Imagem: Christof Stache/AFP
Este espaço não propõe defesa nem ataque a nenhum clube ou pessoa. Este espaço se destina à postagem de observações, idéias, fatos históricos, estatísticas e pesquisas sobre o mundo do futebol. As opiniões aqui postadas não têm o intuito de estabelecer verdades absolutas e devem ser vistas apenas como uma posição pessoal sujeita a revisão. Pois reconsiderar uma opinião não é sinal de fraqueza, mas sim da necessidade constante de acompanhar o dinamismo e mutabilidade da vida e das coisas.
sábado, maio 20, 2017
Décimo aniversário do milésimo gol de Romário...
Arte: Vasco da Gama
Hoje está completando o
aniversário de 10 anos do milésimo gol de Romário...
O feito aconteceu no dia 20 de
maio de 2007 no jogo contra o Sport Recife, pelo Campeonato Brasileiro.
O gol aconteceu num pênalti,
convertido na vitória por 3 a 1 sobre o time pernambucano.
Mesmo que a contagem seja
oficializada pela Fifa, o Vasco resolveu comemorar e lançou a camisa
comemorativa...
A camisa tem cor branca e uma
ilustração personalizada do atacante, que marcou 324 gols pelo Vasco.
As camisas começaram a ser
vendidas ontem...
Parte da venda da camisa será
revertida a uma instituição de caridade escolhida por Romário.
Jovem indígena vence maratona calçando sandálias da pneu...
Imagem: Autor Desconhecido
Ultramaratona
Jovem indígena ganha ultramaratona no México calçando apenas sandálias
de pneu
María Lorena Ramírez correu mais de sete horas sem treino formal e sem
equipamentos de corrida
Eugênia Copel para o El País
María Lorena Ramírez tem 22 anos
e é uma das melhores corredoras de longa distância na comunidade indígena
rarámuri (ou tarahumara), do México.
Em 29 de abril, ficou em primeiro
lugar na corrida UltraTrail Cerro Rojo, realizada em Puebla, com a participação
de 500 atletas de 12 países.
A imagem da mulher tarahumara no
pódio junto à segunda e terceira colocadas foi compartilhada mais de 50.000
vezes no Facebook desde 13 de maio.
A postagem foi feita pela página
Que Todo Tehuacán Se Entere, dedicada a divulgar fatos que sejam do interesse
desse município do Estado de Puebla.
A notícia destaca que Ramírez
obteve a vitória "sem colete de
hidratação, sem tênis, sem lycras e mangas de compressão... Sem todos esses gadgets do corredor de hoje
em dia. Sem ficar publicando seus quilômetros”.
A ganhadora aparece com semblante
sério, segurando um papel no qual consta ter recebido 6.000 pesos (cerca de
1.000 reais).
Não usa nem roupa nem calçados
esportivos, e sim uma saia e um par de huaraches (sandálias com sola de pneu),
com os quais correu durante sete horas e três minutos.
Esse traje é comum entre os
corredores tarahumaras, acostumados a trotar sem nenhum acessório entre as
encostas da serra de Chihuahua.
No ano passado, Ramírez ficou em
segundo lugar na Ultramaratona Caballo Blanco 2016, no Estado de Chihuahua, na
categoria dos 100 quilômetros.
“Ela não usava nenhum acessório especial”, conta ao EL PAÍS Orlando
Jiménez, organizador da corrida pelo segundo ano consecutivo.
“Não usava nenhum gel, nem doces para a energia, nem bastão, nem
óculos, nem esses tênis tão caros que todos nós usamos para correr na montanha.
Só uma garrafinha de água, seu boné e um paliacate (lenço) no pescoço.”
Correr longas distâncias é algo
habitual na família de Lorena Ramírez.
Ela foi à prova de Puebla com seu
irmão mais velho, Mario, que ficou em décimo lugar na categoria dos 30
quilômetros.
A ultramaratona de Chihuahua ela
correu com três dos sete irmãos e com seu pai, Santiago.
Ele contou ao jornal El Universal
que corre desde criança, assim como faziam seu pai e seu avô, com a motivação
de “ganhar”, “de não perder” e “de não passar fome”.
Lorena e seu irmão chegaram a
Tlatlauquitepec graças ao apoio dos organizadores da competição.
Fizeram mais de dois dias de
viagem por terra desde sua comunidade, na Ciénega de Norogachi (município de
Guachochi), até o Estado do México.
Lá foram apanhados pelo corredor
Leonel Aparicio e nesse mesmo dia percorreram outras cinco horas de carro até o
local da corrida.
No dia seguinte, Lorena correu 50
quilômetros e ganhou.
O EL PAÍS tentou fazer contato
com a corredora no celular do irmão dela, mas o sinal não é muito bom na serra
de Chihuahua.
Seu anfitrião em Puebla e no
Estado do México conviveu com os irmãos durante uma semana, e nesse tempo lhe
contaram que não têm um treino formal.
“Lorena se dedica a cuidar do seu gado: tem vacas e cabras, então
caminha entre 10 e 15 quilômetros por dia com os animais”, conta Aparicio.
Para se manterem hidratados, os
corredores tarahumara consomem pinole, um pó de milho com água que além disso é
parte da sua dieta básica.
A maioria dos índios rarámuri
vive na Serra Tarahumara (Chihuahua).
“São por natureza os melhores corredores do México”, afirma o
organizador da corrida de Puebla.
Sua resistência física está
gravada em seu nome.
Rarámuri vem das palavras rara,
que significa pé, e muri, que significa correr.
É o povo dos “pés ligeiros” ou os “corredores
a pé”.
