Ontem à tarde encontrei Judas
Tadeu no Praia Shopping...
Eu, ele e Xiankleber Benjamim, um
amigo, sentamos juntos e tomamos café enquanto rolou um papo rápido, mas muito elucidativo.
Judas como sempre, não esconde o
que sente e nem deixa perguntas sem respostas...
Depois de umas duas ou três
palavras, foi direto...
- "Você está me entrevistando,
Fernando Amaral?"
Ri muito e disse...
- Não, mas já que estamos aqui,
por que não?
Judas contou que se afastou do
ABC da última vez por ter ficado sozinho...
- “José Wilson estava com a
família na Europa, Rubens Guilherme, licenciado, Rogério Marinho em campanha,
Bira Marques sem experiência, cercado de problemas e com pouca autonomia e eu,
junto com Bira tentando resolver as coisas, mas, sem conseguir contato com
ninguém.”
- “Quando decidi sair, dei uma
entrevista à rádio Globo, no programa Esportes em Debate” e disse que o clube
estava abandonado.”
- “Essa entrevista acabou
causando um mal-estar entre eu e o Zé Wilson, que depois de ouvir os
fofoqueiros de plantão, me ligou da Europa reclamando.”
Sorrindo Judas completou...
- “Era um fim de semana, eu em
Caruaru, numa fila danada para conversar com um cliente e vender pirulitos e o
Zé da Europa me ligando para pedir satisfações...”
- “Disse a ele, homem, vai
aproveitar suas férias, se divirta com sua família e quando chegar nós
conversamos...”
- “Diante da insistência dele,
falei assim: Zé, vai se lascar e desliguei.”
- “O problema é que eu gosto
muito dele, mas isso passa, somos amigos.”
Aproveitando, perguntei...
- “Por que o Dr. José Wilson
deixou o ABC depois de tantos anos?”
Judas me olhou, bebeu um pouco do
café e falou:
- “Ele não quer dizer, mas eu, acho
que sei o porquê?”
- “No meu tempo de presidente, eu
e o Zé no reuníamos todo fim de semana para planejar o jurídico do ABC...
Naquele tempo Fernando, eu paguei algo em torno de 300 ou 350 mil reais de
dívidas trabalhistas. Quando contei isso uma vez em Campina Grande, os caras me
chamara de mentiroso, pois não acreditavam que o ABC tivesse pago um valor tão
pequeno.”
- “Mas espere, não terminei... Quando
a coisa ficava difícil eu dizia: Zé, segura as pontas, que com a renda do
próximo jogo nós pagamos os valores necessários para os recursos junto ao
tribunal... Quando não dava, eu corria e fazia um empréstimo bancário para
resolver a questão...”
- “Agora, eles devem 8 ou 9
milhões, não resolvem nada e o Zé andou tirando dinheiro do bolso para bancar
os recursos e assim evitar o pior... O Zé só nessa coisa de pagar do próprio
bolso, botou mais de 19 mil reais dentro do clube. Por outro lado, ele estava
sendo sacrificado no escritório dele... Uma coisa é você ir ao fórum uma vez ou
outra para recorrer ou participar de uma audiência, mas hoje, é todo dia... Ele
cansou.”
- “Tenho certeza que o motivo foi
esse.”
Outra coisa que acabei
descobrindo a razão presidente da FNF, José Vanildo não estar conseguindo
abrir espaço no governo Robinson Faria...
Ao perguntar sobre como andava a
relação dele com Vanildo, Judas nem sequer me deixou terminar...
- “Estou querendo encontrar o Zé
Vanildo, dizem que ele está aborrecido comigo e comentando que eu ando falando
mal dele... Ele não pode esquecer que eu o apoiei e sempre disse que ele havia modernizado
e feito muito pela FNF. O José Rocha do América, foi claro ao dizer, se você
apoia o Vanildo eu estou com você.”
- “O José Rocha é um home sério.
Eu gosto muito dele, confio nele e sei que ele confia em mim.”
- “Vou repetir, Vanildo fez muito
pela FNF, mas agora, a FNF virou um cartório... é taxa para tudo. É disso e dos
campeonatos de base, curtos e ruins que ele está promovendo que eu reclamo.
Isso é falar mal?”
- “Vanildo chegou a reclamar
comigo por eu ter declarado meu voto em Robinson Farias... Eu na época disse a
ele que não votava por ideologia, e sim, por gratidão. Robinson ajudou muito o
ABC e eu, reconheço isso. Ele insistiu e eu falei para ele falar para o Henrique
Eduardo que se ele ganhasse não precisava fazer nada pelo ABC não.”
- “Diga a ele que não precisa
ajudar o ABC em nada, mas saiba, eu vou e conto em alto e bom som para a
torcida.”
- “Quando eu fui presidente,
todos os políticos que procurei me receberam... presidente do Senado,
presidente da Câmara, presidente da Assembleia e o todos os vereadores com quem
precisei falar, falaram comigo e na medida do possível, todos ajudaram no que
podiam ajudar. Nunca precisei de mandato de deputado para falar com ninguém. O
ABC por si só abre portas, é grande e é respeitado.”
Como eu tinha um compromisso
inadiável, precisei abreviar a conversa...
Confesso que o fiz contrariado,
mas não havia outra saída.
Antes de ir, informei ao Judas
que a partir do 5 de fevereiro, a FM Universitária, sob meu comando, vai
colocar seu primeiro programa esportivo no ar, e que eu, o levaria para ele
repetir tudo o que havíamos conversado...
- “Sério Fernando, vai ter
programa de esporte na FM Universitária... Que dia vai ser, e a que horas?”
- “Às quintas-feiras, das 20 às 21
horas...”, respondi.
Judas então me estendeu a mão e
com um sorriso no rosto disse:
- “Em relação a essa conversa,
não precisa esperar até dia cinco de fevereiro não... Você não me entrevistou
aqui? Então, publique, faça a matéria.”
Olhei para ele e finalizei...
- “Estou autorizado, então?”
- “Sim, está... Um abraço e
quando precisar, conte comigo.”
Sim...
Tem mais uma coisa...
A melhor parte e a mais engraçada.
- “Fernando, você sabia que o Rob
Gol me deu um relógio de presente?”
- “Não, não sabia...”
- “Deu sim... Um dia ele entra no
ABC, carregando uma caixa e diz: trouxe esse presente para você presidente. Presente
para mim, por que, perguntei. Ele riu e falou que era por eu ter ajudado ele a retomar sua carreira contratando-o para o ABC e por nunca ter feito nenhuma
barganha com ele por dinheiro...”
- “O relógio era bonito, um” Mido”,
que nunca usei, mas que guardava com muito carinho... Só que um dia, estourou
um pepino no ABC. Faltava uma determinada quantia para quitar uma dívida. Sem
dinheiro e sem ter a quem recorrer, peguei o relógio e vendi para quitar o
débito. Fiz com o coração partido, mas fiz.”
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