Como o Pyramids de repente virou o clube mais rico do Egito e fez a rapa
no futebol brasileiro
Por: Bruno Bonsanti para o Trivela
O Twitter oficial do Pyramids publicou, na
quinta-feira da semana passada, que estava no meio de uma negociação que seria
“uma das mais importantes do Egito e do Oriente Médio”.
O resultado sairia em alguns dias.
A promessa foi cumprida na noite de sábado, quando o
Corinthians, às vésperas do clássico contra o São Paulo, anunciou a venda do
meia Rodriguinho.
Foi apenas o último integrante da barca de
brasileiros que atravessou o Atlântico para atuar no clube que se auto-descreve
na rede social como “a próxima geração do futebol do Oriente Médio”.
Antes dele, haviam percorrido o percurso o técnico
Alberto Valentim, do Botafogo, os atacantes Carlos Eduardo, do Goiás, Arthur
Caíke, da Chapecoense, Ribamar, do Atlético Paranaense, e Keno, do Palmeiras.
Os olhos da diretoria não brilham apenas por
brasileiros.
Ela também tenta enfraquecer adversários diretos.
Trouxe o zagueiro da seleção egípcia Ali Gabr, que
era do Zamalek e passou os últimos seis meses emprestado ao West Bromwich
Albion, e se interessa pelo volante Tarek Hamed, outro membro do elenco da Copa
do Mundo e do Zamalek.
Mohamed Magdy chegou do Enppi, e Mohamed Fathi, do
Ismaily.
A última especulação coloca o francês Samir Nasri na
lista de compras do Pyramids, o que seria certamente o jogador de maior renome
internacional do projeto.
A conta já está em aproximadamente US$ 40 milhões,
muito acima do que os principais times do país costumam gastar em reforços.
Até o início deste mercado frenético, você
provavelmente nunca tinha ouvido falar do Pyramids. E a explicação é muito
simples: o clube não existia, pelo menos não com este nome, até o último mês de
junho.
Um dia depois da Arábia Saudita perder para o
Uruguai, em Rostov-on-Don e ser eliminada da Copa do Mundo da Rússia, o
bilionário Turki Al-Sheikh, presidente da Autoridade Esportiva Geral,
equivalente ao Ministério dos Esportes do país, anunciou a compra do
Al-Assiouty Sport. O clube de Asyut, cidade que fica 400 quilômetros ao sul do
Cairo, foi fundado em 2008.
Ganhou a segunda divisão do futebol egípcio em 2016/17
e foi o nono colocado da elite na última temporada. A primeira medida foi
rebatizá-lo para Al-Ahram FC, o que, traduzindo do árabe, significa pirâmides.
O elenco foi reformulado.
O ex-treinador do Al Ahly, Hossam El-Badry, tornou-se
o presidente, para tocar as questões do dia a dia.
“Agradecemos o investidor saudita por patrocinar o clube, o que vai
melhorar o futebol do nosso país. Buscamos construir um time que seja capaz de
competir local e regionalmente”, disse El-Badry, ao ser apresentado.
Segundo o site Ahram Online.
Ahmed Hassan, ex-Al Ahly e com quase 200 partidas
pela seleção egípcia, também se juntou à direção.
Hady Khashaba, histórico capitão do Al Ahly, estava
no clube desde fevereiro e permaneceu como diretor de futebol.
A experiência internacional chegou por meio de
Ricardo La Volpe, veterano treinador argentino e novo diretor técnico do
Pyramids.
A ligação de Turki Al-Sheikh com o Al Ahly não é
coincidência.
E com o futebol egípcio não é novidade.
A primeira investida foi como presidente honorário do
maior campeão nacional.
A ideia era que ele fornecesse apoio financeiro, mas
as relações com a diretoria se deterioraram ao ponto de o bilionário saudita
chegar a processá-la.
Alguns meses depois de abandonar a posição simbólica
no Al Ahly, Al-Sheikh deu início ao projeto do Pyramids, provavelmente pensando
que seria mais fácil começar do zero e tomar todas as decisões sem ser
incomodado.