Imagem: Autor Desconhecido
El Mundo conta tudo sobre saída de Ronaldo: as discussões em casa de
Mendes, a revolta e as propostas recusadas
Os novos pormenores sobre a transferência do ex-jogador do Real Madrid
para a Juventus
Por Redação do Jornal Record de Portugal
Cristiano Ronaldo já está na
Juventus, mas a forma como saiu do Real Madrid ainda não foi esquecida em
Espanha.
E o jornal 'El Mundo' conta mais
detalhes sobre a insatisfação do português e os motivos por que quis deixar os
merengues depois de se ter tornado num dos melhores jogadores da história do
clube.
A quezília de Cristiano Ronaldo
com o fisco espanhol é amplamente conhecida e foi uma das maiores dores de
cabeça do jogador nos últimos tempos em Espanha.
O jornal conta que em maio de
2017 Cristiano Ronaldo convocou uma reunião em casa do empresário Jorge Mendes,
seu vizinho no luxuoso bairro de La Finca, onde, segundo o jornal, o craque se
escondia.
"Quem é o responsável por isto", terá questionado o
jogador.
Depois, dirigindo-se ao advogado
Carlos Osório (homem da confiança de Mendes, responsável pelas questões fiscais
dos seus futebolistas e a quem Ronaldo pagava honorários acima da média) terá
dito:
"Doutor, eu tinha dito que não queria riscos. Não tenho estudos. A
única coisa que fiz na vida foi jogar futebol, mas não sou tonto e não confio
em ninguém. Por isso, quando contrato um assessor pago sempre 30 por cento a
mais do que me pede porque não quero problemas."
O advogado acusou o toque e terá
tentado tranquilizar o jogador.
"Cris, eu sou o responsável. Está descansado, vamos lutar até à
morte."
O 'El Mundo' conta que Cristiano
Ronaldo demorou meses a aceitar a realidade, ou seja, que não lhe restava outro
remédio que não fosse chegar a acordo com as autoridades tributárias porque
naquela reunião, em que se terá apresentado bastante irritado, ninguém lhe fez
ver isso.
"Eu nunca disse que não pagaria impostos! Quero saber o que se
passou! Não entendo nada, os impostos pagam os patrocinadores. Por que razão
estou a ser acusado?"
Ronaldo, acrescenta o jornal,
pensava que a lógica dos patrocinadores funcionava como nos clubes, mas neste
caso é ele quem tem de fazer contas com o fisco depois de receber o dinheiro
das marcas.
E em Espanha as coisas funcionam
de forma distinta de outros países, como por exemplo Inglaterra, que permite
que os desportistas desviem 50 por cento dos direitos de imagem para sociedades
fora do país...
Ronaldo acreditava que apenas
Florentino Perez podia ajudá-lo, à semelhança do que o Barcelona fez em
situações parecidas com Messi, Mascherano e outros jogadores.
Cristiano esperava que o Real
Madrid o compensasse com uma subida no salário pelo dinheiro que teria de pagar
ao fisco (desembolsou 18,8 milhões de euros).
O Barcelona renovou com Messi e
Carlos Osório tinha descoberto uma cláusula no seu contrato que dizia que o
clube devia assumir as contingências fiscais...
Só que essas contingências diziam
apenas respeito ao salário e o Real Madrid entendeu que não devia intrometer-se
na questão.
Ronaldo considerou isto como uma
traição e começou a pensar na saída do Santiago Bernabéu.
Escreve o El Mundo que em 2017 o
Milan chegou a fazer-lhe uma proposta de 150 milhões de euros líquidos em cinco
anos; Ronaldo ficou tentado, mas não aceitou.
Queria continuar a fazer história
em Madrid e não gostava quando o colocavam atrás de Di Stefano.
"Não sei que mais tenho de fazer", lamentava-se.
Messi renovou com o Barcelona e
passou a ganhar mais do que o português; Neymar chegava ao PSG com um salário
astronómico e Ronaldo, detentor da Bola de Ouro, era o terceiro na lista dos
mais bem pagos.
Foi-lhe prometido que se ganhasse
a Champions em 2017 a situação seria revista.
"Não é uma questão de dinheiro, é status, respeito",
repetia aos que lhe são mais próximos.
Foi-lhe feita uma proposta,
passaria de 21 para 25 milhões limpos por ano; com variáveis podia chegar aos
30 milhões.
Ronaldo não gostou e chegou a
comentar com Jorge Mendes ter-se arrependido por não ter saído no início da
época.
O Real Madrid acreditava que era
Jorge Mendes quem o incitava a deixar o clube, mas o empresário garantia a
Florentino Pérez que não pensava na saída do português.
Ao Santiago Bernabéu chegou uma
oferta do Manchester United, muito abaixo do pretendido, até que Pérez disse a
Mendes:
"Traz-me uma proposta de 100 milhões e ele sai."
Antes da final da Champions, em
Kiev, as relações entre Ronaldo e o clube já estavam muito tensas...
O PSG falou com Jorge Mendes e
deixou uma condição:
"Se o contratarmos tem de ser no último dia do mercado, para o
Real Madrid não nos levar o Neymar ou o Mbappé."
Mas Ronaldo não queria esperar
tanto tempo, correndo o risco de algo correr mal e o negócio não se realizar.
Em dezembro, escreve o 'El
Mundo', o jogador tinha pedido ao empresário para sondar a Juventus.
"Gosto porque é um clube organizado e não esqueço que tentaram
contratar-me quando eu estava no Sporting. Chegaram a duas finais da Liga dos
Campeões nos últimos anos e comigo podem ganhar."
A primeira aproximação de Jorge
Mendes a Andrea Agnelli aconteceu no dia encontro dos quartas-de-final entre o
Real Madrid e a Juventus, aquele em que o craque português marcou o golo de
bicicleta.
Mas houve outro clube da Série A que
contatar Jorge Mendes: o Nápoles.
E foi o próprio Carlo Ancelotti,
o treinador, a falar com o empresário.
"Jorge, eu quero o Cristiano, fala com o meu presidente."
Mendes telefonou a Aurélio de
Laurentiis, que rejeitou logo o negócio, pois, segundo disse, seria a ruína
financeira do clube.
Já Agnielli amadureceu a ideia e
passou a encará-la com grande entusiasmo.
Uma estrela como Ronaldo não só
funcionaria em termos desportivos, como também em termos econômicos...
O 'El Mundo' escreve que Jorge
Mendes manteve a porta aberta ao Real Madrid até ao último instante, só que
para Ronaldo já não havia retrocessos.
"Dei a minha palavra a quem me valorizou. Se agora, Florentino me
oferecer o dobro, não quero saber. Vou para a Juventus."
E Zidane, que fazia no meio
disto?
O treinador andava uma pilha de
nervos e chegou a perder a paciência com o tema.
"Resolvam o assunto do Cristiano porque não fala de outra coisa no
balneário. É insuportável", terá dito o treinador, que no fim de maio
acabou por deixar o Real Madrid.
Observação: o texto foi mantido em
sua forma original.