sexta-feira, dezembro 28, 2012

Molon labe (venha pegá-las)...

Imagem: Marca


Hoje com 27 anos, Rola El Halabi, metade alemã, metade libanesa, renasce para a vida e para o esporte.

A historia de El Halabi pode ser divida em três tempos...

O primeiro, quando ocupava um posto de destaque entre as melhores boxeadoras europeias e ostentava o título de bicampeã mundial médio-ligeiro.

O segundo, deitada sangrando no chão do vestiário do ginásio onde iria lutar, depois de receber a queima roupa disparos de revolver que lhe atingiram as mãos, os pés e os joelhos.

Deixemos o terceiro momento um pouco mais para frente...

El Halabi caminhava a passos largos para se tornar uma das melhores do mundo, sua técnica, seu equilíbrio e frieza diante das adversárias corroboravam com todas as previsões de que o topo estava muito perto...

Porém, a decisão de romper com seu padrasto e afastá-lo da direção de seus negócios e de sua carreira teve um preço muito acima do esperado.

No dia 1º de abril de 2011, El Halabi aquecia no vestiário do ginásio aonde iria se apresentar quando seu padrasto entrou e disparou a queima roupa contra suas mãos, seus pés e seus joelhos...

“Ele ficou a três metros de mim. Apontou para minhas mãos e em seguida disparou contra me pé direito. Gritei para ele ‘para, você já tem o que queria’. Ele me olhou caída no chão e mirou em minha cabeça, mas não teve coragem e então, atirou contra meus joelhos e meu pé esquerdo”, contou El Halabi.

No dia seguinte, seu novo agente reuniu a imprensa no hospital em que El Halabi foi operada e anunciou:

“As cirurgias foram um sucesso, porém, os disparos tinham a intenção de por fim a sua carreira e, infelizmente é isso o que vai acontecer. El Halabi não voltará a lutar”.

Seu agente apenas repetiu o que acabara de ouvir dos médicos e este, seria o veredito que El Halabi continuaria a receber depois de outras nove cirurgias...

Sentada em uma cadeira de rodas, com 12 cicatrizes no corpo, El Halabi não conseguia aceitar o fim...

“Desistir não me parecia à solução. Era o que meu padrasto queria. Eu não iria deixar que ele desse a palavra final”.

Mesmo quando soube que seu padrasto havia sido condenado a seis anos de prisão por tentativa de homicídio e por ferir dois seguranças que tentaram impedir sua entrada no vestiário, El Halabi não se conformou...

Iniciou sozinha uma longa e dolorosa luta.

Vamos ao terceiro momento...

El Halabi conseguiu...

Vai voltar a lutar.

“Contestei os médicos que me diziam não. Busquei apoio onde pude encontrar. Sofri meses e meses dores insuportáveis em intermináveis sessões de fisioterapia. Convenci aos meus antigos treinadores a me aceitaram de volta e voltei”.

“O mais irônico de tudo isso é que foi meu padrasto quem me ensinou que eu nunca deveria me render a nada, fosse que fosse. Que lutar e superar as dificuldades era o único caminho a seguir. Fico triste quando penso que foi ele que fez o que fez”.

El Halabi recomeça sua vida no dia 12 de janeiro em Ulm, na Alemanha, quando vai enfrentar a ítalo-alemã Lucia Morelli na disputa pelo cinturão de campeã mundial médio-ligeiro.

Rola El Halabi tatuou em sua pele a palavra grega, “Molon Labe”...

Quando questionada sobre o significado, El Halabi sorriu e disse:

“Essa foi à resposta do rei Leônidas a Xerxes quando este à frente de mais de 250.000 homens nas Termópilas, propôs que ele e seus 300 espartanos depusessem suas armas. ‘Molon labe’ disse Leônidas – venha pegá-las”.


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