O livro Nascido para Correr, de
Christopher McDougall, popularizou sua história (e sua técnica).
quinta-feira, maio 18, 2017
Copa do Nordeste... Spor 1 x1 Bahia.
Vou me valer do Blog do jornalista Juca Kfouri para mostrar o que representa um Sport e Bahia numa final de Copa do Nordeste...
1. São os dois clubes do Nordeste que extrapolam a região e tem representatividade nacional.
Os dois, aliás, neste ano, são os representantes do Nordeste na Série A do Campeonato Brasileiro (ao lado do Vitória) ...
2. São as duas maiores torcidas, com vantagem para o Bahia:
Bahia – 4.121.628
Sport – 2.679.058
3. Em número geral de títulos, vantagem pro Bahia também:
Bahia – 54 títulos
Sport – 47 títulos
Títulos Estaduais:
Bahia – 46 títulos baianos
Sport – 40 títulos pernambucanos
Títulos Regionais
Bahia – 6
Sport – 4
Títulos Nacionais
Sport – 2 (Copa do Brasil, Brasileiro Série B)
Bahia – 2 (Taça Brasil e Campeonato Brasileiro)
4. Média de público na Série A
Bahia – 22.407 (quarta melhor média da história, atrás de Flamengo, Corinthians e Atlético-MG)
Sport – 16.537 (é o 12º, mas Bahia e Sport são os dois times nordestinos melhores no ranking)
5. Participações na Série A
Bahia – 45
Sport – 36
6. Confronto direto
Foram 84 jogos entre Bahia x Sport
35 vitórias para o Bahia
20 vitórias para o Sport
29 empates
7. Jogadores convocados para Seleção
Sport – 13
Bahia – 9
Libertadores da América... San Lorenzo vira o jogo e elimina o Flamengo.
Imagem: Autor Desconhecido
O Flamengo recuou, se “acovardou”
e deu ao San Lorenzo campo para jogar...
Santa ingenuidade.
Em Buenos Aires, não se faz o que
o Flamengo fez...
E pedir para perder.
Acabou conseguindo...
Tomou a virada e deixa a
competição ainda na fase de grupos.
quarta-feira, maio 17, 2017
Nada é mais divertido que torcer ao lado de meu pai...
Meu pai, o torcedor...
Por Ícaro Carvalho - repórter do "Universidade do Esporte" da 88,9 - FM Universitária
Quando o adversário abriu o
placar aos três minutos de jogo, em Currais Novos minha cidade, meu pai, um
homem com pouco mais de 40 anos sentiu um calafrio na espinha.
Mas, meu pai é meu pai e, logo
arrumou culpados pelo tento do rival:
“Goleiro fraco”;
“O treinador escalou errado”;
“Negócio que dá ódio é torcer pra
esse time”.
Porém, o mais interessante no
torcedor habita em meu pai, e que em nada difere dos outros tantos milhões de
torcedores de futebol, é todos indistintamente trucidam sem piedade a
coerência...
Antes eram os elogios à equipe:
“Estamos numa boa fase”;
“Tem que ganhar hoje”;
“Só sossego com a vitória”.
Incoerência e idas e vindas fazem
qualquer partida ao lado de meu pai ser algo inesquecível.
Os muxoxos e as reclamações em
alto e bom som, convivem, sabe-se lá como, com piques de alta confiança.
“A gente vai ser campeão, não
tenho dúvidas. Mas pô, levar um gol com três minutos, esses caras querem acabar
comigo”.
Vem o segundo tempo e meu pai
permanece o mesmo.
O rival continua dando as cartas
e ele ansioso espera que seu escrete comece a lutar pelo empate que lhe dará o
título.
Com o passar do tempo, o
torcedor, dá lugar ao “treinador que desde sempre deteve o certificado emitido
pela FIFA...
Meu pai já não reclama, aponta os
erros:
“Estamos sem meio campo”;
“O 9 não tá com nada hoje”.
De repente, o time melhora.
Arrisca alguns chutes, cria
chances, ganha volume de jogo.
Meu pai exultante abraça minha
irmãzinha, que na esperança de vê-lo feliz, retribuiu o abraço ainda mais
forte.
Desesperado, faz promessas,
enquanto a abraça...
“Se a gente for campeão, dou um
celular novinho a você”.
Do nada, minha irmã, que sempre
foi alheia aos embates futebolísticos vira a mais apaixonada torcedora.
Vem o gol de empate e logo depois
o gol do título...
Meu pai vibra, mas por um
momento, para, pensa e solta essa pérola: “o troféu veio, mas me lasquei, o
prejuízo vai ser grande”.
Dali para frente, ele se junta as
comemorações efusivas que tomaram conta da cidade.
Meu pai já não era o torcedor ou
o “treinador”, era um “menino” no meio dos carros...
Descalço, com toalha do time nas
costas, cerveja na mão, “canta” aos berros o hino do clube do coração.
Compra mais cerveja, tira foto
com desconhecidos e feliz da vida acaba na casa da minha avó que tem mais de 80
anos e a carrega nos braços, enquanto com passos desajeitados dança a dança da
felicidade...
Nem liga quando alguém o
alerta...
“Cuidado, ela não pode ter essas
agitações!”
Meu pai não está nem aí…
Seu clube é campeão mais uma vez…
No fim dos festejos meu pai volta
para casa e vai dormir abraçado com a alegria.
Dormirá, não um sono qualquer,
mas sim, o sono de um campeão.
Eu, o observo e penso...
Não há nada como assistir a uma
partida do Flamengo ao lado de meu pai - ele se transforma, se transtorna,
sofre, ri, reclama, grita, xinga e ama...
Ama e me faz amá-lo ainda mais.
O lado mais feio do futebol...
