Imagem: Autor Desconhecido
A conta do calote chega à mesa dos clubes
Rodrigo Mattos
Por anos, torcedores, jornalistas e dirigentes
repetiam que a conta da gestão financeira irresponsável um dia chegaria aos
clubes de futebol.
De uma certa forma, há quem já pague esta dolorosa
com a decadência gerada por um time mal gerido.
Mas uma decisão da Fifa desta semana indica que,
enfim, os clubes terão punições esportivas diretas por seus calotes.
O Comitê Disciplinar da entidade anunciou penas para
times de Rússia, Turquia, Qatar e Emirados Árabes se não quitarem seus débitos
com outras equipes ou com jogadores em prazos determinados.
As sanções vão de proibição de registro de jogadores
à perda de pontos em seus campeonatos nacionais, além de multas.
As medidas terão de ser impostas pelas federações, ou
estas serão também sancionadas.
As decisões têm relação direta com mudanças no
regulamento de transferências de jogadores. Entre outras modificações, o novo
texto tornou mais célere as punições para os clubes em caso de calotes, podendo
ser realizadas já na primeira instância.
Ainda em junho, em caso anterior a esta mudança de
legislação, a Fifa já sancionou o Atlético-MG com proibição de registrar
jogadores caso não pague uma dívida com o Huachipato em 30 dias.
Essas medidas deixam claro que está condenada aquela
tática de contratar, parcelar e pagar quando puder, deixando o problema para a
diretoria posterior do clube.
Agora, quem gastar além da conta e não quitar os
débitos poderá sofrer problemas esportivos em pouco tempo.
Já era para ser uma prática por aqui caso a CBF
agilizasse o licenciamento de clubes.
Mecanismos europeus, que atualmente estão sob
questionamento, obrigam clubes a controlar seus déficits, e assegurar pagamento
para jogadores e outros times.
A exclusão de competições é uma das penas como
ocorreu com o Milan na Liga Europa.
O clube, no entanto, recorreu ao CAS (tribunal
esportivo) e suspendeu a pena.
Certo é que, mesmo sem uma norma mais rígida da CBF,
os clubes brasileiros terão de pensar bem se podem arcar com determinados
custos de transferências a partir de agora.
Ou estarão arriscados a ter jogadores de renome, uma
boa campanha… e perderem pontos na reta final do campeonato que disputarem.
PS Há uma outra conta que nada tem a ver com a Fifa
que já chegou a alguns clubes que é a de excesso de gastos por anos que torna
frágil a situação financeira para manter bons times, mesmo que não tenham
dívidas por transferências.
É o caso do Corinthians que não tem débitos por
contratações ou com jogadores em grande volume, mas está submetido a um
desmonte de sua equipe por falta de dinheiro para mantê-lo.
Ou como ocorre, em casos mais graves, com Vasco e
Fluminense que gastaram além da conta por anos, e agora têm de lidar com o caos
financeiro.
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