Por que a reforma da Libertadores
copia o modelo da Liga dos Campeões
Por Rodrigo Mattos
Com Pedro Ivo Almeida
A reforma da Libertadores tem uma
série de medidas que se inspiram abertamente na Liga dos Campeões.
Não é à toa.
Seu principal objetivo é aumentar
as receitas dos clubes por meio da valorização da competição, buscando
justamente o processo ocorrido na Europa anos atrás.
O pacote de mudanças inclui a
transformação da competição em anual, o aumento do número de participantes,
padronizações para procedimentos de jogo e estádios e possivelmente uma final
única.
Essas alterações terão de ser
aprovadas pelo Conselho Executivo da Conmebol, em reunião no domingo.
A maioria deve passar porque os
países já deram aval a elas.
Primeiro, vamos explicar como se
deram as reformas.
No final de 2015 e início de 2016, clubes de todo o
continente, liderados por argentinos e uruguaios, criaram um grupo para exigir
transparência da Conmebol sobre contratos da Libertadores.
Afinal, três presidentes da
entidade foram presos justamente por levar propinas para ceder esses direitos a
televisões e empresas.
Times brasileiros ainda se
reuniram em separado com a cúpula da Conmebol e pediram mudanças para tornar a
competição mais atrativa e rentável, já que hoje dá menos dinheiro que alguns
Estaduais.
Pressionado, o presidente da
Conmebol, Alejandro Dominguez, além de reajustar os prêmios, contratou a
consultoria Mckinsey para realizar um estudo para aumentar receitas da
Libertadores.
O documento basicamente
recomendou que se seguisse o modelo da Liga dos Campeões em vários aspectos,
dizem fontes que tiveram acesso a ele.
No twitter, Dominguez afirmou que
a emoção do futebol sul-americano era única e negou a cópia:
''Calendário anual busca superar desafios do futebol sul-americano e
melhorar a qualidade, não imitar.''
Só que há muitos pontos em comum
da nova Libertadores com a Liga dos Campeões.
Vejam eles:
– Competição de fevereiro a
novembro, anual e terminando no último mês da temporada.
– Final em jogo único – Está em
discussão e divide opiniões na Conmebol. Mas, se acontecer, será em um sábado
no final de novembro, exatamente como a Liga dos Campeões em maio.
– Aumento do número de clubes –
Já está aprovado o incremento de 38 para 42 times, ainda a definir as vagas. A
Liga dos Campeões tem três fases eliminatórias antes da de grupos e foi inflada
pelo ex-presidente da UEFA Michel Platini que deu chance a países menores. Na
América do Sul, com poucos países, o Brasil deve ser contemplado e ter seis
vagas. Isso é uma diferença entre os dois modelos.
– Eliminados da Libertadores
entram na Copa Sul-Americana – Essa mudança, já decidida, cria uma relação
igual a da Liga dos Campeões e a Liga Europa. Os times eliminados do principal
torneio europeu que ficam em terceiro no grupo têm direito a entrar na segunda
competição em importância.
– Padronização de gramados e
estádios – A Conmebol deseja instituir uma fiscalização para, aos poucos,
melhorar e padronizar os estádios e gramados usados na Libertadores, como
ocorreu na Europa.
– Procedimentos do dia de jogo –
A UEFA tem uma série de medidas padrão para seus dias de jogo da liga: horário
rígido, chegada de delegações, entrada de times juntos, estádios limpos de
publicidade. Há a intenção da Conmebol de adotar um protocolo na Libertadores,
alguns itens de publicidade já estão em vigor.
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