Petrobras pagou R$ 19 milhões à
Traffic por direitos obtidos com propina
Por Rodrigo Mattos
A Petrobras pagou R$ 19,2 milhões
para a Traffic para patrocinar a Copa do Brasil, de 2011 a 2014, e a Copa
América-2011.
A agência de marketing já admitiu
à Justiça dos EUA que pagou propina para obter os contratos dos direitos sobre
esses campeonatos.
Ou seja, dinheiro público serviu
para abastecer o esquema de corrupção descoberto no caso Fifa ainda que a
estatal não soubesse.
A Traffic tinha os direitos de
televisão, placas publicitárias e outras propriedades comerciais da Copa do
Brasil e da Copa América desde o final da década de 80 e início de 90.
Em depoimento ao Departamento de
Justiça dos EUA, o dono da empresa José Hawilla admitiu ter pago subornos para
ex-presidentes da CBF como José Maria Marin e Ricardo Teixeira (não citado no
inquérito) e dirigentes da Conmebol por esses contratos.
Pelo acordo da Copa do Brasil,
ele pagou oficialmente R$ 55 milhões para a CBF por seis anos, de 2009 a 2014,
isto é, R$ 9 milhões por ano, além dos subornos.
Com os direitos na mão, a Traffic
vendeu placas publicitárias para a Petrobras para 2011 por R$ 3,099 milhões, em
contrato assinado no final de 2010.
Logo depois, em abril de 2011, a
Petrobras assinou novo acordo com a Traffic no valor de R$ 3,5 milhões pelo
patrocínio da Copa América-2011, na Argentina.
Por esse torneio, a agência de
marketing pagou propinas ao então presidente da Conmebol Nicolás Leoz, e a
membros do conselho da entidade.
Ao final de 2011, a estatal de
petróleo estendeu seu contrato em relação à Copa do Brasil, fechando por mais
três anos.
Desta vez, foram R$ 12,6 milhões
por três anos, o que significava cerca de R$ 4 milhões por ano.
Ou seja, só o acordo da Petrobras
bancava quase metade do que a agência tinha gasto com os direitos.
A assessoria da Petrobras
informou que foi a CBF que indicou que a negociação fosse feita com a Traffic
nos três contratos:
“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) atestou à Petrobras que
esta empresa detinha os direitos de exclusividade de comercialização das cotas
de patrocínio para os eventos. Todas as obrigações contratuais foram cumpridas
por parte da Traffic. A Petrobras efetuou os pagamentos devidos nos prazos
estabelecidos nos contratos.''
Assim, foi pago um total de R$
19,2 milhões pela Petrobras à Traffic.
Não foi feita licitação para
nenhum dos três contratos baseado no decreto 274 que libera a concorrência nos
casos de patrocínio ou de fornecedor único:
“Não há obrigação legal de se efetuar um processo de licitação, pois
não é possível haver competição por critérios objetivos'', disse a
assessoria da estatal.
Segundo a Petrobras, o objetivo
foi ter ganho de imagem institucional para seus produtos.
Não há por parte da estatal
nenhum indício de corrupção na contratação, e a petroleira não respondeu se
abriu inquérito para investigar o caso após saber da corrupção nos contratos.
A assessoria da Traffic não quis
se pronunciar.
Outros nove patrocinadores
assinaram acordos com agência de marketing para a Copa do Brasil, todos
privados.
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