Imagem: El País
O martírio dos jogadores abandonados com problemas de saúde
Atletas com doenças crônicas, lesões graves e acidentes de trabalho
cobram clubes na Justiça
Por Breiller Pires de São Paulo para o El País
Kauê Siqueira dirigia no caminho
que liga São Paulo a Penápolis quando perdeu o controle da direção e capotou o
carro no canteiro central da estrada.
Ele foi levado para um hospital
público de Bauru, onde entrou em coma por causa de um trauma na cabeça.
O acidente ocorreu em 10 de junho
de 2013, duas semanas depois de o meia, então com 21 anos, firmar contrato com
o Penapolense para a disputa da quarta divisão do Campeonato Brasileiro.
Durante a recuperação de uma
neurocirurgia, que paralisou todo o lado esquerdo de seu corpo, o jogador foi
deixado de lado pelo clube.
“Me desrespeitaram como ser humano”, diz Kauê, que passou a
engrossar a lista de atletas desamparados no futebol, um panorama que mistura
contratos questionados, regras pouco claras e times insolventes.
Visto como um talento potencial,
ele foi revelado pelo Santo André e, em 2011, teve 50% de seus direitos
econômicos adquiridos pelo grupo DIS, em transação semelhante à de Neymar – que
resultou em um imbróglio jurídico devido à suspeita de evasão de valores na
transferência do atacante para o Barcelona.
Com passagens por Corinthians e
Internacional, o meia chegaria ao Penapolense dois anos depois, parte de um
acordo do DIS para fornecer atletas ao clube.
Após o acidente, tanto o time de
Penápolis quanto o DIS se recusaram a pagar o tratamento do jogador, que ficou
26 dias internado pelo SUS.
Assim que recebeu alta, ele
voltou para São Paulo, onde vivia com a família, e iniciou uma série de exames
na Santa Casa.
Foram detectadas sequelas que
impossibilitavam seu retorno ao futebol.
Contudo, o Penapolense reintegrou
o jogador quando ele deixou de receber o auxílio-doença do INSS e o deixou
treinando sozinho, separado do elenco principal e sem receber salário.
Por causa das limitações físicas,
mal conseguia chutar uma bola.
Nesse período, o meia recorreu à
ajuda de parentes e ao que restava de suas economias para custear o tratamento
particular de fisioterapia e o sustento da filha de 4 anos.
Sem condições físicas para voltar
a jogar, Kauê decidiu abreviar a carreira aos 22 anos e entrou na Justiça
contra o clube cobrando indenização por acidente de trabalho – ele se dirigia
ao centro de treinamentos ao capotar o carro –, ressarcimento das despesas médicas
e o pagamento de férias e 13º salário.
“Se o clube tivesse prestado assistência desde o início, eu poderia
estar jogando novamente”, afirma o meia, que hoje tem 25 anos e ainda sonha
com a reabilitação para retomar o ofício nos gramados.
A Justiça lhe deu ganho de causa
em primeira instância.
Sua defesa tenta incluir o DIS
como corresponsável pela dívida.
O grupo bancava a maior parte do
salário do atleta e havia estipulado uma multa de 1 milhão de reais caso ele
rescindisse o contrato com a empresa.
Enquanto aguarda julgamento de
seu recurso, o Penapolense, que nega ter cometido qualquer irregularidade com o
jogador, enfrenta outros dois processos parecidos.
Os zagueiros William e Daniel
Miller também acusam o clube de abandono e descumprimento de direitos
trabalhistas.
O primeiro sofreu uma pancada na
cabeça durante um amistoso contra o Londrina, no Paraná, e ficou internado no
hospital municipal da cidade sem nenhum auxílio da delegação, que voltou para
Penápolis após o jogo.
Já Miller foi dispensado depois
de sete cirurgias no joelho, que o obrigaram a encerrar a carreira aos 24 anos.
De acordo com André Garcia,
gerente de futebol do Penapolense, o clube cumpriu as obrigações com os
atletas, mas pretende respeitar a decisão judicial em todos os casos.
O grupo DIS, que também detinha
parte dos direitos econômicos de William, afirma que atuava apenas como
investidor dos atletas e que, portanto, não se responsabiliza por custos
empregatícios.
Profissão de risco
Os irmãos Filipe e Thiago Rino se
especializaram em causas trabalhistas no direito esportivo.
A cada mês, o escritório dos
advogados protocola cerca de 100 processos em nome de jogadores na Justiça.
A maior parte deles coincide com
o fim dos campeonatos estaduais, em que clubes pequenos, com baixo orçamento,
muitas vezes não conseguem honrar seus compromissos e dão calote em milhares de
atletas pelo país.
Em São Paulo, de acordo com o
Sindicato dos Atletas, foram quase 500 processos trabalhistas nos últimos dois
anos.
Aproximadamente 40% das ações se
referem à saúde dos trabalhadores da bola que acabam negligenciados pelos
clubes.
“Abandonar jogadores lesionados e doentes à própria sorte virou uma
praxe dos dirigentes. A maioria dos clubes se preocupa apenas com o resultado,
e não com o lado humano de seus empregados”, afirma Thiago Rino, que
representa Kauê, William e Daniel nas ações contra o Penapolense.
Em casos de enfermidade ou lesão,
os departamentos jurídicos dos clubes costumam dizer que o jogador já
apresentava uma condição preexistente para justificar o rompimento do vínculo.
Entretanto, para Filipe Rino,
essa argumentação não se sustenta nos tribunais.
“Todo contrato entre clube e atleta tem a assinatura de um médico, que
é o responsável por liberá-lo para a prática esportiva. A partir do momento em
que o compromisso é firmado, não há como atribuir eventuais problemas de saúde
ou lesões a um período anterior ao registro do contrato”, explica o
advogado.
