Jogar a final da Champions também é pressão, mas é diferente.
Isto é só uma oportunidade. Nada mais. Você não pode entrar num campo de
futebol achando que perder não é uma opção. Experimentei a derrota muitas vezes
na minha carreira, com muita frequência. Mas continuo vivo! E além disso sou
uma pessoa feliz!. A vida continua.”
“Vamos tentar mostrar aos garotos que eles podem ser corajosos, porque
já foram corajosos contra o City e a Roma”, concluiu.
“Só perdemos a coragem quando tratamos de defender o resultado. Esta
foi uma das razões de nossa crise de jogo em Roma.”