Para onde vai o futebol feminino?
Por José Cruz
A polêmica Medida Provisória 671,
que trata da dívida fiscal dos clubes, tem um artigo criando uma tal de
“APFUT”.
Essa coisa esdrúxula, em nível
de governo, é a “Autoridade Pública de Governança do Futebol” que terá, entre
outras competências, “estabelecer padrões de investimento em formação de
atletas e no futebol feminino, conforme porte e estrutura da entidade
desportiva profissional”.
Atraso
Em recente entrevista à rádio
CBN, o técnico da Seleção Brasileira de Futebol feminino, Oswaldo Alvarez, o
Vadão, demonstrou como estamos muito atrás da realidade de outros países.
Na França, segundo Vadão, existem
mil núcleos de futebol feminino, categorias sub 6 e sub 8 anos, cada um
abrigando cem meninas.
Daqui a 10 anos serão, em termos, 100 mil atletas
profissionais em competições nacionais.
Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Japão,
Suécia, enfim, seguem a receita da “massificação”.
Os franceses estão oferecendo às
garotas a oportunidade de praticarem a modalidade que gostam, sem a
obrigatoriedade de formar atletas.
Mas não há dúvidas de que num universo desse
tamanho fica fácil identificar as talentosas para o futebol.
“Como vamos competir com essas
escolas se aqui não temos o desenvolvimento”? Não temos nem campeonato Sub-20!
Ficamos com foco na Seleção! E, quando vamos competir, levamos atletas sem
experiência, porque começaram a jogar já na fase adulta”, justificou o técnico.
E isso acontece mesmo tendo exemplo como Marta (foto), 30 anos, cinco vezes
eleita pela Fifa a melhor jogadora do mundo …
A dificuldade
Por isso, a Seleção Brasileira
vai para o Mundial de Futebol do Canadá, a partir de 5 de junho com muitas
estreantes em eventos internacionais.
E sabem como a CBF resolve o problema da
falta de experiência das jogadoras?
“Com psicologia”, segundo Formiga, 37 anos,
que vai para o seu sexto Mundial.
“Sabemos que algumas atletas
viajarão para o seu primeiro Mundial, mas a Seleção conta com um trabalho de
psicologia desde o ano passado. Além disso, as jogadoras mais velhas ajudam com
a experiência, para podermos controlar as mais jovens dentro de campo” – disse
Formiga à reportagem do site Rio 2016, do Ministério do Esporte.
Sem incentivar campeonatos
estaduais nem promover nacionais, que poderiam ter jogos preliminares do
masculino, a CBF trava o futebol feminino.
Trata essa modalidade olímpica como
se a arte do jogo da bola fosse exclusiva dos homens, enquanto os cartolas
negam às mulheres o direito de mostrarem com os pés o que já conquistaram com
as mãos, no basquete, no vôlei, no handebol ...
Enfim, diante dessa falta de
iniciativas para uma modalidade que já se mostrou atrativa, mundo afora, e a
omissão do órgão oficial do futebol, o governo se aventura numa real
intervenção no futebol feminino.
Sinceramente, futebol é competência do Estado
ou os políticos no Ministério do Esporte querem ocupar espaço para conquistar simpatizantes
e eleitores?
Nenhum comentário:
Postar um comentário