Henrique Choco descobriu uma
arritmia cardíaca durante o exame admissional no CSA, de Alagoas.
Ainda assim, o clube decidiu
contratar o volante.
Ele afirma ter passado por
procedimentos de cardioversão, que consiste em choques elétricos no coração,
antes de algumas partidas.
Uma das sessões teria acontecido
na véspera da final do Campeonato Alagoano, contra o CRB.
Todavia continuava sentindo falta
de ar e tontura em campo.
Ao fim do torneio, Choco fez uma
cirurgia cardiovascular, mas o clube o dispensou um mês depois da operação.
O antigo capitão do time conta
que havia assinado um novo contrato com o CSA até novembro de 2016, que só não
foi registrado por conta de seu estado de saúde.
“O presidente [Rafael Tenório], que me chamava de ‘filho’, comparou
minha situação à do Serginho [zagueiro que morreu após uma parada cardíaca
durante o confronto entre São Caetano e São Paulo, em 2004]. Ele disse que
seria arriscado me manter no clube e falou para eu procurar outra coisa pra
fazer”, diz o volante de 27 anos, que desde então não jogou mais futebol.
Rafael Tenório, mandatário do
CSA, que se defende de uma ação trabalhista, nega ter submetido o jogador a
choques elétricos e argumenta que o contrato dele havia terminado.
“Agimos de forma correta com o Choco. Vamos provar que essa reclamação
não tem fundamento.”
Condições precárias de trabalho
também colocam jogadores em risco.
Somente este ano, sindicatos de
atletas e Ministério Público do Trabalho já registraram mais de 50 queixas por
maus tratos em clubes de futebol.
Em março, o elenco do União
Barbarense foi obrigado a percorrer 240 quilômetros de ônibus no mesmo dia da
partida contra o Batatais pela segunda divisão paulista.
Jogadores viajaram deitados no
assoalho do ônibus na tentativa de poupar as pernas para o jogo.
O clube terminou o campeonato na
última colocação e com pelo menos sete processos por atrasos de salário,
incluindo o técnico Edson Leivinha, que comandou a equipe em três partidas.
No início do ano, a Justiça do
Trabalho de Santa Bárbara d’Oeste determinou a penhora do estádio do União por
dívidas superiores a 8 milhões de reais com atletas que defenderam o clube nos
últimos cinco anos.
Um deles é o ex-zagueiro Marcos
Aurélio. Em 2014, ele foi dispensado do União após sofrer uma lesão no nervo
fibular da perna direita, que comprometeu 75% dos movimentos do pé.
Depois de ganhar a ação na
Justiça, ele se tornou, aos 36 anos, o primeiro jogador do Brasil a ter direito
a uma pensão vitalícia por invalidez.
Na decisão judicial, o clube foi
obrigado a pagar um montante superior a 1 milhão de reais de uma só vez ao
atleta.
Porém, mesmo quando favorecidos
por sentenças trabalhistas, jogadores são reféns da penúria financeira dos
clubes que sequer conseguem arcar com as despesas do dia a dia.
Em abril, o zagueiro Sanny, do
Central de Caruaru, afirmou que os atletas haviam ficado mais de seis horas sem
alimentação antes de entrar em campo contra o Náutico, pelo Campeonato
Pernambucano.
O time, que perdeu por 5 x 0,
afastou o defensor após a denúncia.
Na última semana foi a vez do
técnico Álvaro Gaia reclamar da estrutura do clube por alojar jogadores que
dormiam no chão.
Em 2013, um atacante do América,
de Sergipe, desmaiou de fome diante do Confiança.
O clube não tinha dinheiro para
pagar o jantar do elenco.
Descaso como regra
Silas Brindeiro fez fama como
goleador no interior de São Paulo.
Depois de defender Mogi Mirim e
Guarani, ele sagrou-se artilheiro do Capivariano na campanha do título da
segunda divisão paulista, em 2014.
No entanto, quando se preparava
para disputar a Série A1 no ano seguinte, o centroavante foi diagnosticado com
leucemia e teve de interromper o auge nos gramados para tratar do câncer.
Apesar de enfrentar três
quimioterapias em dois anos, a doença não regrediu.
O contrato com o Capivariano
venceu em abril de 2016. Os custos do tratamento saem de seu bolso.
Aos 29 anos, Silas passou o
último 1º de maio internado no CTI de um hospital em Brasília.
Antes de voltar para o leito, com
seu estado agravado por uma pneumonia, o ex-goleador lamentava a falta de
suporte do time onde virou ídolo.
“Quando eu mais precisei, o clube me deixou na mão”, afirmou.
Ele processou o Capivariano por
falta de pagamentos durante o período em que esteve afastado pelo INSS.
Um problema é comum à maioria dos
28.000 jogadores profissionais registrados na Confederação Brasileira de
Futebol (CBF).
De um lado, 80% deles ganham até
1.000 reais por mês, boa parte sem carteira assinada, o que dificulta o acesso
a benefícios como seguro-desemprego e fundo de garantia.
Do outro, a minoria que recebe
mais de 1.000 reais, valores que, em muitos casos, são diluídos em direitos de
imagem – um truque dos clubes para reduzir encargos trabalhistas.
A artimanha é sentida pelos
jogadores no momento em que precisam recorrer ao INSS, que leva em conta as
contribuições previdenciárias com base no salário em carteira e estabelece um
teto de 5.531 reais para o pagamento de benefícios como o auxílio-doença.
Raramente os clubes arcam com a
diferença entre o salário integral, incluindo direitos de imagem, e o benefício
da Previdência ao longo do afastamento de um atleta.
Kauê Siqueira, o atleta que
sofreu um acidente de carro, por exemplo, recebia 1.500 reais em carteira do
Penapolense e 3.500 reais por fora, pagos pelo grupo DIS.
Já Silas Brindeiro viu sua
remuneração mensal despencar de 10.000 para 4.000 reais com o auxílio-saúde,
pois boa parte dos rendimentos no Capivariano estava atrelada aos direitos de
imagem.
Por não se tratar de acidente de
trabalho, a doença do atacante não lhe garantiu o direito à estabilidade
provisória de 12 meses no emprego, como a legislação determina para evitar que
o trabalhador seja demitido após retornar do período de licença médica.
O projeto de lei 166/2016 que
tramita no Senado quer estender o benefício a todos os portadores de câncer no
país, mas ainda aguarda para ser votado em plenário.
Mesmo em casos de acidente de
trabalho, há clubes que ignoram o direito à estabilidade.
Em 2015, o Tupi, de Juiz de Fora,
foi condenado a pagar indenização ao meia Hugo Imbelloni, dispensado depois de
uma cirurgia no joelho esquerdo.
Como o clube não emitiu o CAT
(Comunicação de Acidente de Trabalho), algo corriqueiro em equipes que não
assinam a carteira de trabalho de seus atletas, o jogador sequer conseguiu
usufruir do auxílio-doença.
Pelo mesmo motivo, o lateral
Formiga também processou o Tupi no fim do ano passado.
Ele ainda reivindica indenização
pelo fato de o clube não ter contratado o seguro obrigatório de acidentes
pessoais, previsto no artigo 45 da Lei Pelé.
“Poucos clubes, mesmo entre os de primeira divisão, se previnem com o
seguro para os atletas”, afirma o advogado Thiago Rino.
Reconhecendo isso, a CBF fechou
acordo com uma seguradora para garantir o benefício equivalente a 13 salários a
todos os atletas com contratos ativos no sistema de registro.
Porém, a apólice oferece
cobertura apenas por morte ou invalidez e só entrou em vigor em março de 2016.
Desassistidos, jogadores que
amargam lesões e sequelas de trabalho têm de recorrer à Justiça e podem levar
mais de uma década para receber dos clubes.
Exceções confirmam a regra. Um
erro médico na correção de uma fratura na perna direita forçou Lucas Patrick a
abortar a carreira com apenas 20 anos.
O Grêmio Osasco não oferecia o
seguro, mas, após uma ação judicial, o clube rapidamente chegou a um acordo
para indenizar o jogador.
Na maioria dos casos, entretanto,
incapacitados para a atividade futebolística como Kauê, Choco e Silas precisam
se desdobrar entre a batalha nos tribunais pela indenização do seguro e os
custos elevados do tratamento médico.
Silas Brindeiro, que brilhou pelo
Capivariano, que só se pronuncia sobre o tema na Justiça, ainda busca um doador
compatível de medula óssea.
Parado há dois anos, o atacante
já gastou mais de 15.000 reais em exames não cobertos pelo plano de saúde.
Neste momento, ele alimenta a
esperança de um dia voltar a jogar lutando por seus direitos e, acima de tudo,
pela vida.
JOGADORES DE CLUBES TRADICIONAIS TAMBÉM SOFREM
Habitual em equipes menores, a
indiferença com atletas que peregrinam no estaleiro também atinge o alto
escalão da bola.
O caso mais emblemático é o de
Everton Costa, que parou de jogar em 2014 depois de passar mal em uma partida
pelo Vasco.
Com uma anomalia cardíaca, ele
anunciou a aposentadoria aos 29 anos e precisou cobrar direitos trabalhistas
tanto da equipe vascaína quanto de seus ex-clubes, Coritiba e Santos – de quem
ganhou uma indenização de 350.000 reais.
Seu empresário ainda acusou o
time santista de negligência.
Médicos do Peixe teriam deixado
de informar o jogador sobre alterações detectadas no exame admissional.
O clube alegou que os resultados
não impediam o atleta de seguir praticando futebol.
Em situação semelhante, o
Cruzeiro foi condenado a desembolsar 1,3 milhão de reais ao volante Diogo
Mucuri por não ter garantido o seguro ao atleta, que encerrou a carreira em
2006 por causa de um infarto.
Em 2014, a Justiça do Trabalho
condenou o Ceará a pagar indenização ao zagueiro Thiago Geraldo, demitido após
uma lesão no joelho.
Já este ano, o volante Sandro
Silva, com passagens por Vasco e Palmeiras, disputou apenas sete jogos pela
Portuguesa até romper os ligamentos do tornozelo.
Ele foi dispensado sem tratamento
adequado e exige do clube ao menos o pagamento da cirurgia, avaliada em 45.000
reais.
O QUE DIZ A LEI PELÉ
Art. 45. As entidades de prática desportiva são obrigadas a contratar
seguro de vida e de acidentes pessoais, vinculado à atividade desportiva, para
os atletas profissionais, com o objetivo de cobrir os riscos a que eles estão
sujeitos.
§ 1º A importância segurada deve garantir ao atleta profissional, ou ao
beneficiário por ele indicado no contrato de seguro, o direito a indenização mínima
correspondente ao valor anual da remuneração pactuada.
§ 2º A entidade de prática desportiva é responsável pelas despesas
médico-hospitalares e de medicamentos necessários ao restabelecimento do atleta
enquanto a seguradora não fizer o pagamento da indenização a que se refere o §
1o deste artigo.
terça-feira, maio 16, 2017
A goleira que reinventou o tiro de meta e quase estragou a festa das rivais...
União 5 x 0 Alecrim: A goleira que reinventou o tiro de meta e quase
estragou a festa das rivais
Por Ana Clara Dantas - comentarista do TVU Esporte da TV Universitária e
do Universidade do Esporte, da radio 88,9 - FM Universitária de Natal/RN
Carla jogava bola na rua, ouvia
gritos de “mulherzinha”, como se fosse xingamento ser mulher.
Com a Mila não foi diferente.
Pequenina, mas com atrevimento
enorme, ela fez muito moleque esquecer os fundamentos mais básicos do futebol.
Carla foi pro gol.
Talvez por identificação, talvez
por pura necessidade.
Mila ainda inferniza defesas
alheias.
Bom, talvez nem tenha sido assim
mesmo a caminhada dessas duas.
O que eu sei é que depois de
muitos treinos, rachões, e jogos, elas ficaram frente a frente no Campeonato
Potiguar.
Carla é goleira do Alecrim.
Time que, por si só, merece um
parágrafo à parte como a personificação do mais desvairados dos amores
futebolísticos.
Mas voltando às meninas...
Mila é a que muda o jogo.
Ela que resolve pro União.
É por ela que estamos no estádio.
Sem sua genialidade o mundo seria
o mesmo, mas eu não daria esse sorriso besta de quem acabou de vê-la achar
espaço até não caber mais e só parar na goleira Carla.
Ah, Carla.
E esse sol infernal?
O gramado tá meio ruim, né?
O Alecrim não ataca muito, então
segura aí.
Mas só dá União.
E lá vem a Mila.
Aí já foi.
É gol.
Carla manda o time pra frente.
Como diz a gíria do futebol
moderno: “Vamos, agredir o adversário,
porra!”.
Tiro de meta pro Alecrim.
União recupera a bola.
Mila tenta.
Carla foi buscar.
Tiro de meta pro Alecrim e de
novo o União recupera.
Mila chega.
Mas Carla parece decidida.
Aqui não!
E o jogo segue nessa sequência
interminável: Tiro de Meta - União recupera - chega em Mila - bate pro gol -
CARLAAAAA.
Na arquibancada alguém sentencia:
“Ela vai entregar dez tiros de meta e vai
fazer dez defesas”.
O mais tropicalista dos Caetanos
diria: “Que loucura!”.
Mas quando o improvável entra em
campo, o talento trata de colocar tudo no lugar.
Mila estava mordida pra resolver
o jogo.
A treinadora da seleção está no
estádio, algumas equipes de TV estão presentes, e a luz natural está indo
embora enquanto chega o anoitecer.
Isso mesmo, o Estádio vai ficar
às escuras.
Alguns dirão que é exagero, mas
parece que até o sol, curioso que é, resolveu ficar mais um pouco para ver a
Mila jogar e vencer a goleira Carla.
Depois ficou escuro, escuro
demais pra ver o que quer que fosse.
Sejam as equipes de TV, seja a
treinadora da seleção.
E por mais que a goleira
tentasse, parecia estar sempre batendo na porta do céu.
No fim, um resultado expressivo.
União 5 x 0 Alecrim e uma grande
história pra contar.
Vence o futebol feminino!
Justiça indefere pedido do Globo de Marcone Barreto e FNF apresenta documento provando que o seu presidente não é dono de igreja...
Recebi do jornalista Alan
Oliveira as cinco páginas do processo referente a Ação de Obrigação de Fazer
c/c Pedido de Tutela Antecipada...
As páginas recebidas estão resumidas
no texto abaixo.
Justiça indefere pedido do Globo
O Juiz titular da 18ª Vara Cível
da Comarca de Natal, Pedro Rodrigues Caldas Neto, indeferiu nesta segunda-feira
(15) o pedido de tutela antecipada formulado pelo Globo Futebol Clube, em ação
ajuizada contra a Federação-norte-rio-grandense de Futebol – FNF Processo nº.
0818222-90.2017.8.20.5001.
O Magistrado entendeu que a FNF
cumpriu antecipadamente a exigência legal de feitura e publicização de suas
contas, por intermédio de divulgação de balanço financeiro.
Além da informação acima, Alan
Oliveira me mandou uma consulta realizada no Sistema Nacional de Registro de
Empresas Mercantis – SINREM, que informa não existir em Alagoas nenhuma empresa
registrada na junta comercial daquele Estado em nome de José Vanildo da
Silva...
Explico:
A consulta se deu em virtude do
prefeito de Ceará-Mirim, segundo, Alan Oliveira, ter afirmado que o presidente
da FNF era “dono de uma igreja em Alagoas”...
É sério (risos).
Ao que parece a confusão se deu
por serem homônimos, o pastor e o presidente da FNF...
Porém, uma segunda versão afirma
que Marcone Barreto caiu numa brincadeira feita nas redes sociais com o fato
dos nomes serem idênticos.
Mas, confesso...
Cheguei a imaginar José Vanildo
num púlpito, cercado de fiéis completamente embevecidos ouvindo-o cantar as
canções de Tim Maia - para quem não sabe, o presidente da FNF é um fã de Tim
Maia e o imita muito bem.
O mais bonito gol contra...
Adrien Gulfo da equipe do Pully-Football marcou um golaço de bicicleta na partida contra o Rennens FC...
O problema é que o gol foi contra.
Para sorte de Adrien, sua equipe conseguiu empatar a partida em 3 a 3 e nos pênaltis, venceu por 4 a 3...
O resultado levou o Pully-Football para a final da Copa do Cantão de Vaud, na Suíça – a Copa do Cantão é para clubes amadores.
Juventus e Real Madrid, a história se repete...
Revivendo a final de Champions League de 1998 entre Juventus e Real
Madrid...
A história se repete.
Por Oscar Cowley, repórter do programa "Universidade do Esporte" da rádio 88,9 - FM Universitária
Há dezenove anos, Juventus e Real
Madrid disputavam uma final de Champions League como a que teremos a
oportunidade de apreciar no dia 3 de junho, em Cardiff.
O cenário, porém, era diferente.
Se hoje temos como favorito o
time espanhol, em 1998 os italianos eram o time mais prestigioso da Europa.
O palco desta vez fora o belo
estádio do Ajax, o Amsterdam Arena, que recebeu 48,500 pessoas.
Zidane, agora técnico do Real,
comandava a “escuadra” da Juventus junto com uma das maiores lendas do time,
Alessandro Del Piero.
Jogadores como Inzaghi (aquele
mesmo que depois jogou pelo Milan), Davids, Deschamps, Montero, Conte (hoje
técnico do Chelsea), Di Livio e o goleiro Peruzzi (parece difícil de acreditar,
mas Buffon ainda não era o goleiro naquela época) completavam um dos elencos
mais poderosos da história da Vecchia Signora.
Por outro lado, os merengues
buscavam ‘a sétima’ depois de 32 anos de jejum.
Não menos poderoso, o Real Raul,
como era conhecido na época, contava com grandes nomes também, como Roberto
Carlos, Hierro, Morientes, Seedorf, Mijatovic, Sanchís e, claro, Raul, nome
mais que importante para a história ‘blanca’.
No banco de reservas, dois dos
técnicos mais vitoriosos do futebol lideravam as equipes, pela Juventus,
Marcello Lippi, e no Real, Jupp Heynckes.
Em Amsterdam, a Juventus disputou
sua terceira final de Champions consecutiva depois de eliminar o Mônaco nas
semifinais.
O confronto contra os franceses,
assim como neste ano, ficou marcado pela superioridade mostrada em campo pelo
time de Turim.
Além disso, tinham conquistado o
campeonato italiano com cómoda vantagem, colocando medo no time espanhol que,
por sua vez, atravessava uma fase horrível na liga chegando a disputa apenas na
4° colocação e fora da classificação para a próxima Liga dos Campeões.
Numa atmosfera contagiante,
estimulada pela paixão que o povo holandês nutre pelo futebol, o jogo começou
favorável para a Juventus que ainda nos primeiros minutos chegou ao gol de
Illgner com um chute de fora da área de Deschamps.
Em seguida, com algumas aparições
de Zidane, cujo estilo de jogo envolvia uma mistura de elegância e
tranquilidade, o clube italiano começava a dominar a partida e criar ocasiões
de gol.
Rapidamente, Heynckes notou a
necessidade de anular o homem responsável pela maquinaria do time rival
colocando Hierro e Redondo para marcar o francês, conseguindo rebaixar quase
que de forma total sua autoridade dentro de campo.
A partir daí as chances para o
Real começaram a chegar, sendo a mais clara dos pés de Raul que, após uma bela
jogada do atacante Mijatovic, acabou finalizando para fora do gol.
Durante o segundo tempo, a forte
marcação sobre Zidane deixou clara a grande dependência que a Juventus sofria
do jogador, uma vez que a zona de criação ficou praticamente anulada.
Deschamps e Di Livio, que
deveriam complementar esse papel, não apareceram, de forma que a organização de
jogo ficou sobre responsabilidade de David que, convenhamos, nunca foi um bom
jogador com a bola nos pés (a não ser que isso significasse enfiar uma bomba de
qualquer forma no gol).
No momento em que o jogo parecia
mais equilibrado, a final sinalou quem seria seu herói da noite.
Chegávamos próximos aos 66’ do
segundo tempo, quando o italiano Panucci lançou uma bola na área em busca do homem
em quem os madridistas apostavam para decidir o confronto, Raul González.
Porém, o futebol funciona de
maneira misteriosa e quiseram os deuses do esporte que o gol fosse marcado pelo
jogador mais contestado do time.
Tendo falhado de chegar no
espanhol, a bola sobrou para o lateral Roberto Carlos na frontal da área que
não pensou duas vezes em rematar no gol com a força característica de sua perna
esquerda.
A trajetória, contudo, foi
cortada pela zaga da Juventus que, num raro momento de indefinição, deixou a
esfera sobrar nos pés de Predrag Mijatovic que com muita tranquilidade tirou do
goleiro e anotou o gol que daria o título da ‘sétima’ para o Real Madrid.
Sem dúvida, este foi um daqueles
gols capazes de fazer esquecer todos os problemas de uma temporada
problemática.
O jogador, nascido na antiga
Iugoslávia, mais especificamente na região que hoje corresponde a Montenegro,
ainda não tinha anotado um gol sequer na competição europeia e vinha sofrendo
duras críticas da prensa espanhola.
Ainda, uma lesão na panturrilha
quase o tira do jogo e, de fato, teria sido impedido de jogar pelo seu
treinador caso o montenegrino não tivesse escondido a lesão.
Ao rever as imagens do treino
antes do jogo, era possível ver como Mijatovic, com as meias bem levantadas,
algo atípico no jogador durante essas sessões, tratava de evitar que Heynckes
notasse que estava lesionado.
Finalmente o time espanhol
conseguiu estar à altura da melhor equipe do momento, desbancando todo o
favoritismo dado aos turinenses.
Uma situação parecida com a qual
nos deparamos de cara a final deste ano, ainda que com uma inversão de papeis.
Desta vez, será o Real que
disputará sua terceira final em apenas quatro anos saindo na frente nas casas
de apostas para levar o título.
Porém, se algo podemos aprender
com a história é que o jogo se vence no campo, pois no futebol nunca há uma
certeza absoluta...
Gostam de coincidências?
Para não “zicar” nenhum dos dois
times disponibilizarei uma para cada.
Desde 1989, quando o Milan bateu
o Steua Bucaresti, há um campeão italiano há cada 7 anos: Milan (1989),
Juventus (1996), Milan (2003), Inter de Milão (2010), e em 2017...
O confronto entre espanhóis e
italianos é o que mais vezes ocorreu na decisão da Liga dos Campeões, a
Espanha, entretanto, ganha de lavada: cinco títulos contra dois da Itália em
sete decisões.
segunda-feira, maio 15, 2017
Vida de repórter... uma tarde no Frasqueirão.
ABC e Paraná: estava tudo certo, mas
deu errado e aí, pensei estou livre.... que nada, fui convocada, vou ao
Frasqueirão.
Por Lígia Carvalho – repórter do
TVU Esporte da TV Universitária
Segunda-feira, 08 de maio
Foi nesse dia que me ofereci pra
cobrir o jogo do ABC na primeira rodada da série B 2017.
Não sei exatamente porque, mas
gosto do clima do Frasqueirão.
Lá tem aquele cheiro de futebol
raiz, torcida sentada na arquibancada de cimento, que só quem frequenta estádio
sabe.
Passei a semana pesquisando e
tentando achar algo diferente pra mostrar na matéria que eu ia fazer, afinal,
voltar pra série B é uma grande conquista quando avaliamos os tamanhos dos times
que temos por aqui.
Sexta, 12 de maio.
Vejo várias mensagens no grupo da
tv no WhatsApp.
– “Não vai ter cinegrafista não”.
Não acredito que desperdicei
tanto tempo pensando no que ia fazer pra nada.
Mas tem nada não, tenho um
aniversário pra ir às 18h30, que eu ia me atrasar, tem UFC, dou um cochilinho à
tarde e vou cumprir meus compromissos.
Sábado, 13 de maio, 11h.
-“Lígia, vai lá e faz uns vídeos
pro nosso Facebook”, recebi de mensagem da produtora.
Lá vamos nós...
Chego no frasqueirão com meus
colegas da tv e da rádio e encontro aquele clima já conhecido.
Torcedores sentados comendo
churrasquinho e tomando cerveja, polícia dando baculejo nas organizadas,
olhares que pensam “o que essas meninas tão fazendo aqui, sem ser com a camisa
do ABC? ”
Sem cinegrafista, entramos e
vamos acompanhar o jogo das cadeiras.
Ótimo.
Calor da torcida.
Só que não muito.
Nas cadeiras o clima é
diferente...
Senhores, senhoras, não tem
aquela animação e banhos de cerveja da arquibancada.
Ficamos ali, conversando algumas
besteiras, analisando os jogadores no aquecimento e rindo de Binho, o meu
colega da rádio, enquanto esperamos o jogo começar e comemos os salgadinhos do
Frasqueirão.
Rola a bola.
Apoio meu pé na cadeira da frente
e levo um susto com minha perna caindo.
Cochilei.
“Porra, que jogo modorrento” escuto Ana Clara comentar.
Eu que o diga, penso.
Olho no relógio, quinze minutos
de partida.
A bola não sai do meio de campo,
nenhum lance de emoção.
Fico ali, entre as pescadas do
sono, e os comentários engraçados de Binho e Ana Clara nos meus momentos de
lucidez.
Por vezes acordo assustada com
gritos...
–“Gegê seu bosta!”, deferidos ao camisa 10 do alvinegro.
Ele não parece muito querido por
aqui.
Acabou.
Mas ainda falta o segundo tempo.
Dou aquela despertada e falamos
como o jogo está uma merda.
Começo a apostar no zero a zero e
todos torcem pra que eu esteja errada.
Os times voltam a campo e logo
que a rola bola o juiz para tudo.
Que merda é essa?
Escuto na rádio que um torcedor
se acidentou e a ambulância precisou leva-lo ao hospital.
Sem ambulância, sem jogo.
Esperamos.
-“Quanto tempo vai demorar? ”
Olho no relógio e que merda, tá
chegando a hora do aniversário que tenho que ir.
-“Vamos invadir esse campo e fazer todo mundo ir embora! ”
-“Marcos Neves tá na arquibancada, vamos brincar de procurar ele”
-“Olha lá Marcos!!! Com a famigerada camisa do Queen. ”
Acenamos e recebemos um aceno de
volta.
O jogo recomeça vinte minutos
depois.
Puta que pariu, o aniversário.
–“Gegê seu merda! ”.
O ABC tenta e a cada segundo que
passa tenho mais certeza do empate sem gols.
–“Gegê seu bosta! ”.
Geninho troca peças em campo e
escuto um comentário na rádio:
“Geninho colocando todas as carnes na churrasqueira”.
Anoto pensando em usar pro resto
da vida.
–“Vai pro América seu filho da puta”.
Merda, a aniversariante já
chegou, vou perder o bolo e os salgadinhos.
Esse jogo que não acaba...
O juiz dá quatro minutos de acréscimo.
Eu só queria sair dali e ir para
a festinha.
Acabou.
Vaias na torcida.
–“Esse Gegê é muito ruim. ”
–“Que saudade de Lucio Flavio”.
–“Falar que esse cara é o diamante negro da frasqueira? Quero o Jones
Carioca de volta”.
Escuto atenta os comentários da
torcida, afinal, eles com certeza entendem mais de ABC do que eu.
É.… tem que mudar.
O próximo é contra o
internacional, fora de casa, que já ganhou de três no primeiro jogo.
Chego no aniversário.
Me esperaram pra cantar parabéns
e partir o bolo.
Essa foi a maior felicidade do
sábado de futebol.
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